Agile

6 dez, 2018

Utilizando o Scrum em um time que não é de desenvolvimento

Publicidade

No artigo de hoje, abri espaço para o consultor de TI e gerente de projetos na Umbler, Jonas Salengue, falar da sua experiência implementando Scrum em times que não eram de desenvolvimento.

Jonas é um profissional com muitos anos de mercado e já trabalhou em multinacionais, como a HP. Recentemente lançou um livro sobre Scrum para equipes de infraestrutura, que está disponível na Amazon.

***

Olá, sou o Jonas, consultor de TI e analista de infraestrutura. Sou um grande apreciador de desafios, e foi dentro de um desafio que tive o contato, na prática, com o Scrum pela primeira vez.

Recebi o pedido de ajuda de um líder de uma equipe de infraestrutura que enfrentava dificuldades para controlar as atividades do dia a dia e projetos da sua área, então decidi apostar no Scrum como solução para este problema.

Antes de relatar alguns detalhes desta experiência, gostaria de agradecer ao Luiz por este espaço. Luiz é, com certeza, uma referência no Scrum com algumas obras excelentes disponíveis na Amazon.

Utilizar o Scrum, independente da característica do time, deve ser um projeto com planejamento e adaptações adequadas. Dificilmente alguém utilizará 100% do que o framework descreve, pois isto acarretaria uma série de complicações, principalmente a resistência e, consequentemente, a desistência das pessoas.

Saber como abordar os conceitos do scrum foi fundamental para que o time de infraestrutura “comprasse” a ideia de utilizá-lo. Para tal, utilizei uma dinâmica na qual descrevo em detalhes no livro.

Porém, resumidamente, trata-se da construção de uma maquete de uma casa utilizando os eventos, papéis e artefatos do framework.

Importante é que para a realização desta dinâmica, não foram utilizados os termos “técnicos” do Scrum. Por exemplo, o backlog do produto: nós o abordamos como “lista geral”; a sprint como “período de execução” e o backlog da sprint como “lista de execução”.

Talvez seja mais interessante no início utilizar palavras e expressões que façam sentido ao pé da letra, pois, para esta experiência, fez toda a diferença. O próprio papel do Scrum Master foi apresentado como “facilitador”, e na execução da dinâmica, o time concluiu o porquê deste nome.

Após este trabalho de construção dos conceitos, garantimos que todos os integrantes do time estavam falando a mesma língua.

Dai sim, começou-se o planejamento para adequar o framework à realidade do time de infra que possui características distintas, principalmente devido ao fato de prestarem suporte.

Ou seja, executarem várias demandas no dia a dia, que concorrem com a execução das atividades planejadas dos projetos da área.

Basicamente, utilizamos os eventos: planejamento da sprint, reuniões diárias, revisão e retrospectiva. Como artefatos, definimos o backlog do produto e o backlog da sprint durante o planejamento desta. Inicialmente eu realizei o papel de Scrum Master, participando ativamente durante as quatro primeiras sprints do time.

Ah, importante lembrar que desde o início utilizamos métricas através da pontuação das atividades com a técnica de planning poker. Essa técnica foi utilizada inclusive na dinâmica da casa para que o time já tivesse contato e fosse desenvolvendo seu poder de estimar e controlar o progresso.

O resultado final desta adaptação do scrum para um time de infraestrutura foi um sucesso. Apesar de ter sido uma consultoria, algo temporário, mantenho contato com o time até hoje e continuam utilizando o framework.

Eles mantêm o controle do progresso dos projetos e demandas utilizando as métricas da pontuação das tarefas, construindo o gráfico burndown para representar as entregas planejadas versus o burnup que representa as demandas que surgem e devem ser atendidas durante as sprints.

Bem, resumidamente, o livro aborda as questões que comentei acima. Porém, é claro, com muito mais detalhes e uma narrativa na qual procurei tornar interessante.

Confiram a obra em www.scrum4infra.com

Abraços e até!

Jonas

***

Resenha

Li recentemente o livro de Jonas (sim, eu estava devendo a leitura deste livro há muito tempo) e ele é bem interessante. Diferente dos livros tradicionais sobre métodos ágeis, o “Scrum em Equipes de Infraestrutura” é uma narrativa interessante das consultorias realizadas por ele e pelo irmão dele a uma empresa, cujo nome e funcionários foram alterados para evitar problemas legais.

Ao invés de ater-se meramente às técnicas, Jonas relata muito bem as percepções dos envolvidos, as ansiedades, angústias e sim, as práticas utilizadas também. Tudo isso de uma forma que viabilizou reproduzir o passo a passo que ele utilizou com o cliente – seja na íntegra ou apenas parcialmente.

O livro é ricamente ilustrado com diagramas, gráficos e imagens de apoio que tornam muito fácil abstrair o que é dito, e principalmente os artefatos utilizados nesta pequena transformação ágil que ele relata.

Não é um livro denso – o que facilita a leitura, mas que pode desanimar quem busca uma resposta para todas perguntas para este tópico tão polêmico que é o Scrum além do desenvolvimento de software. É, sim, uma leitura rápida, envolvente, divertida e muito didática.

Recomendo a quem estiver assumindo a missão de colocar um pouco de métodos ágeis em times que tradicionalmente não vêem valor nessas práticas por não lidarem com desenvolvimento de software.

Deixem seus comentários para o Jonas no espaço abaixo, que eu aviso ele para ler! E caso tenham gostado do artigo, deem uma olhada no meu livro de Scrum e Métodos Ágeis pra aprender muito mais!