Carreira Dev

13 dez, 2016

Por que ioga e cachorros no ambiente de trabalho não fazem uma cultura

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O título dramático deste artigo foi extraído do livro “The hard thing about hard things”, do Ben Horowitz, que considero como um bíblia para empreendedores, startupeiros e qualquer pessoa que goste do ecossistema do Vale do Silício, portanto indico a leitura (antes de achar que ele odeia cachorros e ioga rsss).

A cultura empresarial tornou-se requisito para novos talentos

Decidi escrever sobre esse tema, pois a cultura empresarial tornou-se requisito na busca da oportunidade de trabalho perfeita e um diferencial para empresas que buscam talentos e precisam diminuir o turnover, porém criar uma cultura empresarial que de fato atraia talentos não tem nada a ver com fornecer aulas de ioga e deixar os funcionários levarem seus cachorros para o escritório.

Como o próprio Ben cita em seu livro, dentro de startups existem muitas ideias boas, originais e também bizarras, mas a maioria não colabora para definir efetivamente a cultura da empresa.

Existe uma grande diferença entre “regalias” e “cultura”. Regalias são boas e devem ser fornecidas sempre que possível, mas não são elas que estabelecem um valor fundamental que impulsione o negócio da sua empresa e ajude a perpetuá-la, pois elas não têm relação específica com o que o seu negócio busca realizar.

Existe uma grande diferença entre “regalias” e “cultura”.

O ideal é que cada elemento de design cultural seja implementado de maneira fácil, gerando consequências comportamentais. Um mecanismo para isso é o valor de choque ou terapia de choque (o nome assusta, mas não gera nenhum trauma =]). Ao inserir algo na cultura da sua empresa que gere uma conversa ou force-os pensar, esse elemento mudará o comportamento.

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A terapia de choque do Facebook e da Amazon.com

Mark Zuckerberg define bem o que o Facebook quer: corra e quebre alguma coisa (Move fast and break things). Ele acredita na inovação e que crê que não há inovação sem grande risco, portando esse lema força todos os colaboradores do Facebook a parar para pensar.

Quando corremos para inovar, é natural quebrarmos alguma coisa ao longo do caminho, contudo se você prefere a perfeição à inovação, não há lugar para você no Facebook.

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Outro exemplo é Jeff Bezos, fundador e diretor executivo da Amazon.com, que definiu que sua empresa iria ganhar dinheiro fornecendo valor aos consumidores, ao invés de simplesmente extrair valor deles.

Para chegar a esse objetivo, no longo prazo, onde se tornaria líder em preços e em serviços ao consumidor, ele não poderia desperdiçar dinheiro, mas em vez de desperdiçar tempo com auditorias de todos os gastos e cair em cima daqueles que gastassem demais, ele decidiu fazer da frugalidade um elemento inalienável da cultura da Amazon.com.

Escrivaninhas feitas com portas.

Isso mesmo! Todas as escrivaninhas, ou mesas de escritório, seriam construídas com material barato, como portas compradas na Home Depot e guarnecidas com pernas.

Elas não são as mais belas e ergonômicas mesas de escritório e também não combinam com o valor de mercado da Amazon.com, que chega a mais de US$ 100 bilhões, mas quando um funcionário novo se surpreende com o seu local de trabalho e sua mesa “improvisada”, a resposta que recebe é sempre a mesma:

Buscamos todas as oportunidades de economizar dinheiro, a fim de podermos entregar os melhores produtos com o menor custo.

Se você não gosta de trabalhar em cima de uma porta, não poderá trabalhar por muito tempo na Amazon.

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Definindo de forma precisa a terapia de choque da sua empresa, assim como fez Mark Zuckerberg e Jeff Bezos, garanta que o mecanismo esteja de acordo com os seus valores, para que assim você possa definir uma cultura empresarial adequada e que levará a sua empresa a fazer o que você quer por muito tempo.

Mas lembre-se: não isole as regalias, pois elas complementam a cultura bem definida e ajudam a aumentar o engajamento e a produtividade dos colaboradores, além do que trazer os cachorros para o escritório é bem legal!

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