Toda mensagem necessita de um código. Ele é um conjunto de signos organizados segundo regras pré-estabelecidas. Quem emite uma mensagem utiliza estes signos para construí-la, fazendo o papel de codificador, quem a recebe faz a decodificação. É certo que quanto maior o repertório de signos em comum, mais eficiente será o processo de comunicação (codificação/decodificação). Mas este não é o único parâmetro para medir a eficácia do processo comunicacional.
Em seu livro “Usos da Linguagem”, Francis Vanoye aponta o referente (contexto) como um ingrediente fundamental, e eu concordo totalmente, para que este processo seja o melhor possível, dividindo-o em dois tipos:
- Referente situacional
É formado pelos elementos circunstanciais em que se encontram o emissor e o receptor da mensagem. Quando um árbitro de futebol diz “Falta!” ele se refere a uma situação específica daquele momento, claramente entendida pelos personagens envolvidos naquela cena.
- Referente textual
É formado pelos elementos das circunstâncias linguísticas, independente do contexto. Cada palavra ou frase estabelece relações com os outros elementos textuais que as cercam, criando um elo de significados.
Estas questões tomam uma dimensão maior quando as confrontamos com a época digital em que vivemos, chamada por muitos de “A Era da Busca”. O ato de busca não é em si novidade alguma, já que esta tem sido uma necessidade básica da humanidade há milênios. O que mudou radicalmente foi a forma como agora interagimos em tempo real com buscadores & buscados, construído relações de confiança e credibilidade mediadas por algoritmos.
O referente textual tem que ser alimentado de maneira consistente e coesa, por isso que estratégias de comunicação e posicionamento na WEB baseadas em marketing de conteúdo, submetem informações e dados aos buscadores que permitem o fortalecimento do nível de relevância dos resultados apresentados pelos mecanismos de busca. Relevância é uma das palavras chave deste processo que privilegia uma boa e lógica construção textual.
De nada adianta esta estruturação textual, ou seja, o seu conteúdo, estar camuflado ou oculto em camadas de aplicações não indexáveis, como por exemplo, estruturas de código fechadas ou mal projetadas, formatos proprietários de documentos não abertos. A WEB, quando estruturada semanticamente, é um lugar fantástico para a criação de conteúdo codificado de maneira que tenha significado para tanto para os seres humanos como para os dispositivos e/ou sistemas.
É a marcação semântica que confere flexibilidade e ubiquidade ao conteúdo para que o mesmo possa ser facilmente portado, adaptado, modificado e modularizado sem perder a sua essência, o seu significado e sua relevância, tornando possível o sonho máximo do mercado produtor de conteúdo digital: COPE – Create once publish everywhere (Criar uma vez e publicar em todos os lugares).
Hoje podemos certamente, introduzir um novo elemento nesta frase: Criar uma vez, publicar em todos os lugares e ser encontrado por todos!
Por outra lado, o referente situacional é estruturado principalmente a partir da tríade SoLoMo (Social, Location & Mobile), ou seja nas estratégias baseadas em soluções integradas às redes sociais, baseadas em geolocalização e compatíveis com todas plataformas e dispositivos móveis.
Os significados estabelecidos através da interligação de dados semânticos oriundos de conteúdo distribuído a partir do cruzamento das informações extraídas de redes sociais e informações geo-localizadas criam uma trama altamente relevante.
Em uma estratégia comunicacional ideal de análise e cruzamento de dados, os referentes textuais e situacionais se completam fornecendo aos mecanismos de buscas matéria prima rica de significados. Mas para que isto aconteça de fato é imprescindível o uso de tecnologias e plataformas abertas e semânticas.
O que hoje vemos de significado filtrado pelas redes sociais é apenas a crista da onda de dados, um oceano de informações está esperando para ser explorado.
Não é a toa que Big Data, Social Computing e Mobilidade nascem como palavras de ordem para esta segunda década do século XXI, que tem como desafio transformar dados (commodities) em significados (conhecimento, produtos e serviços).