A partir da versão 3.5 do LibreOffice, muitas novidades surgiram e vêm surgindo a cada novo microlançamento. Seus componentes introduzem novas funcionalidades ou melhorias, incluindo o programa de desenho Draw e o software de apresentação Impress. Um recurso que era muito desejado e estava em destaque na lista de desejos da comunidade era a capacidade de editar arquivos do Microsoft (MS) Visio.
Os desenvolvedores criaram um recurso de importação para arquivos VSD, e a ferramenta de apresentação agora também tem uma função de importação de objetos de desenho nesse formato. Para testar esses recursos, instalamos o LibreOffice 3.5 (RC3) em um sistema Ubuntu. Antes de instalar, é necessário desinstalar quaisquer versões anteriores como recomendado no wiki. Foram criados dois documentos para testar a maturidade dos recursos: um diagrama de rede criado com o Visio e uma apresentação do PowerPoint com formas editáveis importada para o Impress.
Visio no Draw
O Visio é muito popular em ambientes corporativos e com usuários do Windows. Uma das razões para isso é a interface intuitiva da ferramenta de visualização. Além disso, você pode combinar modelos do Visio com dados de bancos de dados e planilhas do Excel.
Antes desse lançamento, era impossível editar arquivos VSD com um programa alternativo no Windows ou no Linux. A única escolha que os usuários tinham era exportar o documento para um formato diferente. No entanto, isso mudou com a função de importação do LibreOffice no Draw. Os desenvolvedores têm trabalhado duro nessa ferramenta nos últimos meses – e o trabalho duro tem sido um enorme sucesso como meus testes revelaram.
Os objetos predefinidos de desenho do Visio são bastante complicados em muitos casos. O principal objetivo era manter as estruturas vetoriais complexas quando era feita a importação no Draw, e os usuários realmente conseguem trabalhar bem com o conteúdo que o Draw lhes dá depois da conversão (figura 1).

O programa de desenho irá armazenar os arquivos importados como desenhos do formato Open Document (.fodg e sufixo .odg) ou modelos (.otg), ou como desenhos do StarOffice (.sxd) e seus respectivos modelos (.std). Em todas as variantes, ícones agrupados no diagrama de rede são divididos em componentes pelo processo de importação.
Perder o agrupamento acaba por ser um problema quando os usuários abrem o arquivo modificado depois de armazenado. Alguns objetos de desenho, tais como o telefone e o laptop, movem algumas linhas (figura 2), e reagrupar os objetos antes de armazená-los no Draw não resolve o problema – isso exige um pouco de atenção manual.

Aliás, não há caminho de volta para a Microsoft, pois o Visio não poderá abrir qualquer um dos formatos suportados pelo Draw, e exportá-los como gráficos vetorizados (.svg) também não conseguiu retornar resultados utilizáveis. Mas isso é algo com o qual os usuários podem conviver; afinal de contas, o recurso foi anunciado como um filtro de importação e não um filtro de exportação – talvez o filtro de exportação surgirá em algum momento no futuro.
Impress vs. PowerPoint
A lista de novos recursos para o Impress e para o Draw no LibreOffice está documentada por dois screenshots da importação PPTX reforçada com formas personalizadas.
Versões anteriores modificaram muitas das formas personalizadas, e algumas delas simplesmente desapareceram durante o processo de importação. Novas versões, no entanto, mantêm todas as formas criadas no PowerPoint, como você pode ver na figura 3. Mesmo a linha de referência de uma legenda é mantida.

Os usuários podem agora continuar a trabalhar com formas visualmente idênticas. Tamanho e mudanças de posição, além das mudanças nos campos de texto e formas, também poderão ser problemáticos.
Dito isso, as funções 3D em algumas formas complexas são de uso limitado. Por exemplo, você não pode modificar a linha de referência em uma legenda. Se tentar contornar essa restrição, a linha irá desaparecer completamente.
Quando eu tentava salvar uma apresentação desse tipo no Impress, fiquei um pouco decepcionada. Tanto o formato original PPTX quanto ODP nativo modificam o arquivo e alteram as formas até que elas fiquem praticamente irreconhecíveis (figura 4). Uma nota dizendo que o efeito presente no documento pode conter formatação e conteúdo que o programa não pode salvar no formato atual é de pouco consolo.

O Impress promete a capacidade de importar gráficos SmartArt, mas isso também falhou. No PowerPoint, você pode usar objetos desse tipo para adicionar alguma melhoria visual às apresentações. Curiosamente, o usuário pode editar o conteúdo do texto como texto normal e não tem que digitar diretamente no objeto. A nova versão do Impress irá importar gráficos SmartArt, mas perde essa funcionalidade no processo.
Após a importação, o usuário só tem os elementos divididos em objetos gráficos individuais e caixas de texto. É preciso editar os rótulos diretamente no objeto. Isso seria novamente algo com o qual os usuários poderiam viver sem, mas os resultados são devastadores caso você salve, feche e reabra o documento. Os objetos estão longe de ser inteligentes; na verdade, a maioria deles não é. Isso significa que os usuários não têm nenhuma opção para correções manuais.
Conclusão
Os desenvolvedores deram um salto gigante em relação à melhora na função de importação para o Draw. As novas versões do LibreOffice podem abrir arquivos Visio e objetos de desenho, e os usuários podem continuar a editar os seus documentos no Linux.
A impressão positiva chega ao fim quando você olha para o filtro do Impress para arquivos do PowerPoint. A ferramenta de apresentação do LibreOffice pode ser capaz de importar e editar os arquivos, mas não pode salvar os resultados de uma forma utilizável e, quando você reabrir seus documentos, poderá até não reconhecer o que LibreOffice está mostrando.