Salve, pessoal!
Nos últimos tempos, temos tido um grande em enfoque em situações de discriminação. Aproveitando isso, quero falar aqui sobre como isso nos afeta no dia a dia – em resumo, qualquer preconceito te afasta de realizar seus objetivos e vou tentar mostrar o porquê.
Neste artigo, vou expressar outra visão sobre alguns tipos de preconceito e fanatismos e como lidar com eles – para isso, faz-se necessário ter a mente aberta para ver pelos olhos de outro.
Caso não fique confortável com a opinião alheia, fique livre para ler outro artigo, mas reforço o convite para que leia até o final.
O gênero é um dos grandes pontos de discriminação em TI. É muito comum encontrar times multiculturais e multiétnicos nos mais variados projetos, mas se há algum colega homossexual ou uma mulher na equipe, o preconceito deixa de ser velado e se torna bastante claro. De questões culturais, como sotaques, até a raça ou a cor de uma pessoa viram motivos de “piadinhas” em encontros grandes ou pequenos. Aqui faço um mea culpa: já ri e fiz esse tipo de “piada” no passado e me arrependo muito disso.
Claro que isso não acontece apenas em TI. Ou será que você não conhece ninguém que pensa que todo cabelereiro ou enfermeiro é, obrigatoriamente, homossexual? Ou que seu gênero e cor definem e limitam o que você pode ou não fazer?
Até mesmo o domínio ou não de um idioma parece ser, hoje, motivo de discriminação e piada. O foco tende a ser, infelizmente, em ridicularizar um erro ou mesmo uma característica da fala da pessoa, ao tentar conversar em outro idioma. Sim, sabemos que conhecer outro idioma faz muita diferença no mercado de trabalho, sem falar nas possibilidades de enriquecimento cultural – e isso vale para o inglês, o espanhol, o mandarim e qualquer outro idioma. Somos tão arrogantes que acreditamos que sabemos mais e melhor que todos.
Se você foi ao PHP Experience, vai se lembrar de Paul Jones na abertura da sua palestra, fazendo piada ao dizer que quem fala muitas línguas é poliglota, quem domina duas é bilíngue e quem fala apenas uma é… norte-americano. É algo para se pensar, não acha? Achamos os americanos arrogantes por não falarem outros idiomas, mas somos os primeiros a atirar pedras em qualquer erro de alguém que está aprendendo!
Também podemos falar dos “fanboys”, que pré-julgam outros que não gostam da mesma marca/linguagem de programação/qualquer outra preferência que eles. Usuários de Apple que se sentem superiores, ou Linuxeiros que acreditam ter “o poder do kernel” em suas mãos. Há ainda alguns que defendem como solução única e irrevogável que seu ambiente é melhor que o do outro simplesmente porque é “enterprise” ou porque é a ultima moda. Entenda, não quero fazer uma generalização, mas com certeza você já “socializou” com pessoas que pensam assim.
Aqui valem alguns cuidados, inclusive de interpretação: não é ruim defender uma opinião ou gosto; o problema é não ter a mente aberta para aprender fora de sua zona de conforto. Excelente mesmo é compartilhar o porquê de suas decisões e entender as decisões de outras pessoas, sem intentar ser o dono da verdade – o que nos leva ao próximo ponto.
Há pessoas experientes e reconhecidas dentro de suas áreas de domínio. Mas há uma linha tênue entre saber muito e compartilhar, e propagar a “verdade absoluta”, pelo menos do ponto de vista de quem ouve esses dois tipos de profissional. Posso cair na minha própria armadilha aqui, mas a verdade é que não há verdade absoluta. Se alguém te diz que, genericamente, testes unitários são o caminho, a luz e a vida, tome cuidado. Não há problema algum no teste de unidade, o problema às vezes é pensar só nele. Todo tipo de teste tem um propósito e um custo.
O mesmo acontece com decisões arquiteturais. De infraestrutura. De pessoas. Cada situação em um projeto, desde uma contratação a uma decisão de estratégia de cache, deve ser considerada única: experiências anteriores podem servir de base para a discussão, assim como a evolução da própria tecnologia em si, que provavelmente terá muitos elementos novos com relação ao tempo no qual “a experiência” foi formada. Ah, não só “gurus” com cinco anos de mercado têm experiência para opinar. Possivelmente o “estagiário” pode ter passado por uma situação completamente inédita comparada ao restante do time que pode ser justamente o fundamento de uma nova solução. O meu ponto aqui é que todo conhecimento é válido, vindo de um noviço ou de um sacerdote.
Pode parecer um discurso político, mas o objetivo está em outra frente. Pessoas, credos, opiniões… diferenças sempre existiram, e sempre existirão (eu espero!). Quando seu foco está em manter errada uma opinião diferente da sua, você perde uma oportunidade única de aprender algo fora do seu leque de habilidades. Se você trata como inferior uma pessoa com qualquer atributo diferente de você, estará dispensando a possibilidade de aprender com ela – mesmo sabendo que o sangue dela é tão vermelho quanto o seu.
Diferenças não existem para segregar – elas existem para que mutuamente o conhecimento, seja técnico ou cultural, se expanda a mais partes. Quanto maior a quantidade de experiência com a qual você tiver contato, melhor será o seu leque de opções para tomar uma decisão. Conhecimento, esse sim, deve ser um objetivo acima de qualquer diferença.
Até a próxima!