Carreira Dev

22 out, 2009

É necessário balançar a árvore. E mudar a metodologia?

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Há mais ou menos dois anos um amigo me enviou um artigo sobre os princípios de liderança do MSF (não tenho certeza mas acho que é este) e no texto havia uma história muito interessante sobre a tartaruga em cima da árvore, que dizia assim:

Diz a lenda que um homem desembarcou numa ilha e viu uma tartaruga em cima da árvore. Como ele sabia que tartarugas não sobem em árvores, começou a escalar a árvore para retirar a tartaruga. Quando estava quase colocando a mão nela, recebeu uma flechada pelas costas e morreu. Moral da história: não tente derrubar tartarugas em cima de árvores, quem as colocou lá vai te derrubar antes.

Não é objetivo deste artigo comentar sobre essa historinha, mas o fato é que a partir daí é possível visualizar uma série de tartarugas em cima das árvores no dia-a-dia e, com isso, tomar uma postura diferente diante das situações. Essa nova postura provoca mudanças radicais e resultados impressionantes. Sempre digo que é necessário balançar a árvore, ou seja, não se conformar com as coisas da forma como elas são, simplesmente porque são feitas daquela forma e pronto.

Em diversos momentos da história, seja envolvendo TI ou não, são colocadas tartarugas em cima da árvore. Pense no modelo econômico que acabou por gerar a crise que estamos passando. Pense no modelo adotado pela GM e FORD para produção de automóveis.

Trazendo para o nosso mundo (TI), temos uma situação clara que está balançando a árvore: falo sobre a utilização de metodologias e práticas ágeis para o desenvolvimento de software. Quando pesquisamos sobre o assunto na Internet chegamos a diversos artigos que infelizmente demonstram a ignorância do ser humano, seja daqueles que apoiam, seja daqueles que não apoiam (e apenas para deixar claro, eu apoio!). Ignorância por causa do radicalismo das partes, acusações, extremismos etc.

Do lado das pessoas que apoiam o agora famoso Agile, chega-se a dizer sobre o fechamento de empresas multinacionais pela não adoção dessa prática. Ouvi pessoas dizendo que é necessário acabar com tais empresas e vivermos em um mundo composto apenas por empresas/equipes de 7 pessoas…

Do lado dos que não apoiam, falam que não é possível desenvolver softwares sem carregar nas costas um processo pesado e formal, e que métodos ágeis tornam o processo “solto” e assim as pessoas não trabalham…

Não estou aqui para defender os métodos ágeis, mas um fato não podemos negar: é necessário balançar a árvore. Durante muito anos foram desenvolvidos software sem preocupação com os três pontos principais do processo: o resultado esperado pelos usuários que demandaram, os desenvolvedores e, principalmente, com o valor gerado pelas aplicações. Sobre este último é necessário destacar a importância do BPM.

Soluções extremamente técnicas foram apresentadas aos usuários sem se preocupar com o impacto disso na vida deles, assim como ignorando, projeto após projeto, os custos e riscos envolvidos no processo. Foram colocados desenvolvedores sob pressão para o desenvolvimento de funcionalidades que não agregam absolutamente nenhum valor ao usuário e ao negócio que eles representam.

Durante anos foram desenvolvidos softwares de uma maneira, no mínimo, sem responsabilidade, e posso afirmar isso sem medo nenhum, tendo como base em números:

Semana passada ouvi que 64% dos projetos de TI do governo brasileiro falham, isso quer dizer 3,84 bilhões por ano.

Com certeza esta situação não é culpa dos métodos existentes e aplicados, mas sim das pessoas envolvidas. Portanto, defendo que precisamos discutir mais o assunto, acabar com acusações xiitas. Poucas vezes vi um palestrante certificado PMP participar de um evento sobre Agile, assim como poucas vezes vi um palestrante adepto ao Agile palestrar em um evento do PMI, por exemplo.

Daí me pergunto: será que as pessoas compreendem mesmo os princípios por trás do Agile? Será que as pessoas sabem selecionar e aplicar as práticas sugeridas e relatadas por metodologias não Agile? Sinceramente DUVIDO!!!

Estamos em um momento de MODA, e temos dois grupos bastante distintos: os que apoiam e que não apoiam.

No projeto que tenho trabalhado temos os diversos mundos misturados, e talvez seja esse o ponto que tem gerado sucesso. Temos uma pessoa certificada PMP, um implantador MPS.BR, defensores do RUP, evangelistas Agile. Todos se respeitam e trabalham para alcançar os objetivos do projeto.

Acredito nos métodos ágeis porque dá o foco em quem, e na minha opinião, pode resolver o problema citado: usuários (através de sua aproximação com o projeto), desenvolvedores através do trabalho comprometido e geração de valor. Se para isso a solução é adoção de uma ou outra metodologia, sinceramente não importa. No meu caso, Scrum + XP + TDD tem funcionado bem mas, se não tivesse, já teríamos mudado.

O essencial é abrir a discussão para chegarmos ao modelo que é ideal para determinado momento, até porque sabemos que no futuro esta será a nova tartaruga em cima da árvore, tentarão derrubá-la, e provavelmente nós seremos as pessoas escondidas para tentar salvar nossa idéia dando flechadas nas costas dos novos empreendedores…

Foi assim com a própria internet, RUP, orientação a objetos, BPM, mobilidade e outras novidades.

Se você gosta da idéia de criarmos fóruns para discutir o assunto, divulgue este pensamento em sua rede de relacionamento, sugira aos organizadores de eventos e instituições que promovem o conhecimento essa conversa sadia.