Carreira Dev

15 fev, 2017

Gestão de carreira: operacionalizando o planejamento

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No artigo anterior, foi apresentada uma maneira de estruturar o planejamento das competências a serem desenvolvidas.

Relembrando o framework aplicado nos últimos três artigos: ele é composto por quadrantes que determinam características sobre o seu nível de conhecimento ou desconhecimento sobre determinadas habilidades. Uma explicação mais detalhada é encontrada nos artigos anteriores sobre o tema.

Neste artigo, eu apresento formas de operacionalizar o planejamento criado no artigo anterior, que foi baseado no framework SMART.

Dia-a-aia do planejamento

Baseado nas metas SMART apresentadas no artigo anterior (Specific, Measurable, Assignable, Realistic e Time-Related), temos uma visão do objetivo e a profundidade que queremos para o desenvolvimento de uma competência.

No entanto, diversas competências são desenvolvidas a longo-prazo, e uma técnica interessante é a deliberate practice (em tradução grosseira: treinamento deliberado), que consiste em definir blocos de tempo normalmente diários para treinar pontualmente algum pequeno aspecto da sua competência, até atingir o grau desejado de domínio dela.

E no caso de capacidades físicas e cognitivas, é fundamental ter uma determinada rotina de treinamento de baixa intensidade, do que picos de desenvolvimento, devido a necessidade de se ter um tempo para absorver os progressos obtidos.

Na próxima seção, darei dicas de como montar essa rotina e por fim, sugestões de ferramentas que possam auxiliá-los no acompanhamento desse processo.

Dicas para montar sua rotina

Nesta seção, darei algumas dicas para montar a sua rotina de maneira a encaixar os processos de aperfeiçoamento das suas competências ao longo do seu dia:

  1. Separe o tempo que é dedicado para melhoria das competências, do tempo para performar (ou seja, para utilizar as suas competências). O tempo para melhoria é dedicado para o aprendizado e durante esse processo. É natural encarar alguns obstáculos, cometer erros e explorar novos caminhos, portanto, é um tempo apenas para fazer o deliberate practice. Já o tempo para performar é dedicado apenas para a etapa de execução do que já é conhecido das suas competências. Nesses momentos, deseja-se não cometer erros e busca-se focar apenas em completar as suas atividades;
  2. Mais importante do que concentrar os esforços de melhorias, é manter um ritmo. É melhor manter um estudo diário de 15 minutos sobre um determinado assunto, do que concentrar 3h de estudo em um final de semana;
  3. Aceite que é natural sentirmos preguiça de fazer algo. Em dias assim, que ocorrem com toda pessoa normal, é importante manter a disciplina, ainda que com uma carga reduzida, para não perder o ritmo. A quebra de qualquer rotina começa pelo primeiro dia em que “não deu” para fazer algo;
  4. Descubra o melhor período do dia para realizar esses processos de melhoria. Esses tipos de atividades costumam consumir bastante energia e esforço cognitivo. Então, o recomendável é buscar fazê-los no horário do dia em que se sinta mais motivado;
  5. Busque passar por esse processo junto a um grupo. O incentivo do grupo contribui para manter a motivação e o foco naqueles momentos em que a preguiça ou o cansaço batem à porta.
“Success is the result of perfection, hard work, learning from failure, loyalty, and persistence” – Colin Powell

Ferramentas para acompanhamento

Como profissionais de tecnologia, nada melhor do que contar com ferramentas que nos auxiliem a acompanhar ou nos lembrar das atividades.

  • Google Calendar: no caso de se ter muitas atividades de melhoria com horário bem definido.
  • Wunderlist / GQueues / Remember The Milk: no caso de você gostar de to-do lists.
  • Trello: no caso de você ser developer e adorar montar kanbans.

Estudo de caso

Continuando o case apresentado no artigo anterior, sobre estudo de alemão, decidi adotar a seguinte operacionalização de rotina:

  • Ter ao menos três ocasiões durante a semana para falar apenas em alemão com a sócia.
  • Diariamente treinar por vinte minutos no Duolingo às 18h, horário em que a demanda de trabalho é mais baixa e em que se conseguiria concentrar mais.
  • Semanalmente revisar o progresso no aprendizado de novas palavras e expressões.
  • Como lembrete de fazer as lições, o Google Calendar foi utilizado através de eventos recorrentes e a opção de notificação de treino do Duolingo.
  • Para acompanhamento macro, o Trello foi utilizado, onde foram definidas as macro áreas de estudo e melhoria na língua.
  • Até alcançar o nível intermediário, todo o esforço foi apenas para aprendizado. Assim que um domínio maior da língua foi obtido, gradualmente o tempo foi realocado para performar, ou seja, aplicar o uso da língua alemã em reuniões de negócios.

Conclusões

Neste artigo foi apresentada a etapa final de operacionalização na melhoria de uma competência, completando a série de artigos sobre desenvolvimento de novas competências. No próximo artigo, tratarei de um tema mais corporativo: cultura organizacional.

Pretendo continuar uma série de artigos falando sobre carreira. Caso tenham dúvidas ou propostas de temas interessantes, é só mandar um e-mail para: me@rafaelmatsuyama.com.