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15 mar, 2018

Como foi participar do PHP Experience 2018

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Comunidade linda!

Fala galera! Este ano, como representante da comunidade Laravel SP, fui convidado a participar do PHP Experience. Na edição do ano passado, pude contribuir com a comunidade palestrando sobre APIs. Foi uma experiência incrível participar de um evento dessa magnitude e relevância e, para este ano, queria poder contribuir de alguma forma também.

Ano passado, após a Laraconf Brasil 2017, rolou algo muito legal. O @eltonantunes_85873 publicou o seguinte artigo falando sobre as impressões dele a respeito do evento:

É um tipo de engajamento que vejo muito nas comunidades de frontend aqui no Brasil, mas que, por algum motivo, não acontece tanto nas comunidades PHP. Portanto, foi algo que me surpreendeu.

Atitudes como essa fazem a diferença, existem várias formas de contribuir com a comunidade que vão além de código.

Assim, percebi a chance de contribuir dessa forma e, durante todo o evento, tive um trabalho árduo: fiz uma cobertura de todas as palestras que assisti, tentando entrar em detalhes mesmo, na esperança de que mais pessoas possam se beneficiar do conteúdo e perceber a qualidade do evento, dos palestrantes e da comunidade como um todo.

Primeiro dia  – segunda-feira

O evento começou pontualmente às 17:30 com a abertura do João Batista Neto, com ênfase para o fato de o evento ser feito para a comunidade e pela comunidade. A curadoria do evento foi feita pelo PHPSP, contando com os evangelistas Diana, Leonam, Gustavo, Hussani, Pokemão, Marcel, Ivan e Rogério, que se dedicaram muito para trazer conteúdo relevante para todos os participantes.

O iMasters sabe como organizar um bom evento e podemos facilmente notar isso. É muita gente envolvida e engajada em todos os aspectos do evento – não é a toa que é a maior conferência de PHP do mundo. Vai Brasil!

O João também comentou sobre uma coisa legal que rolou esse ano: Code Review pelos palestrantes do PHPx (abreviação para PHP Experience), ou seja, uma análise de código dos participantes que quiseram receber insights relevantes.

Logo em seguida começamos com os keynotes, que contaram com palestrantes nacionais e internacionais, sendo o primeiro deles Freek Van der Herten.

Building a Dashboard with PHP and WebSockets – Freek Van der Herten

Freek, com uma ótima presença de palco, começou se apresentando e apresentando também sua empresa. Ele trabalha na Spatie, onde basicamente desenvolvem websites e são especializados em Laravel.

Um ponto muito interessante foi ele ressaltar que a companhia só existe graças ao open-source, então eles devolvem contribuições para a comunidade, publicando vários pacotes relevantes. Um desses pacotes, inclusive, é o tema da palestra.

Um fato curioso é que, embora os projetos sejam open-source, uma “cláusula” para utilizar os projetos deles é a de enviar um cartão postal da cidade onde moramos, que vai ser adequadamente pendurada no escritório da Spatie depois  – bem legal!

Cartões Postais na parede do escritório da Spatie

Indo para a palestra em si, Freek mostrou um dashboard numa TV do escritório da Spatie, com métricas do GitHub, quais tarefas cada membro do time estão trabalhando, saúde dos sites que eles monitoram e até uma previsão do tempo.

Esse dashboard, como dito anteriormente, é mais um projeto open-source deles. O legal é que o dashboard consiste em uma simples página HTML, com cada seção sendo atualizada independentemente com JavaScript, sem a necessidade de recarregar a página completa.

As tecnologias envolvidas são: Laravel, Pusher e Vue.js. O Laravel é responsável por servir a página e também por recuperar os dados das APIs externas que eles utilizam, como Google Calendar e etc. O Pusher é responsável pela “mágica”, transportando eventos em tempo real do servidor para o cliente. Por sua vez, o Vue.js escuta os eventos disparados pelo Laravel Echo e monta a interface no cliente.

Como quem sabe faz ao vivo, Freek fez uma demonstração mostrando quão fácil é começar um dashboard do zero. Adicionar uma “seção” pré-programada é algo trivial, com uma configuração bem fácil. Não parando por aí, ele deu uma aula básica de Vue e foi explicando como muitos aspectos do dashboard funcionam. É legal notar que existe um componente Vue pra uma dessas “seções”- muito bem organizado! (E deu uma ponta de orgulho ver uma pasta __tests__ ali também).

Detalhes também foram mostrados sobre a organização dos componentes do Laravel, além de outras coisas legais, como a atualização em tempo real do dashboard quando um dos comandos do artisan específicos para um componente são rodados. Essa flexibilidade é muito legal, dá pra agendar os comandos pra rodar no tempo que for considerado relevante – simples e funcional. Outro aspecto legal é que muitos dados são salvos no Local Storage do navegador, permitindo métricas temporais. Por exemplo: exibindo dados consolidados dos últimos 30 dias.

Dashboard conectado à TV.

Por fim, Freek revelou a mágica para mostrar o dashboard na TV, utilizando um Raspberry PI 2 conectado à ela.

Visualizar KPIs e outros dados relevantes em um dashboard é uma ótima forma ajudar a manter o time alinhado e buscando os mesmos objetivos. Esse projeto é uma mão na roda para isso.

Para mais detalhes, confira o projeto no GitHub e veja os slides da apresentação.

Blockchain e PHP –  Criando uma Criptomoeda – Gabriel “Bob” Rodrigues Couto

Gabriel, ou melhor dizendo, Bob começou sua talk visivelmente feliz com a quantidade de pessoas no evento e dizendo para quem quer começar a palestrar, que sua dica é falar sobre temas que gosta, que é o que ele faz. E, entrando logo no tema palestra, comentou que ganhou um crédito de processamento de 1000 dólares em cloud e resolveu usar para minerar bitcoins, convertendo em aproximadamente 100 dólares (na época). Depois disso, resolveu se aprofundar no tema e montar uma máquina para minerar bitcoins. Tudo isso em 2014! (Para quem ficou curioso, infelizmente ele vendeu todos seus bitcoins antes de ficar rico com isso.)

Agora, resolveu implementar sua própria criptomoeda em PHP, a PHPlata.

PHPlata, uma criptomoeda feita com PHP

Intercalando entre slides e demo, ele foi explicando desde o conceito mais básico sobre como funciona um blockchain e uma criptomoeda, começando com uma mensagem simples sendo trocada entre dois usuários, criptografada com Sodium.

Inclusive, como ele ressaltou, o PHP 7.2 foi a primeira linguagem de todas a dar suporte para o Sodium! A partir daí, ele seguiu mostrando alguns conceitos de transações, inclusive da própria implementação do bitcoin, mostrando como o dinheiro sai de uma conta e entra em outra, de forma distribuída através de scripts.

Outro ponto mostrado foi o de Contratos, permitindo diversas formas de operações como loteria descentralizada, pagar para provar que existe (como algumas empresas descontam do seu cartão para validar o cartão), depósito caução, etc. Utilizando o projeto PHP Sandbox, ele consegue rodar o script de transação dos usuários de forma isolada, sem que esses scripts tenham acesso ao código fonte do projeto.

Em seguida, o Bob começou a explicar sobre os blocos, da blockchain, que são uma forma de guardar dados de transações, evitando fraudes no sistema. Cada bloco contém uma quantidade específica de transações e possuem uma certa dificuldade de serem resolvidos computacionalmente. Cada minerador da rede tenta resolver esses blocos e, ao conseguir, são recompensados de alguma forma.

Na rede bitcoin, uma determinada quantia em bitcoins é oferecida ao minerador que resolve um bloco. A forma de resolução é um pouco complexa, sendo melhor ver a talk dele (ou outra sobre o assunto) para entender melhor. Bob comentou que a geração de novos bitcoins vai acabar um dia, ficando na rede somente o que foi minerado, passando os mineradores a ganharem seus bitcoins pela cobrança de pequenas taxas para processarem outras transações na rede. Com isso, ele cobriu apenas o “básico” de criptomoedas, apontando para outros tópicos importantes no assunto.

Conclusões da talk do Bob:

  • Blockchain é uma forma atômica de guardar dados, há quem diga que estamos indo para uma Web 3.0, de aplicações descentralizadas baseadas em blockchain.
  • PHP é usado em 83.2% de todos os sites da web, portanto, temos a capacidade de ser a maior rede distribuída do mundo.

Para mais detalhes, confira o projeto no GitHub.

Stand-UP — Integrando Go com PHP – Rodrigo “Pokemaobr” Cardoso

Nesse stand-up incrível, Pokemão ensinou, em apenas 10 minutos, como integrar o PHP com Go, mas não exatamente a Golang, aquela linguagem promissora do Google, mas o Go que ele tem mais afinidade, o Go Horse. É uma oportunidade de dar boas gargalhadas e recomendo vocês a assistirem quando o vídeo sair.

PHP Under the Hood — Marcelo Camargo

Você deve conhecer Marcelo Camargo, mesmo que indiretamente. Foi ele quem criou a ligação com o gemidão do Whatsapp –  se você já recebeu, “agradeça” a ele. Além deste projeto, Marcelo é um assíduo contribuidor do open-source, tendo contribuído, inclusive, com alguns RFCs para o core do PHP.

Conhecedor de diversas linguagens e designer de algumas, inclusive, ele compartilhou conosco como funciona o PHP por baixo do capô. No geral, quando desenvolvemos em PHP, estamos acostumados a desenvolver para a Web, com grande chances de utilizar juntamente o Apache, por exemplo. Porém, o PHP vai muito além da Web.

No interpretador PHP, tudo começa com um Lexer, que recebe uma lista de caracteres (nosso código) e quebra em palavras que são analisadas e convertidas em tokens. Por exemplo, a frase “Hello, how are you?” seria quebrada com os seguintes tokens: [HELLO][,][HOW][ARE][YOU][?]. Nesse sentido, o PHP até tem uma função chamada token_get_all() que nos ajuda com esse trabalho de “tokenização” de uma lista de caracteres.

Após essa primeira fase léxica, vamos para o Parser, que define um conjunto de regras de que vão definir a interação com o Lexer. Uma mudança legal do PHP 7 é que o resultado do Parser é uma AST (Árvore de Sintaxe Abstrata), ao invés de opcodes, que era o resultado até o PHP 5.6. Basicamente, o Parser vai pegar os tokens e validar se os mesmos estão corretos  – o código digitado gera um programa válido? – e transformar esses tokens em uma árvore que ultimamente virará instruções de máquina.

Sabe aquelas mensagens de UNEXPECTED e etc, que a gente procura no StackOverflow como resolver? Então, é o Parser que verifica seu código e vê se ele é válido, possivelmente jogando esses problemas pra gente. É nessa fase também que o escopo das variáveis, etc, é verificado e a precedência de operações também.

Em seguida – pasmem – chega a parte mais complexa! VM e opcodes. O PHP utiliza uma máquina virtual (VM) baseada em registradores: a Zend Virtual Machine. Parecido como a maneira em que o Assembly moderno trabalha, a VM tem várias instruções para facilitar (as opcodes). De forma simplificada, o PHP compila para opcodes independentes de máquina, que então podem rodar em qualquer sistema operacional.

Uma das vantagens de se conhecer como a máquina virtual funciona, é poder escrever código mais otimizado, ou seja, que pode rodar mais rápido. Por exemplo, atribuindo valor a uma variável em PHP pode ser minimamente mais lento que utilizar o valor diretamente, sem atribuição. O Marcelo ressalta que isso é uma micro-otimização e que não deve ser levada ao extremo, apenas é interessante para se conhecer o funcionamento da VM.

Em uma demo, o Marcelo “Haskell” Camargo conseguiu mostrar mais ou menos como as opcodes são interpretadas pela VM  – e de quebra, explica que o opcache deixa operações já computadas salvas para performance do servidor.

Parte da demo feita pelo Marcelo. (confira os slides)

O Marcelo consegue de forma bem didática explicar esses conceitos, com exemplos de códigos que ajudam no processo –  uma talk bem interessante para se assistir e entender essa linguagem que utilizamos todos os dias.

Good Project From Scratch –  Pawel Lewtak

Análise

Pawel já começou direto ao ponto, falando sobre a primeira etapa de um projeto: a análise. “Qual problema eu quero resolver?”. Precisamos conversar com o consumidor/usuário do possível sistema e reunir o máximo possível de informações. Também deixou duas reflexões:

“A raiz de todo o mal em programação é entender o problema de forma errônea. Faça as perguntas corretas para as pessoas corretas antes da primeira linha de código” – Mariusz Gil – tradução livre

“Pessoas técnicas devem falar a linguagem de pessoas de negócio, não vice versa.” – Stefan Priebsch – tradução livre

Arquitetura

Pawel citou rapidamente Domain Driven Design e Event Storming como forma de utilizar linguagem de negócio nos nossos sistemas.

Em seguida, entrou no tema polêmico de Waterfall vs Agile, apenas para deixar a seguinte citação:

“A única coisa que é constante é a mudança.” – Heraclitus – tradução livre

Assim, o importante é lembrar disso, independente de como for o projeto. Já como gancho, entra em outra polêmica, a de micro serviços, citando o grande Martin Fowler:

“Você não deveria começar um novo projeto com micro serviços” – Martin Fowler – tradução livre

Tendo a lógica da sua aplicação seguindo uma “Clean Architecture”, separando a lógica de negócio da lógica da aplicação e adaptadores, é fácil trocar de frameworks, tecnologias ou até mesmo paradigma, refatorando para micro serviços quando necessário. Ainda no tema, ele comenta para não utilizar um framework próprio, para deixar o mesmo para projetos pessoais e não reinventar a roda, utilizar o que já existe no mercado.

Testes

Pessoas de negócio infelizmente não se importam tanto com testes, então deve ser uma preocupação dos desenvolvedores. Ele cita que fazer testes é diferente de Design Orientado a Testes (TDD). Talvez faça sentido fazer Desenvolvimento Orientado a Comportamentos (BDD).

Para finalizar o tema, deixou a seguinte reflexão:

“Se é difícil de escrever um teste, é um sinal de que você tem um problema de design, não um problema de testes.” – Kent Beck, TDD by example – tradução livre

Code Review

Code Review, ou Revisão de Código, é uma oportunidade de melhorar o código da aplicação e uma oportunidade de aprendizado para ambas as partes.

Tendo testes e Code Review, o próximo passo é a Integração Contínua, CI, onde seus testes são rodados automaticamente e você tem um feedback se seu código está saudável ou não. Posteriormente, o Deploy Contínuo, CD, onde após a aprovação do Review e os testes rodarem, esse código vai automaticamente para produção.

Monitoria

Tendo o código em produção, é necessário monitorar e saber se o mesmo está funcionando como esperado, sendo possível verificar os erros dos mesmo, logs e etc. Tão importante como é a saúde dos servidores. É necessário monitorar a aplicação.

Métricas

Métricas de negócio são importantes, não só para o pessoal de negócio, mas também porque podem servir como grandes incentivadores para os desenvolvedores.

Automação

Automação elimina tempo perdido com tarefas repetitivas e permite focar no que é importante.

“Se se move, automatize isso!”

Documentação

Talvez uma parte não tão amada, mas muito importante caso você trabalhe em projetos grandes. É possível esquecer como algo foi feito ou porque alguma decisão foi tomada, então a documentação é imprescindível. Para novos membros na equipe, ler a documentação é uma forma de ambientá-los facilmente.

Comece com um Readme.

Comunicação

Segundo Pawel, comunicação não só é um Soft-Skill: é um Core-Skill, ou seja, uma habilidade imprescindível. Se você levar algo dessa talk, diz Pawel, é que a comunicação é o skill mais importante.

Com esse keynote do Pawel com várias e várias dicas, fechamos o primeiro dia de #PHPx2018.

Segundo Dia – terça-feira

Abertura do Palco Assembly

Para dar início ao segundo dia do #PHPx2018, a Diana Arnos abriu o palco Assembly, um dos três palcos que rolam aqui no segundo dia do evento. Como não dá pra assistir as talks das três trilhas ao mesmo tempo, resolvi seguir por essa trilha a princípio, portanto cobrirei as talks que eu for assistindo

Programação Reativa Funcional e extensões para PHP – Juliana Chahoud

Começando no palco Assembly, Juliana Chahoud, especialista mobile na ThoughtWorks, que trabalhou nos apps do Twitter e 99. Fazendo uma comparação, ambos utilizam Scala e utilizaram ou RxSwift ou RxJava. Mas, o que é Rx (e funcional)? Uma arquitetura? Um padrão (design pattern)? Na verdade, não. Trata-se de um paradigma de programação.

O paradigma funcional, segundo a Juliana, é importante por ser mais fácil de fazer concorrência, testar e evitar problemas e erros no código. Ela cita empresas como Netflix, Microsoft, Slack, GitHub e Airbnb, que utilizam programação reativa e funcional como cases para sustentar seus pontos de vista sobre o paradigma.

O Netflix, por exemplo, é responsável por 34% de todo o tráfego na América do Norte. Lá, tudo deve ser assíncrono para atender a essa demanda. Utilizando programação imperativa (o paradigma que já estamos mais acostumados), diversos problemas aconteciam com frequência, incluindo memory leaks e callback-hells. Uma comparação de código real do Netflix com os dois paradigmas mostra a simplicidade e poder do paradigma reativo.

Na programação reativa, temos um fluxo de dados assíncrono, como por exemplo, vários cliques em um botão em qualquer período de tempo gera um fluxo de dados. Três coisas podem ser emitidas nesse fluxo, um evento com algum valor, um erro ou o fim do stream.

Ao fazermos subscribe em um fluxo de eventos, podemos ler esses valores e fazermos algo com isso. Precisamos de um callback para tratar cada um dos três tipos citados no parágrafo anterior.

Para mostrar na prática como funciona isso, entra o ReactiveX, também chamado de Rx, que é uma interpretação do Observer Pattern, Iterator Pattern e programação funcional. O Rx é agnóstico de linguagem e tem uma implementação em PHP, o RxPHP. No exemplo abaixo, ela mostrou como se inscrever para obter informações de um fluxo de eventos.

$stream = \Rx\Observable::fromArray([1, 2, 3, 4]);
$stream->subscribe(
    function ($x) {
        echo 'Next: ', $x, PHP_EOL;
    },
    function (Exception $ex) {
        echo 'Error: ', $ex->getMessage(), PHP_EOL;
    },
    function () {
        echo 'Completed', PHP_EOL;
    },
);

Além disso, o RxPHP também fornece um conjunto de ferramentas para se trabalhar com esses dados, como por exemplo, o conceito de map que percorre seu stream, transformando cada elemento e retorna um novo stream.

É importante ressaltar que esses streams são imutáveis, portanto o map não altera o stream de entrada, apenas retorna um novo.

Além do map, temos também o reduce, basicamente outra ferramenta poderosa da programação funcional, que recebe todos os elementos do stream e acumula em um único resultado.

A Juliana cita o grande mantra do Rx:

“(Quase) tudo pode ser um stream”

Como por exemplo, uma request HTTP pode ser um stream, onde damos subscribe e vamos recebendo os dados dessa request.

Outra coisa possível, embora pareça confusa, é um stream de streams, como por exemplo várias requests ao mesmo tempo em um stream. É possível utilizar outro conceito da programação funcional, o flatMap, para transformar tudo em apenas um único stream, que por sua vez pode ser observável (você pode dar subscribe).

Um ponto muito legal que a Juliana cita para concluir a talk, é que não precisamos de uma linguagem funcional, como Lisp, Scala, Haskell, Clojure, etc, para utilizarmos o Rx ou conceitos do paradigma funcional.

Podemos aplicar conceitos da programação funcional no PHP!

Refactoring: Importância e Técnica em Sistemas Legados – Davi Marcondes Moreira

Seguindo na trilha Assembly, tivemos o Davi, da pagar.me, falando de um tema que ele gosta muito, que é de “consertar” código, ao invés de criar um novo, do zero.

“Refatoração é uma técnica controlada para melhorar o design de uma base de código que já existe” – Martin Fowler –  tradução livre

Basicamente, é “aplicar mudanças em código sem comprometer suas funcionalidades finais”.

“Software é um recurso, e como todo recurso nós queremos que ele continue entregando valor em um fluxo contínuo.” – David Scott Bernstein

Porém, refatorar código pode não ser um trabalho tão fácil, então o Davi apresentou 10 dicas:

10 Dicas para refatorar seu código

  1. Renomear métodos obscuros. Encontrar um método que queremos refatorar e que não temos visibilidade de onde está sendo chamado, criando um novo método que vai “encapsular” o método antigo. Assim, vamos chamar somente o método novo sem mudar nada da lógica e podemos controlar os efeitos colaterais do método que queremos refatorar.
  2. Extrair responsabilidades. Encontrar trechos com a mesma responsabilidade (ou parecida o suficiente) em mais de um local e extrair para uma nova classe.
  3. Remover código morto. Simplesmente identificar trechos de código que não são mais usados em sua aplicação e removê-los em seguida. Podemos utilizar o PHP Mess Detector com as regras unusedcode para encontrar esse tipo de código. (confira também as outras regras do Mess Detector, é uma ferramenta bem completa).
  4. Corrente de Chamadas. Ao identificar que estamos passando coisas demais entre métodos, devemos considerar o refactoring. Por exemplo, só precisamos de um atributo e-mail para de fato enviar um e-mail, mas passamos uma classe de venda que tem um cliente dentro só pra pegar o e-mail dele, dando muita responsabilidade a uma classe de envio de e-mail.
  5. Lentidão nos Testes. Substituir chamadas desnecessárias para bancos de dados ou serviços externos nos testes e substituí-los por mocks e stubs, fazendo os testes rodarem mais rápido.
  6. Classes de dados. Identificar classes cujo único propósito é manter dados através da aplicação e questionar se são válidas, movendo métodos para as classes apropriadas e deixando a responsabilidade correta.
  7. Código Duplicado. Identificar duplicação (evidente ou não) de código e movê-lo para dentro de uma única estrutura. As vezes os códigos não são parecidos, mas têm o mesmo intuito. Por exemplo: uma lógica de criar slugs de URLs.
  8. Violação de estilos. Seguir as convenções de estilo (Code Style) da linguagem ou da empresa (PSRs, etc). Podemos utilizar o PHP Code Sniffer para identificar esses problemas.
  9. Mudar o código antes de mudar os testes. Fazer um health-check nos testes, que devem falhar caso houver alteração no código.
  10. Reduzir a quantidade de condicionais. Cada condicional representa uma “decisão” no código e é importante não ter muitas decisões para cada método, diminuindo a complexidade ciclomática. É possível novamente utilizar o PHP Mess Detector para encontrar esses casos.

Conclusões

Refatorar é um meio para um fim, que é a melhoria do código. Peça ajuda para seus colegas, conheça sua aplicação e saiba:

A única certeza sobre software é que ele muda.

Para entender melhor as dicas do Davi, assistam a gravação da talk assim que ela for liberada. Nos slides e no repositório que ele compartilhou também existem várias referências.

Confira os slides da apresentação e o repositório com as práticas aplicadas.

Domain-Driven Design: uma visão geral para desenvolvedores, artistas, responsáveis ou degustadores de café com leite – Eriksen Costa

Ainda na trilha Assembly (gostei dessa trilha, rapaz!), depois de um justo intervalo, Eriksen, desenvolvedor na Easy, trouxe uma introdução de um tema que é buscado por muitos: o Domain-Driven Design, o famoso DDD.

“Software está comendo o mundo” – Marc Andreessen

Assim começou Eriksen, mostrando a importância do software em todo o mundo, apontando em seguida, como o fato de não se fazer um bom design do seu código pode resultar em um péssimo design, ao contrário de um software “sem design”. Portanto, utilizar DDD pode ser uma solução.

No DDD, nosso design é feito em colaboração com os especialistas de domínio –  o “pessoal de negócio” –  que nos ensinam os princípios do domínio, que vai além de fazer um software que “funciona por funcionar”.

Entrando em termos comumente utilizados no DDD, Eriksen explica:

“O domínio, nada mais é que o assunto/problema/projeto que a equipe está inserida. Um especialista é um papel (e não um cargo) de alguém que entende muito sobre esse assunto; O Core Domain é o que realmente representa o diferencial estratégico do software e deve ser focado pelo negócio; Um modelo abstrai um domínio, uma simplificação que pode representar o problema, por exemplo, uma maquete que represente uma construção”.

Seguindo o raciocínio, vemos que ferramentas de design estratégico ajudam a fazer um rascunho antes da implementação, dividindo em problemas menores que são mais fáceis de atacar. O DDD é primariamente sobre modelar os dados em um contexto delimitado e utilizar uma linguagem ubíqua, uma linguagem “única” que é falada por todos, sejam desenvolvedores ou pessoas de negócio. Um contexto deve ser transformado em um time + banco de dados + repositório. Esse time é responsável por desenvolver e se tornar proficiente neste contexto.

Utilizando o exemplo de uma transportadora, o principal contexto (core domain) é o transporte de cargas. Porém, existem outros contextos, como por exemplo, a roteirização dos veículos vs cargas; o controle de acesso dos usuários; o monitoramento de remessas, veículos e motoristas.

Com a ajuda de um mapa de contexto é possível visualizar todos os contextos e fica fácil verificar, por exemplo, que um veículo aparece no contexto de transporte de cargas e também no de roteirização. Dependendo do contexto, preocupações diferentes aparecem. Na roteirização, talvez seja importante saber a capacidade do veículo. No transporte, talvez seja importante conhecer dados sobre o motorista, etc.

Mapa de contextos de uma transportadora.

É uma relação corriqueira a parceria entre times de contextos com pontos em comum, como por exemplo para desenvolver a lógica do veículo entre os times de roteirização e o time transporte. Outra relação é a de cliente-fornecedor, onde o time de um contexto pede, como cliente, determinada funcionalidade para outro time, que é o fornecedor das funcionalidades daquele contexto. Uma camada anti-corrupção garante que a linguagem de um contexto não seja contaminada pela linguagem de outro contexto. O conceito de conformista estabelece que a linguagem pode ser definida por outro contexto, facilitando a comunicação entre eles.

Para o sucesso do Core-Domain, é necessário que outros contextos existam, sejam esses contextos de suporte ou genéricos. Quando refletimos sobre esses outros contextos, os de suporte podem ser terceirizados, visto que não são tão importantes para o negócio. E os genéricos, geralmente são commodities e podem ser assim comprados/consumidos. Por isso, é importante para o DDD definir o domínio principal, pois saberemos exatamente onde focar recursos e esforços e o que podemos externar, dando uma vantagem estratégica para a equipe e o produto.

Seguindo para uma leve introdução para os padrões táticos do DDD, é importantíssimo utilizar a linguagem ubíqua e livre de dependências (seja de framework, libraries, etc) para o core-domain.

Fazendo uma ponte com micro serviços, Eriksen disse que seguir o DDD pode ser uma boa forma de entender os limites de cada serviço ligados ao contexto e consequentemente trabalhar bem com essa arquitetura.

Como começar?

O DDD é um framework de design, não de processos, o que deixa a forma de pensar sobre isso um pouco diferente. É necessário desenvolvimento iterativo e colaboração próxima de desenvolvedores e pessoas de domínio. Nós podemos refinar algo eternamente, como nosso domínio, porém, o desenvolvimento iterativo vai garantir que isso não aconteça, pois vamos mudando de plano conforme nosso aprendizado, testando hipóteses com software funcionando, em produção. Além disso, especialistas de domínio podem não saber sobre uma parte ou outra do contexto e o desenvolvimento iterativo permite aprender sobre isso e mudar estratégias ao longo do prazo.

Algumas técnicas podem auxiliar na concepção dos domínios:

  • Event Storming é uma forma interativa e visual entre o time de saber todos os eventos de um domínio, partindo para uma eventual definição dos contextos.
  • User Story Mapping também é uma forma interativa e visual de ter histórias do ponto de vista dos usuários, procurando resolver problemas e anseios específicos que eles terão.

O Eriksen recomenda começar com User Story Mapping e depois seguir para o Event Storming para saber quebrar em domínios menores.

Comunicação e essas técnicas inclusas, são cruciais para que os modelos mentais que podem ser diferentes entre cada membro do time possam convergir em um ponto comum, o domínio.

Para fechar, Eriksen relembrou que o software está comendo o mundo e fez um apelo:

“Por favor, vamos fazer design!”.

Construindo estruturas complexas com serialização de objetos – Alef Araujo Castelo

De volta do almoço, agora em uma trilha diferente, a trilha Smalltalk, apresentada por João Batista Neto, pude conferir a talk do Alef, que trabalha na Oowlish e é um dos organizadores do PHP com Rapadura.

A ideia da talk dele é falar sobre serialização de objetos e como evoluir para objetos mais complexos. Ele iniciou explicando como funciona a serialização, utilizando a função serialize() do PHP, que consegue pegar um objeto e retornar uma string que o representa, incluindo atributos private e protected.

O uso de serialização se faz necessário quando precisamos guardar o estado do objeto e reconstruí-lo novamente. Nem sempre essa serialização é o suficiente, quando, por exemplo, precisamos serializar objetos para JSON.

Utilizando json_encode é possível serializar objetos, porém, só temos acesso aos atributos públicos dessa classe. Utilizando a interface JsonSerializable, podemos definir o método jsonSerializable, que definirá como seu objeto será serializado quando passar pelo json_encode, permitindo apresentar qualquer dado.

Ainda assim, pode ser que em certos momentos vamos querer mais propriedades de um objeto e em outra hora queremos só alguns poucos. Para resolver esse problema, podemos utilizar o conceito de Transformers, utilizando por exemplo, a biblioteca Fractal.

Com o Fractal, conseguimos definir uma classe que transformará os objetos da forma que acharmos melhor. É uma técnica simples, mas que pode se mostrar custosa se tivermos muitas formas de exibirmos diversos objetos.

Para não termos o problema de manter diversos transformers, podemos utilizar o jms/serializer, onde podemos utilizar, de forma bem simples, annotations para definirmos quais atributos serão mostrados ou ocultados durante o processo de serialização. É uma ferramenta poderosa que permite, por exemplo, a criação de grupos de serialização, para informarmos quais grupos queremos que estejam presentes na saída da serialização. É possível mudar o nome dos campos na serialização, entre outras coisas.

Alef ressaltou que a serialização de objetos pode se tornar algo bem complexo, com diferentes combinações de saída. Existem 31 classes na biblioteca jms/serializer com possibilidade de alterar uma saída. Vale a pena conferir a documentação.

O SuperClosure também foi citado, projeto que foi muito utilizado em projetos como o Laravel.

A talk terminou relativamente rápido, mas foi interessante porque sobrou um espaço para perguntas e foi muito produtivo  – com dúvidas sobre performance, responsabilidade das classes e mais.

Orquestradores de contêineres: Docker Swarm ou Kubernetes – Wellington Silva

Em seguida, resolvi ver uma talk que foge um pouco do tema PHP, mas que ainda é muito relevante para mim e provavelmente pra quem trabalha ou quer trabalhar com Docker também.

Wellington já é um velho conhecido da comunidade (inclusive organizador de algumas comunidades e eventos) e suas talks sempre trazem conteúdo atualizado para temas relativamente novos.

O que é Docker?

Ele definiu o docker como uma “ferramenta para virtualização de sistemas operacionais”, explicando que existem vários tipos de virtualização, sendo o docker uma virtualização a nível de sistema operacional. Ele pede para gravarmos o seguinte:

Docker não é VM! (máquina virtual)

Docker em produção?

Quando pensamos em docker em produção, surgem algumas dúvidas, incluindo:

  • Como gerenciar o ciclo vida dos contêineres?
  • Como escalar os contêineres?
  • Como recriar contêineres que morrem?
  • Como atualizar a aplicação sem downtime?
  • Onde colocar os contêineres? (S.O, tipo de máquina, de cloud, etc)
  • Como os contêineres vão se comunicar entre eles?
  • Como gerenciar informações sensíveis, como segredos?
  • Orquestração

Assim, surge o conceito de orquestração, que em tradução livre do dicionário Oxford, é: “o planejamento ou a coordenação dos elementos de uma situação para produzir um efeito desejado, especialmente evitando chamar atenção.”

Para sanar as preocupações relativas ao docker em produção, espera-se os seguintes efeitos: aplicação rodando, escalável, com tolerância a falhas, melhor utilizando recursos e com intervenções manuais mínimas.

Outros conceitos importantes quando falamos de orquestração, são:

  • Cluster: máquinas que vão rodar juntas servindo um propósito específico.
  • Service Discovery: descobrir automaticamente outros serviços na rede.
  • Load Balance: distribuir carga de trabalho entre o cluster.
  • High Availability: alta disponibilidade dos serviços.
  • Auto Scaling: escalar vertical ou horizontalmente as máquinas para atender a demanda de trabalho.

Docker Swarm

Uma ferramenta de orquestração é Docker Swarm, criado pela própria Docker. Antigamente, dependia de service discovery externo e hoje em dia já é incorporado ao próprio docker e pronto para produção. O swarm possui os componentes Nodes, Tasks, Services, entre outros. Ele faz a orquestração de dividir os contêineres dentro dos nodes disponíveis e enviar as tasks para os contêineres, seguindo a disponibilidade dos nodes e contêineres.

Existem dois tipos de nodes: managers e workers, onde os workers são o que de fato vão rodar as tarefas e os managers gerenciam esses workers. Esses nodes são todos distribuídos para alta disponibilidade e um “líder” manager é eleito para rodar comandos administrativos e etc.

O processo de eleição é baseado em uma votação, que o Wellington mostrou nos slides e em uma demo interativa também. Ele se aprofundou ainda mais no tema mostrando em detalhes como o Swarm realiza alguma das atividades.

Kubernetes

Outra ferramenta para orquestração apresentada foi o Kubernetes, concebida pelo Google (com auxílio da Red Hat), que em 2014 já criava cerca de 2 bilhões de contêineres em uma semana.

O K8s (abreviação para Kubernetes) também tem o conceito de nodes, onde temos os Kubelets que fazem o trabalho e os proxys que fazem a distribuição do serviço pela internet. Além dos nodes, temos services, load balancers e redes; controllers (que aparentemente gerenciam estados); pods e containers.

Wellington aproveitou o restinho do seu tempo mostrando uma demo com o Swarm e outra demo com o Kubernetes.

Foi uma talk densa com muitos conceitos novos para mim. Caso você esteja no mesmo barco, recomendo assistir o vídeo (quando for publicado), mesmo que seja somente para conhecer esses conceitos e entender melhor sobre orquestração.

Projetando uma arquitetura expressiva — Bruno Neves Menezes

Sendo justo, vim para a trilha Fortran para as duas últimas talks do dia. O Bruno veio lá de Brasília trazer conteúdo relevante de arquitetura para o público que encheu a sala.

Um problema que todos já passamos em algum momento é tentar encaixar todos os fluxos de uma aplicação em algum tipo de CRUD. Outro problema é o dos Models Anêmicos, consistindo em somente getters e setters, por exemplo. É basicamente utilizar a parte “chata” dos models sem os benefícios que os mesmos podem ter.

Conceitos

Para ilustrar sua talk, Bruno definiu um case de uma plataforma simples de troca de livros. Para os conceitos citados abaixo, foram exibidos slides de código desse case.

  1. Começando a falar sobre Domínio (lembram da talk do Eriksen sobre DDD?), foram mostrados os conceitos de Comportamento e Linguagem Ubíqua. Como uma forma de atingir essa separação de comportamento, o princípio Tell, don’t ask foi rapidamente mostrado, onde, ao invés de verificarmos o estado para realizar uma ação, estruturamos nossa lógica de forma que a própria ação faça a verificação internamente e quem chama somente se preocupe em disparar a ação, não verificar o estado antes.
  2. Serviços: Foram citados os termos Service Layer e Command Bus, pattern esse que mostra ações imperativas do usuário, com um recurso que carrega as mensagens dos comandos para as entidades que irão processar essas mensagens, os Handlers. Um exemplo de Command Bus é o de Middlewares. Foi citado o padrão CQRS, separando a aplicação em dois modelos: leitura e escrita. O lado de leitura não tem efeito colateral e pode ser seguramente chamado a qualquer momento, sendo somente a escrita responsável por realizar alterações no sistema. Segundo o Bruno, Command Bus “casa” bem com CRQS.
  3. Eventos são acontecimentos registrados no passado que carregam informações do ocorrido. Com isso, surgem os conceitos de Listeners e Subscribers, que escutam esses eventos e tomam ações secundárias baseadas neles. Outro conceito é o de Recorder, que grava os eventos ocorridos e só posteriormente dispara esses eventos, caso tudo tenha ocorrido bem (como se fosse uma transaction).
  4. Filas podem dar super-poderes para nossa aplicação. Por exemplo, para ações assíncronas, que serão executadas em processos isolados, sem impacto para os usuários. Evite cron-jobs quando possível, aproveitando-se de filas para resolver esses problemas. Existem várias engines de fila como RabbitMQ, Amazon SQS, etc.
  5. O quinto conceito foi de APIs, mostrando o GraphQL, uma especificação criada pelo Facebook para construção de APIs. As operações precisam atender ao schema, que é definido por nós, trazendo alguns paralelos em relação ao REST, como já foi mostrado por ele em outra talk. Algumas ferramentas foram citadas, como o GraphQL Bundle.

Aplicação de exemplo

Utilizando-se desses conceitos, Bruno fez uma demo, mostrando uma aplicação que fez especialmente para a talk e que, inclusive, está disponível no GitHub. Foi interessante ver na prática o que ele mostrou antes, bem como o GraphiQL para interagir com a sua API.

Bruno utilizou-se de experiências que ele e a equipe viveram nos últimos projetos e pôde colocar tudo em prática nessa talk e aplicação.

Comunicação entre sistemas — você está fazendo isso errado! — Anderson Casimiro

Infelizmente o evento vai chegando ao fim e, nessa trilha, temos a talk do Anderson, também conhecido como Duodraco, para fechar com chave de ouro. Ele é um velho conhecido das comunidades PHP também, então ter ele como palestrante pela primeira vez nesse evento é muito legal.

Duodraco já começou com uma reflexão: “Por que sistemas precisam se comunicar?”, apontando como o próprio Unix já permitia uma comunicação através de algo simples, como um pipe.

Logo em seguida, lembrou como os sistemas bancários brasileiros eram os mais avançados do mundo lá pela década de 90. E as aplicações bancárias, naquela época, se comunicavam transferindo o estado através do banco de dados, ou seja, todas utilizavam um mesmo banco para trocar mensagens. Puxando para outras formas de comunicação utilizadas antigamente, foi citada a transferência de dados via arquivos, sendo desencorajada por termos opções melhores hoje em dia.

Remote Procedure Call, ou RPC, é uma forma mais atual de comunicação entre sistemas. Outra forma citada é o de Gerenciamento de Filas, assunto que foi citado também pelo Bruno na talk anterior.

Respondendo a reflexão do começo da talk, o Duodraco explicou:

Aplicações se comunicam por três principais motivos: Distribuição de Dados, Distribuição de Ações e Distribuição de Processamento.

Chegamos aos anos 2000, com a era da Internet e do HTTP. Uma das formas de comunicação consolidadas é o SOAP, que Duodraco explicou com um pouco mais de detalhes dos aspectos de clientes e servidores. Um bom lugar para entender sobre SOAP com PHP é justamente na documentação.

Logo, ele nos mostra o REST, REpresentional State Transfer, que fala sobre cabeçalhos, verbos HTTP, negociação de conteúdo. Ele ressalta que REST é diferente de JSON e cita o RMM, o modelo de maturidade de Richardson, que indica quão madura a sua API RESTful está, variando do nível 0 ao 3, de acordo com a padronização que sua API segue, utilizando os protocolos HTTP e, ultimamente, hipermídia.

Duodraco, citando Martin Fowler, afirma que você chega a glória de uma API REST se estiver no nível 3. O PHP não tem nada “pronto” para se trabalhar com REST, mas pacotes como o Guzzle auxiliam bastante. Algo que também pode ser utilizado é o JSON-LD, que ajuda a descrever seus dados.

Citando Bruno com sua talk anterior, Duodraco explicou bem rapidamente sobre GraphQL, comentando inclusive que muitos pacotes no packagist podem ajudar com isso.

Uma ferramenta muito interessante para fazer o design de APIs é a API Platform que, a partir de uma definição que fizermos, entrega sua API pronta, REST e GraphQL, com documentação inclusa.

Outro questionamento deixado pelo Duodraco, foi: “E se não usarmos HTTP?” e nos direcionou a dar uma olhada em MQTT, Message Queuing Telemetry Transport e também nos projetos Mosquitto-PHP e no gRPC.

Reflexões

Para finalizar, o Duodraco deixa algumas conclusões interessantes:

“Não faça uma API por fazer”

Uma API é para outra aplicação utilizar, então faça de forma fácil de ser entendida.

“Avalie as opções — Planeje — Meça — Decida”

Pense em tráfego, tamanho das mensagens, performance, suporte das linguagens à sua escolha, infraestrutura, etc.

Conclusões sobre o PHP Experience 2018

Assim, fechamos o evento, com temática diversificada e a possibilidade de assistir às palestras que mais fizessem sentido para nós, alternando entre trilhas. Foi uma das maiores conferências que participei, certamente a maior de PHP. Fico contente com isso, visto que até algum tempo atrás, muitos consideravam que eventos não traziam tantos benefícios.

Eventos são mais uma forma de mostrar que #ComunidadeFunciona. Embora eu tenha coberto somente as talks aqui nesse texto, o evento vai muito além disso: networking, papo com os palestrantes fora do palco, encontro de comunidades, descoberta de novas ferramentas e empresas, vagas de emprego, sorteio de cursos, code review, livros e cursos com descontos, benchmarking com outras equipes, descontração e possibilidade de evolução – até mesmo deu pra treinar o inglês falando com os palestrantes internacionais após o evento, no pub. Daria pra fazer um artigo somente sobre isso, mas acho que já falei de mais, né?

E aí, vejo vocês em 2019?