Imagine que você está desenvolvendo um projeto incrível, tudo parece funcionar bem, mas, com o tempo, aquela pequena função que parecia inofensiva se transforma em um monstro difícil de entender e manter. Se você já passou por isso, pode ter sido vítima de um code smell.
Mas calma, isso não significa que seu código está quebrado—pelo menos não ainda. Code smells são sinais sutis (ou nem tanto) de que algo pode estar errado na sua base de código. Se não forem tratados, esses problemas podem se acumular e causar dificuldades na manutenção e evolução do sistema ao longo do tempo.
A grande pergunta é: você tem um bom faro para detectar esses sinais antes que eles se tornem grandes dores de cabeça? Vamos explorar como identificar code smells e eliminá-los antes que tomem conta do seu projeto.
O que é um Code Smell?
O termo code smell foi popularizado por Martin Fowler e refere-se a padrões no código que indicam um design de software ruim ou uma implementação que pode causar problemas a longo prazo. Eles não são bugs propriamente ditos, mas sim sinais de alerta de que algo pode – e provavelmente vai- dar errado se não for tratado.
Um code smell pode se manifestar de diversas formas, como:
- Métodos gigantescos – Aquela função que cresce sem controle e se torna impossível de entender ou modificar. Isso costuma ser um indicativo de que o método está fazendo mais do que deveria.
- Nomes ambíguos – Variáveis chamadas de x, data, ou temp, que não indicam claramente o propósito ou o tipo de dado que estão manipulando. Isso dificulta a legibilidade e o entendimento do código.
- Duplicação de código – O mesmo trecho de código repetido em várias partes do sistema, o que torna a manutenção mais complexa. O famoso “copy-paste programming”.
- Acoplamento excessivo – Quando mudanças em um módulo do sistema afetam diretamente várias outras partes do código. Isso cria uma interdependência difícil de gerenciar e aumenta a probabilidade de bugs.
- Classes que fazem tudo – Classes que assumem tantas responsabilidades que acabam se tornando verdadeiros “canivetes suíços” desorganizados, dificultando o entendimento e a modificação.
Como desenvolver um bom faro para code smells?
1. Leia e revise seu código com frequência
Quanto mais tempo você passa sem revisar um trecho de código, mais difícil fica perceber quando algo está errado. O ideal é realizar revisões constantes. Tenha uma abordagem crítica ao revisar o código: pergunte a si mesmo se há algo que pode ser simplificado, renomeado ou dividido em componentes menores.
No Asaas, esse ritual faz parte do dia a dia das equipes de tecnologia. Seguindo a “Lei do Escoteiro” como princípio de refatoração, os times buscam sempre deixar o código mais limpo e organizado do que o encontraram. Esse processo pode envolver desde ajustes simples, como renomear variáveis para melhorar a legibilidade, até refatorações mais estruturadas, realizadas em momentos planejados, como no Refactor Day. Com essa prática, a codebase evolui continuamente, tornando o desenvolvimento mais fluido e eficiente para todos.
2. Peça feedback
Code smells podem ser difíceis de perceber quando você está imerso no código. Uma ótima maneira de identificar esses problemas é pedir feedback de outros desenvolvedores. Eles podem perceber padrões problemáticos que você não viu, especialmente se tiverem mais experiência ou uma perspectiva externa.
3. Automatize verificações de qualidade
Ferramentas de análise estática como SonarQube, ESLint, e Pylint ajudam a identificar padrões problemáticos no código, tornando a detecção de code smells mais rápida e eficiente. Elas podem flagrar duplicação de código, métodos excessivamente grandes, e até mesmo mau uso de variáveis. Automatizar essa tarefa permite que você se concentre em melhorar a qualidade do código sem precisar fazer tudo manualmente.
4. Aplique princípios de boas práticas
Técnicas como Refatoração, SOLID, Design Patterns e Clean Code ajudam a prevenir e corrigir code smells antes que eles se tornem um problema real.
A refatoração, por exemplo, é a prática de melhorar a estrutura do código sem mudar seu comportamento, eliminando code smells e tornando o código mais legível e fácil de manter. Já o SOLID e os Design Patterns fornecem diretrizes valiosas para criar sistemas modulares, flexíveis e de fácil manutenção.
Farejando (e eliminando) Code Smells na prática
Agora que seu faro está mais apurado, que tal um desafio? Tente revisar um código antigo que você escreveu e veja quantos code smells consegue identificar. Será que você encontra:
- Métodos muito grandes?
- Classes que fazem tudo?
- Nomes pouco descritivos?
Melhor ainda: que tal implementar um processo contínuo de refatoração no seu time? Isso ajuda a evitar que code smells se acumulem e, com o tempo, torna o código mais limpo e saudável.
Se você ainda não tem um processo de revisão contínua, talvez seja o momento de pensar em como adotar boas práticas de desenvolvimento, como revisões de código regulares ou até mesmo pair programming, para garantir que o código esteja sempre em boa forma.
Além disso, é importante priorizar a qualidade do código em todas as fases do desenvolvimento, desde o planejamento até a entrega. Code smells podem ser pequenos no início, mas se não forem tratados, eles se transformam em grandes problemas no futuro.
E aí, seu faro para code smells está apurado? 🚀
Este artigo é de autoria de Joás Garcia e Felipe Effting que fazem parte do time de engenharia do Asaas, uma fintech que oferece soluções para automatizar as atividades burocráticas das empresas. Conheça o novo mundo Asaas!