Design & UX

19 set, 2013

Interação a favor dos negócios: IxDA-SP

Publicidade

Quem trabalha com desenvolvimento sabe: a experiência é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. A partir dessa premissa, nasceu, em 2004, o IxDA (Interaction Design Association), uma organização baseada no voluntariado e na coesão da comunidade.

A organização foi fundada por quatro profissionais que trabalhavam com design e interatividade e não se sentiam atendidos pelas comunidades e organizações de Arquitetura da Informação ou Usabilidade. Eles não cobram por associação, mas pedem contribuições de cada indivíduo com aquilo que lhes é mais precioso: tempo e conhecimento. Há mais de dez mil membros e cerca de setenta grupos em todo o mundo.

2008 – 2009, os anos de ouro

“A gente começou em 2008, com o primeiro Congresso, sem nenhum patrocínio”, diz Amyris Fernandez, que foi Presidente do IxDA-SP entre 2009/2012 e é membro honorário do Board do IxDA International. O Congresso foi bom, segundo Amyris, porque lá fora eles não conseguiam ver a realidade de outros países e perceber que não são o centro do universo.

A questão é que os estrangeiros não reconheciam o Brasil como um lugar para negócios. Depois do Congresso, em que viram, entre outras coisas, interações vestíveis, o mundo reconheceu que havia horizonte profissional além de Estados Unidos e Europa. O sucesso foi tanto que americanos e ingleses se mudaram para o Brasil, entusiasmados com as oportunidades de trabalho e desenvolvimento.

Segundo Amyris, “eles vieram trabalhar para empresas brasileiras ou montar seus negócios por aqui”. Resultado: a comunidade de design de interação aumentou um pouco mais.

Os encontros continuaram, depois dessa fundação bem sucedida, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, com reuniões mensais. A cada encontro, um tema específico e cerca de trinta profissionais.

Entre 2010 e 2012, o movimento paulista minguou. Segundo Amyris, os outros grupos brasileiros continuaram ativos. Em 2013, o IxDA SP está se reativando para participar do ISA (Interaction South America), o Congresso Sul Americano.

As inscrições para participação e trabalhos estão abertas, e a programação promete atender tanto a quem estuda como a profissionais formados em busca de aperfeiçoamento.

Uma comunidade em renovação constante

Aqui no Brasil, a comunidade de São Paulo, segundo Amyris Fernandez, reúne cerca de duzentas pessoas. “Os voluntários ativos se alternam, um grupo trabalha muito, outro assume, e assim vamos”, conta.

Agora, os planos são investir fortemente na produção de trabalhos acadêmicos. “Funcionou muito bem no último congresso (2012), em Belo Horizonte, apresentar trabalhos que dão suporte teórico à nossa prática”, conta Amyris.

Mas, afinal, o que faz um designer de interação? “Vamos além da arquitetura de informação e da questão de usabilidade, que estão fortemente centradas na questão da interface entre humanos e computador”, explica a profissional. A ideia é pensar em como o negócio funciona, sempre atento aos resultados práticos. Amyris tem uma definição interessante da função: “trabalhamos para aumentar o bônus de toda a empresa”, diz.

São bem-vindos à roda de produtores de conteúdo a desenvolvedores, além de designers, criadores e profissionais de marketing. Para se associar, basta entrar na plataforma do IxDA.

Com um cadastro, o profissional passa a participar da lista e pode começar a contribuir para a comunidade como puder: trabalhos acadêmicos, voluntariado, organização de encontros.

No IxDA-SP, o foco é a divulgação da prática, educação do mercado, educação acadêmica de indivíduos e de criar uma relação saudável com os profissionais, independentemente de formação e cargo.

O desafio, hoje e sempre, é criar parâmetros para o surgimento de uma nova disciplina, o design de interação. Os profissionais pensam desde resultados de produtos digitais, como em interfaces vestíveis (olá, Google Glass), e outras novidades.

“É importante publicar trabalhos em congressos para criar esse corpo de conhecimento do interaction design, uma área mais ampla que a questão da interação entre humano e computador”, explica Amyris.

A profissional foi responsável pela coordenação da produção da nova plataforma do IxDA, com um time de 26 países reunido para a empreitada. Este é o espírito da comunidade: voluntariado, trabalho conjunto, construção de conhecimento. A manutenção é garantida pelo congresso internacional de design de interação, que dá lucro. Aqui no Brasil, os congressos não dão lucro, mas servem para estimular a profissão.

***

Artigo publicado originalmente na Revista iMasters por Lucia Freitas.