Desenvolvimento

7 dez, 2016

Minimizando riscos ao desenvolver jogos para VR and AR

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Escrevi este artigo para compartilhar algumas dificuldades e possíveis soluções em virtual and augmented reality. É um texto um tanto quanto “romântico” sobre o quanto estamos dispostos a correr riscos quando o nosso “porque” é muito forte.

16 anos desenvolvendo jogos e a dificuldade sempre foi a mesma: ser notado em meio a uma infinidade de novos jogos com cada vez mais qualidade.

Logicamente, com o tempo vamos nos aperfeiçoando e cometendo menos erros, porém mesmo com um ótimo jogo e fazendo toda a lição de casa, ainda precisamos de sorte para conquistarmos nosso espaço.

Esperança

Se tem uma coisa que pode contar muito a nosso favor, mas que é preciso ter uma certa sensibilidade apurada, é entender o “timing” perfeito.

Se conseguirmos identificar o momento certo para necessidades ou tendências, e esta oportunidade estiver alinhada com satisfação pessoal, ser notado começa a se tornar um monstro menos difícil de ser derrotado.

Mudança

A indústria de entretenimento é muito dinâmica, e uma grande mudança esta acontecendo neste exato momento. Ano que vem, uma série de novos devices de realidade virtual e aumentada estarão presente em nosso dia a dia. Mais que apenas um novo sensor, como o Kinect, por exemplo, diversas empresas de peso já se posicionaram a favor e estão investindo pesado, como Facebook, Sony, Microsoft, HTC + Steam, Samsung, Google, Epson, Apple (já registrou patente), entre diversas outras empresas com devices mais de nicho – seja em realidade virtual, ou aumentada.

Ainda há tempo para sermos notado pela “novidade” neste novo “gênero” que VR e AR representam. Se perdermos essa janela, precisaremos identificar qual será a próxima “tendência”.

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Dificuldades

Mesmo com o “timing” perfeito, nem tudo são flores: aconselhar desenvolvedores a investir nessa área é quase mandar um soldado para uma missão suicida, pois a base instalada dos novos devices é praticamente inexistente e ela começará a ser formada apenas no ano que vem. Ninguém sabe, ao certo, quanto tempo ela levará para ser consolidada.

Desenvolver um jogo indie mirando neste mercado é um risco altíssimo.

Por que?

Na Ovni Studios sempre fomos apaixonados por realidade aumentada. Com o anúncio do Hololens, ficamos extasiados. Há muitos anos não nos sentíamos tão animados em ver a indústria tão revitalizada.

Desde então, sabíamos com convicção que faríamos jogos para essa plataforma.

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Mas como todos sabem, o Hololens é um projeto top secret, e apenas poucas e privilegias empresas possuem acesso a seu hardware.

Orientar a empresa para esta plataforma seria suicídio, pois o Hololens, ou qualquer óculos de RV ou RA, precisará de um bom tempo para consolidar uma base instalada para justificar investimento. A própria Microsoft declarou que levará pelo menos 5 anos para se consolidar e que, inicialmente, investirão mais no mercado corporativo ao invés de entretenimento.

Outro ponto será seu preço, pois sabemos que a sua primeira versão será um pouco mais cara por ser standalone, diferente de outros óculos ligados a consoles ou computadores.

Antes de prosseguir com nossa possível solução, me permitam apresentar brevemente nosso primeiro título utilizando nossa abordagem “all in one“:

Peronio Pop-up Book

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O que você quer ser quando crescer?

PERONIO é um livro pop-up interativo nunca visto antes!

Diferente de outros jogos ou livros de pop-up interativos, Peronio possui uma proposta muito criativa e inovadora de usabilidade, combinando realidade virtual e aumentada em uma única experiência que você nunca mais vai esquecer!

É esta magia que tornam as crianças tão especiais e nesse aspecto a tecnologia atual ajuda muito.

Solução?!

Desistir? Certamente não! E como podemos diminuir o risco? Qual a possível solução?

É nesse momento que morar em países emergentes como o Brasil, onde temos um cenário tão adverso, com impostos altíssimos, passando por uma crise atualmente, nos obriga a ser criativos e diminuir riscos ao máximo.

Nossa solução foi investir em RV e RA para mobile e utilizar as “novas” tecnologias, como gameplays opcionais. Mesmo para mobile, obrigar o jogador a ter um óculos – mesmo um de baixo custo, como o Google Cardboard – é algo que limitaria muito nossa receita.

Em questão ao design, a dificuldade é enorme em ter um jogo divertido e relevante tanto para quem gosta de RV e RA, quanto para quem não gosta. Se resolvermos essa equação, e o jogo estiver acima das tecnologias utilizadas, as pessoas seriam impactadas da forma correta, sem serem obrigadas a jogar de forma X ou Y. Tornando o jogo uma ótima entrada para estes novos universos.

“Tudo em um” modos de jogo

Você pode jogar Peronio de diversas formas, com ou sem óculos de realidade virtual:

  • Touch Screen tradicional;
  • Realidade aumentada;
  • Realidade aumentada com toque virtual;
  • Realidade virtual;
  • Realidade virtual e aumentada juntos;
  • Realidade virtual e aumentada juntos com toque virtual.

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Virtual Touch

Os smartphones atuais não possuem “ainda” sensores para mapear as mãos e o ambiente ao seu redor, como o Hololens por exemplo. E exigir que os jogadores comprem os sensores adicionais para seus smartphones é inviável.

Por isso, visando os óculos full feature com tracking de mãos e superfícies, desenvolvemos uma tecnologia via software para que os jogadores pudessem, de fato, “tocar” os elementos na cena com seus dedos.

Não é uma solução perfeita, como a utilização de hardwares desenhados especialmente com essa finalidade, mas já é possível ter uma experiência parecida como a encontrada no Hololens.

Assim que novos smartphones chegarem ao mercado com esses novos sensores nativos, nós os utilizaremos imediatamente.

Timing” novamente

Em 2016, diversos óculos serão lançados e eles precisarão de conteúdo. É para este mercado que estamos mirando.

Tudo nos indica que estamos no caminho certo, pois fomos finalistas do Unity Awards. Estarmos ao lado de empresas como Toca Boca e Madfingers é realmente uma honra para nós. Fomos finalistas também do Vuforia™ Vision Awards, e também fomos finalistas do BIG – Brazil’s Independent Games Festival.

É isso aí!

Por que esperar pelo Hololens para criar jogos VR e AR?! A experiência mobile certamente não é a mesma, mas também é incrível de formas diferentes.

Quando o Hololens ficar público, conseguiremos portar o jogo de forma extremamente rápida.

Ficou curioso?

Baixe o Peronio no Google Play, Apple Store, Oculus Store (Gear VR) agora mesmo! Portes para Daydream, Hololens, Vive e Oculus Rift estão em desenvolvimento.

Dúvidas e comentários, direto no twitter @tiagoam

Sobre o autor

Tiago Moraes, apaixonado por desenvolvimento de jogos, trabalha na área desde 2000. Em 2007 fundou a Ovni Studios, um estúdio independente onde atua desde então. Foca atualmente em Mix Reality. Possui mais de 100 jogos publicados, sejam eles autorais ou advergames, que acumulados somam mais de 1 milhão de downloads. Seu mais recente título que utiliza Realidade Mista é o premiado Peronio Pop-Up Book.

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