O mercado de aplicativos é bilionário e, por oferecer os mais variados serviços, tem potencial para mudar a vida das pessoas. Se você é um empreendedor e tem uma ideia interessante, deve aproveitar para entrar no mundo dos aplicativos móveis. Um estudo feito pela Appnation revela que os apps devem movimentar 151 bilhões de dólares em 2017. Mas antes de criar um app, é preciso se informar e ficar atento às várias etapas do processo.
Em um mercado de grande concorrência (só a App Store, loja de aplicativos da Apple, tem mais de dois milhões de apps disponíveis), além de ter uma ideia bem definida sobre o aplicativo que quer lançar, é importante entender como ele será desenvolvido. Ter um projeto detalhado e bem estruturado é primordial para tirar o aplicativo do papel. Sendo assim, reunimos aqui algumas dicas para ajudar na criação de um app de forma planejada.
Identificação de uma demanda a ser solucionada
O primeiro passo para a criação de um aplicativo é ter uma ideia. Os aplicativos servem para resolver problemas rotineiros da sociedade. Os problemas estão por toda parte e, para identificar uma demanda a ser solucionada, é preciso realizar um processo de brainstorming.
Para isso, o ideal é fazer um levantamento dos problemas que têm percebido no seu bairro, na sua cidade, ou mesmo relatados por amigos ou pessoas do seu círculo de relações e, a partir disso, pensar em possíveis soluções. Vale lembrar que optar pela resolução de problemas que tenham escala pode tornar seu aplicativo mais rentável.
Além de identificar a demanda, é preciso fazer a validação da ideia, verificando se ela é real e procurando entender como ela será desenvolvida. Nesse primeiro momento, é válido prototipar a ideia, mesmo que manualmente, para analisar se ela vai funcionar.
Definição das características do aplicativo
Depois de confirmar a escolha do tema do aplicativo e o nicho a que ele vai atender, o segundo passo é definir as principais características do app. Antes de pensar nos recursos básicos e em como ele será organizado, é preciso analisar quem irá usá-lo e com qual finalidade, para então:
- Decidir em qual sistema operacional mobile ele vai funcionar — Android, iOS ou Windows Phone;
- Criar um protótipo usando uma ferramenta wireframe;
- Definir a estrutura de navegação do app;
- Definir o comportamento do app em situações online e offline;
- Levantar questões relacionadas a acessibilidade do app (por exemplo, se o público for daltônico precisa de cores específicas para usá-lo);
- Criar um layout focado no público-alvo (por exemplo, se idosos vão usar o aplicativo, as teclas e letras não devem ser pequenas);
- Usar padrões de interação conhecidos pelos usuários;
- Utilizar a regra dos 3 cliques (toda ação do usuário deve acontecer em no máximo 3 cliques);
- Decidir as integrações.
As características do aplicativo devem ser ditadas pelo core business, lembrando que um bom aplicativo deve ser rápido, dinâmico, oferecer uma experiência agradável ao usuário, além de ter funções e atributos que garantam o bom uso.
Identificação do MVP
Para desenvolver um aplicativo, é preciso pensar no mínimo para que ele funcione, ou seja, no Mínimo Produto Viável (também conhecido como MVP, em inglês). Criar um app pensando em como ele pode ser completo pode atrapalhar o processo. O objetivo é focar o MVP, as principais funcionalidades e os requisitos e recursos essenciais.
Entregar ao usuário um app 100% completo pode ser um erro, já que ele provavelmente não usará tudo que o aplicativo oferece. Uma boa experiência não é sinônimo de uma prática completa, mas sim amigável. O ideal é colocar o app no ar, focado no MVP, para testar a adesão, modificando-o continuamente até alcançar as necessidades reais do usuário.
O objetivo é oferecer apenas os recursos centrais do aplicativo. Construir recursos elaborados e demorados vão atrasar e encarecer o desenvolvimento da primeira versão do app. Durante a evolução do aplicativo, será possível adicionar novos recursos e atualizá-lo à medida que forem constatadas novas necessidades dos usuários.
Definição da estrutura de dados
O aplicativo não é só interface; é preciso estruturar todas funcionalidades para que ele funcione perfeitamente. Para definir a estrutura dos dados, é fundamental considerar todos os detalhes do seu negócio.
A estrutura mínima do app envolve a criação de tabelas e de diagramas de: entidades e relacionamentos; fluxo de dados; armazenamento de arquivos binários; imagens; vídeos; entre outros. Além disso, é preciso decidir se a estrutura estará apenas no smartphone ou na nuvem.
Design da interface
O design da interface diz respeito à construção do aplicativo, de acordo com a perspectiva do usuário. É o momento de criar o wireframe, um protótipo que vai sugerir a estrutura do aplicativo. É uma ilustração que vai apresentar os elementos fundamentais da interface — páginas e relacionamento entre elas. Essa etapa envolve a criação das telas, do layout, de como vai funcionar o fluxo da navegação e qual será a interação entre as telas.
É importante destacar que o design do aplicativo é a principal informação para o usuário que irá percebê-lo e experimentá-lo. Preocupar-se com o visual do aplicativo é uma forma de tornar útil a tecnologia criada.
Integração com as ferramentas necessárias
Além de definir a estrutura de dados e o design da interface do aplicativo, é preciso verificar quais ferramentas serão necessárias para analisar resultados e controlar o uso do aplicativo.
Ferramentas para análise de acesso, gestão de erros e banco de dados online, disponíveis na plataforma Firebase do Google, são essenciais para entender o comportamento do usuário e avaliar quais funcionalidades do app são realmente úteis. Essas ferramentas contribuem para a detecção de erros em tempo real e a produção de relatórios dos problemas, para que seja possível corrigi-los com maior agilidade.
Além das ferramentas de análise, a integração com outras plataformas vai ajudar a escalar o aplicativo, viabilizando um banco de dados em real time, downloads e tratamento de imagens, geolocalização e pagamentos.
Desenvolvimento de códigos e funcionalidades
Este é momento de desenvolver a plataforma do app. Para codificar os sistemas, é preciso uma Integrated Development Environment (IDE), ou seja, um ambiente integrado para o desenvolvimento do software. O mais importante é decidir a melhor plataforma para atender ao público do aplicativo. Pode ser interessante optar por uma IDE que gera código para várias plataformas — como é o caso do Xamarin —, ou uma IDE híbrida — um app que é metade nativo e metade web.
Para fazer o aplicativo funcionar, é preciso estar atento, pois cada sistema operacional mobile exige uma linguagem específica. O sistema Android tem a linguagem Java, o sistema iOS funciona com a Swif/Objective C e o Windows Phone com a linguagem C#.
Atualização gradativa de novas funcionalidades
Assim, depois de desenvolver os códigos e as funcionalidades da versão inicial, é possível testar, analisar e modificar constantemente os recursos do app, de acordo com a análise da experiência do usuário.
Caso se perceba a necessidade, os recursos podem e devem ser atualizados, assim como outros podem ser criados para as novas versões. Basta incluí-los em um documento de especificação, a fim de fazer o acompanhamento da organização estrutural do app.
A criação de um app está envolvida em um ciclo evolutivo. Sempre que uma nova versão é implementada, ela deve ser testada e, de acordo com a experiência do usuário, será possível pensar em novas funcionalidades e melhorias das existentes. Stores como a Google Play permitem que sejam criados usuários beta e que seja feita a distribuição da atualização em formato de stagged rollout, de forma que eles a recebam e assim seja possível detectar algum tipo de erro ou avaliar o uso da funcionalidade sem gerar muito impacto.
Estes passos podem ajudá-lo a criar um app de forma organizada e eficaz. Caso esteja interessado em começar a sua jornada em desenvolvimento mobile, conheça o programa Nanodegree Android Basics da Udacity.