Carreira Dev

3 jul, 2013

A Geração Videogame e os profissionais de TI

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No inicio desse ano passei aproximadamente 5  horas na game on, uma exposição internacional de videogames no MIS (Museu da Imagem e do Som) em São Paulo.

O grande barato da Game On é que podíamos jogar, de grandes clássicos à FIFA 2012. Como grande fã de vídeogames e já passado dos 30, fiquei do tempo nos velhos clássicos e eis que me deparo com uma situação do qual me inspirou esse relato.

Eu jogava o bom e velho Pitfal, um clássico do Atari criado pela Activision. Isso em meados dos anos 80, e eu e meu irmão passávamos horas diante da TV pendurados em cordas, pulando sobre a cabeça de crocodilos e escorpiões, até que em determinado momento um garoto, de no máximo 12 anos de idade, começa a jogar. Eu, todo empolgado, comecei a falar do jogo. O moleque foi em frente, passou por umas cinco telas até que “morreu” e, claro, ele precisa retomar o jogo desde o início. Para meu espanto, ele virou para mim e disse: “como assim, tenho que reiniciar tudo? Não quero jogar mais isso!”. E foi embora.

Como já disse, sou um grande  fã de vídeogames e recentemente terminei God of War 3, um jogaço. Do Pitfal lembrei o God of War 3 – jogabilidade, gráficos, trilha sonora, roteiro, tudo lindo demais. Mas, ao interagir com aquele garoto, fiquei diante de uma situação que venho enfrentando nas últimas semanas.

Percebi que em GOW 3, e na maioria dos jogos da nova geração, apesar de toda evolução tecnológica eles prestam um grande desserviço à sociedade – por conta de seus diversos checkpoints e autosaves, a vida do personagem é muito facilitada. Quando o todo poderoso Kratos (o mocinho do jogo) falha, ele recomeça indefinidamente de onde parou, simples assim. E o que é mais assustador: ao falhar sucessivamente em um mesmo desafio o jogo lhe convida a superá-lo, alterando o nível de dificuldade para algo inferior – um absurdo! – e se o problema persistir, nossos jovens jogadores simplesmente desistem dele e pegam um outro jogo da pilha de jogos – ou seja, “cansei disso, desisto!”.

Senhores, sem querer generalizar ou criar estereótipos, mas essa geração vídeogame tem levado para sua vida profissional o Kratos em God of War – são invencíveis, impacientes, mimados, sem comprometimento, desistem facilmente e, ao se depararem com alguma grande dificuldade, simplesmente abandonam o jogo e partem para o próximo.

Recentemente realizei um exaustivo processo seletivo para contratação de mais de 15 profissionais – a maioria desenvolvedores Plenos e Seniors – e, para minha surpresa, um dos candidatos não tinha formação na área e declaradamente havia pouco mais de 4 meses de contato com banco de dados; segundo ele, resolveu todos os problemas da sua empresa e por isso estava saindo de lá, porque não era mais Junior. Ok, John Nash escreveu sua teoria dos jogos aos 21 anos, aos 15 Mozart já havia composto mais de 20 sinfonias, e aos 13 Bobby Fisher jogou a partida do século. Mas o fato é que nossos colegas não têm a menor paciência na carreira, aliás quem nunca viu um “expert” em JavaScript brigando pelo cargo de gerente de desenvolvimento??

E o que dizer daqueles que, nos primeiros sinais de dificuldade (sejam problemas técnicos, relacionamento entre colegas, cliente e/ou chefe), se mandam para o próximo emprego, sem o menor comprometimento com seus projetos, seu empregador e, pior, seu cliente?

Bom meu amigos, o fato é que precisamos viver bem todas as fases de nossas carreiras, a construindo de maneira sólida, através da obtenção de conhecimento técnico e principalmente experiência. Entendo que só assim teremos uma vida corporativa longa e próspera, como diria nosso velho amigo vulcano – o sábio Dr. Spock.

Grande abraço e até a próxima…