E lá vamos nós de novo! Houve um zum-zum-zum por aí onde se comentou que o Twitter estava (está, sei lá) trocando Ruby por Scala
que o mundo quase acabou. Teve gente que, se estivéssemos na idade
média, com certeza iria munida de cruzes e tochas na sede do Twitter
para tentar queimar tudo, bando de hereges. Literalmente choveram textos sobre isso na web, que eu acho que nem compensa linkar por causa de
todo o ruído que causaram, com exceção notável desse aqui do Ronaldo Ferraz,
onde, como sempre, ele elabora o tema muito bem, mas eu sou mais tosco
(como sempre). Quis fazer esse um pouco mais direto, pois isso já está
enchendo o saco.
Que mal tem o Twitter trocar de Ruby para Scala (ou whatever)?
Isso vai te afetar? Só se você trabalha no Twitter e não sabe
programar em nada além de Ruby e está com preguiça de
aprender alguma coisa nova, o que é uma vergonha se você tem a oportunidade.
Bom, eu não trabalho no Twitter, e acredito que muita gente que está
lendo isso também não, então qual é problema? Precisa de todo
esse auê?
“Ah, mas isso pode queimar o filme da linguagem, dizendo que ela não
escala, não aguenta o tranco, consome muitos recursos blá blá blá”. Ok,
vamos lá.
Quem programa na linguagem (ou em qualquer outra) e gosta
do que ela faz e dos seus recursos não precisa se preocupar em
“queimação de filme”. Isso é coisa de modinha. Talvez só se precisar
entrar em um processo de convencimento da linguagem e/ou tecnologia
para o chefe, que pode ser aquele tipo que toca toda a TI da
empresa baseado em folders que recebe pelo Correio (sim, esse pessoal
investe em papel bem bonito, nada de email), por muita grana e por
notícias que ele vê em sites especializados. E talvez essa notícia nem saia lá,
então fique tranquilo.
Só fica “noiado” quem investe muito em uma “aura santa” da dita cuja
e pode perder dinheiro e status (ah, esse talvez mande até mais do que
o primeiro) se ela deixar de ser “cool”, de ficar em evidência, se
carregar o mínimo arranhão sobre o que alguém disse sobre ela. Aí se
cria todo esse auê, onde o marketing excessivo acaba saturando e
remendando a situação. Afinal, mesmo que não se chegue à uma conclusão
o ruído foi criado e pode ser utilizado para disfarçar a coisa. Você
não vai querer ser superficial desse jeito, vai? Olhe o que aconteceu
com toda a aura que o Java tinha nos últimos anos. Na AURA, eu disse,
não na tecnologia!
Vejam bem, eu escrevi um livro sobre a linguagem e fico divulgando
ela por aí, mas NUNCA vou fazer um barulho desses se alguém disser
“migrei de Ruby pra XYZ” (ok, eu posso ficar inconformado se você for
para ASP ou coisa do tipo, mas aí a discussão é, além de técnica,
filosófica, e é outra história) e não vejo necessidade de ficar provando
que ela é melhor que as outras. Putz, parece que xingam
a mãe quando dizem que vão fazer uma migração, quando dizem que não
gostam da linguagem ou que ela tem as suas limitações. TODA linguagem
tem suas limitações, qual é o problema?
Apesar de ser grande utilizador e, por que não, “evangelizador” da
linguagem, eu prefiro, antes de mais nada, ser honesto com quem lê minhas
opiniões. Tomara que não chegue o dia em que eu fique sem grana e
precise ser pago para dizer “ei, isso é legal”, mesmo que a coisa seja
uma porcaria. A gente tem visto isso acontecer muito ultimamente, e é
algo bem ruim. E eu uso a linguagem sim
por achar ela muito boa, não porque quero parecer o gostosão da cocada
preta de Ruby. Quem me acompanha pode ver que sou bem sossegado em
termos de marketing.
Acredito que, se você gosta da linguagem, está se divertindo fazendo com
gosto os seus programas nela, não deve ligar para umas notícias dessas.
Se a gente ligasse tanto para o que os outros fazem e falam não
teríamos um monte de coisas legais que temos por aí.
Agora, você está começando agora a usar Rails, ou está estudando a
linguagem, ou pretende migrar a sua aplicação de XYZ para Rails e está
preocupado porque o Twitter migrou, sendo que a sua aplicação pode
consumir 1/1000 dos recursos que a deles consome??? Benza Deus, hein!!!
Se for desistir fácil assim, melhor comprar a revista mais cara que tem
na banca de gerentes e escolher a tecnologia mais cara e talvez, mais
obscura, onde você nunca precise escutar nada que possa deixar ela
menos “cool”. Eita palavrinha que rima com outra coisa…