Desenvolvimento

18 jan, 2017

Blockchain para uma web descentralizada

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A Internet já nasceu descentralizada. A web, por sua vez, popularizou o conceito de uma rede distribuída, possibilitando que qualquer um tivesse voz por meio de uma página na rede: todos poderiam compartilhar suas ideias e pensamentos, sem filtros, nem barreiras geográficas. Foi uma revolução tão grande, que nem sempre nos damos conta dela. Nenhuma outra mídia, até então, ofereceu esta possibilidade: o mesmo potencial tanto para consumir, quanto para criar conteúdo.

Os blogs vieram somente alguns anos mais tarde, quando plataformas de CMS como o Blogger e WordPress diminuíram ainda mais a barreira de entrada, eliminando a necessidade de saber HTML para ter uma página e expressar-se na web. A “blogosfera” era um conjunto de nós ligados por links, sem um servidor central, onde cada um possuía total controle sobre os seus dados.

Hoje, porém, serviços como Google e Facebook concentram muito da experiência que é feita a partir do que é compartilhado e consumido na web. Há quem se preocupe com isso. O Facebook atingiu recentemente 1.7 bilhão de usuários, o que equivale a, aproximadamente, a população de todo o planeta há 100 anos. Competir com um serviço dessa magnitude torna-se uma tarefa quase impossível, o que acentua a concentração de um imenso volume de dados na mão de um único player, onde a principal moeda de troca são as suas opiniões, fotos, vídeos e hábitos de navegação.

Pensando nisso, algumas alternativas começam a surgir com o intuito de diminuir essa concentração e proporcionar ao usuário um maior controle sobre seus dados. Boa parte delas se baseia no blockchain (ou cadeia de blocos), a estrutura de dados que constitui o alicerce do Bitcoin, uma moeda virtual e “peer-to-peer” que não pode ser “desligada” facilmente, justamente porque opera de forma distribuída em uma rede que conta hoje com milhões de nós.

Uma dessas alternativas é o Zeronet, que possibilita hospedar um site sem que seja necessário fazer uso de um servidor, pois o conteúdo é armazenado no blockchain, acessível a qualquer um, mas cuja chave criptográfica apenas o autor possui, permitindo que somente ele faça alterações no site.

Outra opção é o IPFS, que possui uma abordagem semelhante, distribuindo as páginas através de um serviço que versiona cada uma das alterações de forma semelhante ao GIT e permite que o conteúdo histórico de um determinado site não se perca com o passar do tempo.

Apesar de não terem a pretensão de desbancar os gigantes da Internet, projetos como esses apontam para uma eventual saída que seja capaz de reequilibrar as forças na rede. Vale a pena conferir melhor cada um deles.

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Texto publicado originalmente na Revista Locaweb #63