Em 2015, então com 25 anos de idade e quase 10 anos trabalhando com C#, resolvi estudar para tirar uma certificação nesta tecnologia. Mesmo com toda essa bagagem e estudado pelos materiais oficiais da fabricante, os simulados tinham um nível de dificuldade muito acima do que eu conseguia responder. Vou contar aqui como me preparei para a prova, e conquistei minha certificação Microsoft em três meses.
Hoje as certificações técnicas dividem opiniões. Há empresas que não olham outra coisa; há profissionais que as valorizam acima de todo o resto; e há até quem duvide dos métodos e segurança do exame. Ainda neste artigo vou compartilhar a minha opinião sincera sobre certificações.
A minha primeira foi um MCP (Microsoft Certified Professional) de especialista em C#, com a qual já trabalhava diariamente havia anos. Mesmo assim, olhando para trás eu noto diferenças curiosas entre o desenvolvedor sênior tarimbado que eu era antes, e o desenvolvedor certificado após o exame. Vamos entendê-las.
Independente do assunto, eu costumo usar um roteiro de estudos ao aprender qualquer coisa: primeiro procuro um material dos mais simples para começar. E depois parto para os avançados e, quando for o caso, simulados.
Dito e feito, comprei na Amazon um livro oficial do exame, li com calma e comecei a fazer simulados na internet. Qual foi a minha surpresa senão tomar um pau memorável logo de início? Daí, tirei alguns achados muito úteis a quem pleiteia qualquer certificação:
- Os livros-base não servem para “aprovar” o estudante no exame. Eles só dão uma pincelada nos assuntos cobrados pela prova. Porém, o grau de
detalhamento exigido é incomparavelmente maior;
- As questões trazem nas entrelinhas detalhes que só são percebidos por quem tem sólida experiência prática. Portanto, não adianta apenas conhecer namespaces para fazer a prova;
- Resolver questões também é uma habilidade – talvez a mais cobrada no exame. Então, por mais que você conheça o assunto, é imprescindível fazer o maior número de simulados possível para pegar “o gingado” da prova. Isto é, aquelas pegadinhas que vem disfarçadas nas entrelinhas.
Cada pessoa tem seu próprio jeito de estudar, e o roteiro citado é apenas aquilo que descobri funcionar para mim. Se você tem dificuldades aparentemente intransponíveis ao estudar para a sua certificação, não se desespere! Provavelmente é só questão de descobrir o seu jeito específico de estudar.
A boa notícia é que, quando se trata de certificações técnicas, algumas estratégias ajudam muito. E eu vou compartilhar o que me ajudou nessa e em todas as minhas certificações:
- Ao estudar, é de grande ajuda fazer sessões hands-on. Isto é, testar o conhecimento adquirido na prática, e também possíveis variações, forçar erros, etc. Fuçar o máximo possível nos detalhes do assunto, e até do vizinho. Essa curiosidade lhe renderá um conhecimento muito mais profundo e abrangente do que o impresso no livro;
- Errar questões é ótimo, desde que você pesquise incansavelmente até entender porque errou (qual informação faltou). Às vezes o material não dá uma resposta satisfatória, e é preciso pesquisar em outras fontes, ou mesmo fuçar na ferramenta até entender;
- Há enunciados que realmente são mal explicados (talvez de propósito) e até os professores discordam, mas o fabricante entende que a questão está bem formulada… Nesses casos, o melhor que podemos fazer é conhecer o estilo da questão para acertar na prova, entendendo-a ou não;
- Não ter pressa. Parte da avaliação é saber lidar com as questões, como se fossem um jogo. E somente o treino exaustivo em simulados de várias fontes diferentes vai lhe dar segurança para vencer;
- Obviamente, é imprescindível encontrar simulados de fontes diferentes na internet.
Certificações realmente fazem profissionais melhores? Eu acredito que existem muitos outros detalhes num ser humano além de siglas conquistadas em provas de múltipla escolha.
Por mais fútil que a certificação possa parecer para alguns, o processo de preparação acaba revelando ao estudante coisas que dificilmente ele aprenderia “na raça”. Afinal, as empresas de tecnologia querem formar profissionais que saibam utilizar seus produtos corretamente, sem gambiarra, e empregando os recursos certos nas situações certas.
A quantidade de detalhes e recursos “escondidos” que descobri estudando o C# foi fantástica, e me ajudou muito no meu dia a dia como desenvolvedor. Mesmo depois de 10 anos lidando com .Net, a qualidade do meu trabalho foi a outro patamar com os estudos – com os estudos.
Após ler o livro, eu dediquei todos os meus finais de semana a ficar fazendo simulados. Cada erro desencadeava uma série de experimentos no Visual Studio para compreender possibilidades adicionais do recurso em questão. Também pesquisava bastante para conhecer as outras classes da mesma namespace do recurso que tinha caído na pergunta.
Marquei minha prova para um sábado, na Ka Solution da Libero Badaró, no centrão de São Paulo. Era o primeiro dia das minhas férias, e faltava uma semana para o Natal. Estava eu decidido a cumprir a última meta do ano para fechá-lo com chave de ouro. Pelo que me lembro, fui aprovado com nota 953, numa pontuação de 0 a 1000.
Concluindo: os títulos, por si só, não fazem diferença alguma além de ocupar espaço no currículo. Mas o conhecimento adquirido ao estudar, principalmente com materiais oficiais, é o ouro da jornada.
Outro detalhe é que essas siglas emitem sinais a líderes e recrutadores. E o principal deles são as horas de estudo, prática, evolução e busca por se tornar um profissional diferenciado dos demais.