Agora que já sabemos como é feita a interligação e configuração para voz sobre ip, vamos falar a respeito de plano de discagem e como podemos manipular este tipo de configuração.
Plano de discagem
O plano de discagem é o que utilizamos para determinar qual o caminho iremos utilizar para encaminhar as chamadas que chegam até o roteador, chamado Dial-peer (ponto de chamada).
Podemos ter 2 tipos de Dial-peer, os de voz (chamado POTS) e os de dados (que podem ser VoIP ou VoFR). Os Dial-peer de voz podem ser de saída ou entrada, pois vamos ver que algumas sinalizações necessitam de Dial-peers de entrada, apesar de que podemos criar um Dial-peer de saída e acrescentar comandos de entrada, dessa forma ele pode ser de entrada e saída ao mesmo tempo.
Antes de começar a configurar o plano de discagem precisamos definir uma tabela com os códigos de localidades, a quantidade de dígitos que terão os ramais de cada localidade e quais serão os dígitos que serão encaminhados ao PABX.
Como criar Plano de Discagem
Os comandos para criar o plano de discagem são:
Desta forma termos uma configuração mais ou menos assim:
Dial-peer de voz de saída:
dial-peer voice 1 pots
preference 1
destination-pattern 11….
port 1/0:0
Dial-peer de voz de entrada:
dial-peer voice 2 pots
preference 1
destination-pattern ….
direct-inward-dial
port 1/0:0
Dial-peer de dados de VoIP:
dial-peer voice 3 voip
destination-pattern .T
session target ipv4:172.168.1.1
ip qos dscp cs5 media
Dial-peer de dados de VoFR:
dial-peer voice 4 voip
destination-pattern .T
session target serial 0 20
Centralizar o plano de discagem
Quando se tem 2 ou 3 sites se falando, torna-se simples construir um plano de discagem, mesmo que seja necessário colocar o plano de discagem nos 3 pontos. Porém, quando se tem 20 a 30 pontos que conversam entre si, torna-se inviável colocar o plano de discagem de todos os pontos em cada ponto, é preciso centralizar. Para centralizar precisamos utillizar o Tandem (para VoFR) ou o Gatekeeper (para VoIP).
VoFR Tandem
Para centralizar as chamadas utilizando Tandem é preciso que em cada ponto remoto, seja acrescentado apenas um “Dial-peer voice n VoFR” onde o “destinattion-pattern” será “.T”, o que identifica que todas as chamadas que não estejam identificadas nos Dial-peers POTS sejam enviadas ao central (session-target apontando para o Central).
No site Central por sua vez deve haver plano de discagem para todas as localidades, por exmeplo site A e site B, é o que garante que as chamadas que chegarem, por exemplo, do site A passe pelo site Central e atinja o site B.
Desta forma a configuração dos sites remotos e do Central ficam mais ou menos assim:
Site A
dial-peer voice 1 pots
destination-pattern 2…
port 1/1
forward-digits all
!
dial-peer voice 10 vofr
destination-pattern .T
session target Serial0 21
Site B
dial-peer voice 1 pots
destination-pattern 3…
port 1/1
forward-digits all
!
dial-peer voice 10 vofr
destination-pattern .T
session target Serial0 20
Site Central
dial-peer voice 1 pots
destination-pattern 1…
port 1/1
forward-digits all
!
dial-peer voice 10 vofr
destination-pattern 2…
session target Serial0 21
!
dial-peer voice 20 vofr
destination-pattern 3…
session target Serial0 20
VoIP – Gatekeeper
Gatekeeper, em resumo é um DNS para voz, que recebe o número da chamada de voz de um ponto de origem, transforma este número da chamada em endereço IP de destino e retorna ao ponto de origem esta informação, esta troca de pacotes utiliza a sinalização H323, trocando mensagens ARQs e LRQs. As mensagens ARQs são trocadas entre Gatekeeper e ponto final e as mensagens LRQs são trocadas entre Gatekeepers e são utilizadas quando existe mais de uma zona (ou domínio) de chamadas.
Para centralizar as chamadas utilizando VoIP Gatekeeper é um pouco mais complicado, inicialmente é necessário eleger o equipamento que será o Gatekeeper que pode ser o site central de voz ou um novo equipamento que fará apenas este papel, conectado ao central de voz via LAN (que é o mais recomendado). O software é outro assunto a tomar cuidado pois deverá ser um IOS com a feature IP/H323. Normalmente utilizamos uma interface LoopBack, configurada com um endereço IP, com máscara fechada que servirá de referência para cada site que terá tráfego de voz VoIP. Inicialmente é necessário garantir que todos os sites envolvidos estejam com as rotas corretas, ou protocolo de roteamento habilitado de forma que todos possam testar via “ping” as LoopBacks garantindo a conectividade entre os sites. Depois da conectividade garantida
começamos a configurar o Gatekeeper.
Já nos sites remotos a configuração é um pouco mais complicada, pois é necessário primeiro criar a comunicação entre o endpoint e o gatekeeper para troca de mensagens ARQs. Depois associar as chamadas remotas ao Gatekeeper, como no exemplo abaixo.
As configurações vão ficar mais ou menos assim:
Gatekeeper
interface Loopback0
ip address 10.50.5.1 255.255.255.255
!
gatekeeper
zone local gatekeeper-spo cpm 10.50.5.1
gw-type-prefix 110* gw ipaddr 10.50.5.2 1720
gw-type-prefix 112* gw ipaddr 10.50.5.3 1720
no shutdown
Endpoint 1
interface Loopback0
ip address 10.50.5.2 255.255.255.255
h323-gateway voip interface
h323-gateway voip id gatekeeper-spo ipaddr 10.50.5.1 1719
h323-gateway voip h323-id alpha@ cpm
h323-gateway voip bind srcaddr 10.50.5.2
!
dial-peer voice 1 pots
destination-pattern 110….
direct-inward-dial
port 1/0:0
forward-digits 4
!
dial-peer voice 2 voip
destination-pattern .T
session target ras
ip qos dscp ef signaling
no vad
Endpoint 2
interface Loopback0
ip address 10.50.5.3 255.255.255.255
h323-gateway voip interface
h323-gateway voip id gatekeeper-spo ipaddr 10.50.5.1 1719
h323-gateway voip h323-id alpha@ cpm
h323-gateway voip bind srcaddr 10.50.5.3
!
dial-peer voice 1 pots
destination-pattern 112….
direct-inward-dial
port 1/0:0
forward-digits 4
!
dial-peer voice 2 voip
destination-pattern .T
session target ras
ip qos dscp ef signaling
no vad
Como Manipular o Plano de Discagem
Destination-pattern – para podermos trabalhar de forma correta o comando destination-pattern precisamos conhecer como funcionam os wildmasks:
Alguns exemplos de como se usa:
Em adição aos caracteres wildcard, os seguintes caracteres também podem ser usados nos destination- pattern:
o Asterisco (*) e sustenido (#) — estes caracteres nos teclados de chamadas padrão podem
ser usados como qualquer destino. Eles podem ser usados como por exemplo *650.
o Cifra ($)– Desabilita o encontro de destinos com tamanhos variáveis.
Temos ainda alguns comandos que nos auxiliam na criação e manipulação do planos de
discagem.
Num-exp – determina uma regra que pode acrescentar ou decrescer dígitos de uma seqüência, é definido na configuração global e toda chamada que chegar ao roteador, seja lá qual for a direção será afetada pelo comando, porém não pode alterar a seqüência:
Ex. num-exp 1234 123456 – Num-exp seq-source seq-destination
Translation-rule – determina regras de tradução. Dentro de uma tradução, pode ter várias regras, esta tradução deverá ser definida na configuração global, porém só será utilizada no Dial-peer que for associado.
Translation-rule number Define um número que se refere a tradução, para se iniciar a criar as regras.
Rule source destination Define a regra com o número encontrado e o número ao qual será transformado, pode-se ter várias rules dentro de um translation-rule.
Desta forma os comandos acima ficam assim:
Router(config)# num-exp 123 123456
e
Router(config)# translation-rule 0
Router(config)# rule 64 66
Router(config)# rule 63 67
Router(config)# rule 62 68
Router(config)# Dial-peer voice 1 POTS
Router(config-dial-peer)# translate-outgoing called 0
Portanto no show running-config:
!
num-exp 123 123456
!
translation-rule 0
rule 64 66
rule 63 67
rule 62 68
!
Dial-peer voice 1 POTS
translate-outgoing called 0
!