DevSecOps

9 abr, 2013

Um mundo “novo” para o marketing digital: Big Data

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Falar sobre novidade em Internet é pleonasmo e ao mesmo tempo perigoso. Muitos conceitos já existentes e praticados ganham roupa nova ao serem batizados com termos tecnológicos e BAM!, a revolução se instaura. Mesmo assim, vale a pena colocar definição + cases e enfatizar o que já era feito no passado, mas que agora virou disciplina e tópico de muita discussão. Muitos de vocês já devem ter se deparado com a expressão big data. Vamos dissecar?

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O termo Big Data refere-se ao volume absurdo de informações que é produzido e consumido na era em que vivemos e na impossibilidade de processar essas informações com as ferramentas convencionais.

Trazendo isso para o mundo corporativo, imagine a dificuldade que empresas têm em extrair, armazenar, processar e então, o mais importante, visualizar esse volume crítico de informações a fim de obter insights valiosos?

Vamos trazer essa realidade para o nosso mundo? Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que um dos “culpados” pelo altíssimo volume de informações produzidas e consumidas hoje é o marketing digital, que exponencializou o número de touch points entre consumidores e marcas/empresas.

Seria lindo se não fosse trágico, pois:

  • 91% de profissionais de marketing seniors acreditam que marcas de sucesso fazem bom uso de Big Data para suas decisões de marketing, mas…
  • 39% dizem que os dados na empresa onde trabalham são coletados sem frequência certa ou não “suficientemente real-time”
  • 51% dizem que a falta de compartilhamento dos dados de clientes dentro da sua própria organização é uma barreira para medir efetivamente o ROI de marketing
  • Grandes empresas são muito menos propensas a coletar novas formas de dados digitais como dados móveis (19%) do que para reunir dados tradicionais sobre os clientes, como informações demográficas (74%) e comportamentais (54%)
  • 85% das grandes empresas já estão usando contas de redes sociais (por exemplo, sobre as contas da marca Facebook, Twitter, Google, Foursquare) como uma ferramenta de marketing
  • 65% dos profissionais de marketing, ao comparar a eficácia do marketing entre diferentes meios digitais, Big Data é “um grande desafio” para o seu negócio.

O desafio e ao mesmo a promessa das novas tecnologias que prometem lidar com este grande volume de informações é permitir que os profissionais de marketing tomem melhores decisões em todos os níveis, sejam varejistas, fabricantes, prestadores de serviços ou até mesmo governos e ONGs.

Falando em Governo… que tal um exemplo bem recente de como as tecnologias que manipulam Big Data podem prosperar?

Obama, o presidente digital

Se nas penúltimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, Obama revolucionou, nas últimas ele abalou as estruturas do mundo digital. Ao fazer uso de Big Data, Obama colocou seus cientistas de dados para trabalhar e sua equipe montou um banco de dados gigantesco com colunas e colunas de informação sobre eleitores. Em poucas palavras, o processamento dos dados estimou como cada grupo reagiria a cada tipo de abordagem e, ao colocar as ações em prática, os esforços eram medidos e viravam mais dados, que eram reinseridos no banco de dados e permitiam a obtenção de insights mais e mais inteligentes. Um verdadeiro Big Brother Eleitoral, como a própria equipe envolvida carinhosamente apelidou.

Os dados vieram de campanhas passadas, empresas especializadas (como Experian e Acxiom), redes sociais, assinantes do aplicativo Obama for America e etc. Um volume gigantesco de dados, chegando a 4gb processados por segundo, 8,5 bilhões de requisições ao banco de dados e 180 tb de armazenamento em três data centers.

Quer mais um exemplo de aplicação desta tecnologia? Ok, vamos lá.

Cidades inteligentes: projeto Cidade 2020

Com o objetivo de desenvolver um novo modelo de cidade inteligente sustentável, ecológica e economicamente por meio da análise da demanda real dos cidadãos aliada às oportunidades de comunicação oferecidas pela internet e cada vez mais numerosos dispositivos conectados à rede, o projeto pretende atender as necessidades de usuários com serviços públicos aprimorados.

Além de integrar diferentes âmbitos e tecnologias, o principal atrativo e diferencial do projeto é que a análise de dados obtidos em grande escala do comportamento urbano do cidadão, mediante a integração dos grandes dados digitais para aprimorar e definir os serviços oferecidos. A coleta destas informações sobre os cidadãos em termos de uso de transporte, energia, meio-ambiente e comunicação será utilizada para retroalimentar as tecnologias e os serviços desenvolvidos e assim permitirão ajustar os serviços interativos acessíveis oferecidos para as necessidades reais.

Além disso, já existem projetos mais ambiciosos de aproveitar as informações de cidades inteligentes para gerar receita proveniente de anunciantes. Imagine o seguinte: e se uma telecom cruzar dados demográficos e de geolocalização de seus assinantes e oferecer para empresas que desejam saber onde seu público alvo circula na cidade, a fim de escolher o melhor ponto para uma loja?

Respeitando a dualidade universal mais famosa, a tecnologia de Big Data é clamada pelo bem e crucificada pela “mal”. O problema, neste caso, é a preocupação com privacidade. Enquanto o projeto de cidades inteligentes conserva a identidade do indivíduo e se importa somente com dados coletivos, a campanha de Obama utilizou os insights conquistados para ações one on one.

Nos últimos anos, legisladores e reguladores têm manifestado preocupações crescentes sobre o volume de dados que as empresas estão coletando, como essa informação é utilizada, se o dado coletado é vendido, e se os consumidores são avisados sobre as práticas dessas empresas.

Penso assim: é uma escolha do indivíduo fornecer informações. Outro dia ouvi um amigo dizer: “não ligo para o modo como as redes sociais fazem uso dos dados pessoais. Não estou em nenhuma delas mesmo”.

Interconectividade: ônus e bônus. Cabe a nós escolher.

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Esta entrevista foi publicado originalmente na Revista iMastersAcesse e leia todo o conteúdo.