Desenvolvimento

24 abr, 2017

Progressive Web Apps: a palavra-chave é Web, não App

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Muito do entusiasmo que se vê com as Progressive Web Apps gira em torno da ideia de que usaremos tecnologias Web pra escrever Apps mobile. Mas eu enxergo as coisas ao contrário: é a Web de sempre, salpicada com coisas que antes eram exclusivas de Apps. A palavra-chave no nome PWA é Web.

Pode parecer uma pequena diferença de ponto de vista, uma semântica qualquer. Mas não acho. Quando focamos demais, por exemplo, que as PWAs são instaláveis no celular, esquecemos que usuários não querem mais instalar aplicativos. Quando falamos que agora temos Push Notifications na Web, esquecemos que boa parte dos usuários não quer ser bombardeado de notificações. E até quando falamos de uma Web Offline com Service Workers, podemos acabar esquecendo que, muitas vezes, a maioria dos seus visitantes vai vir uma vez só e ir embora.

Não quero dizer que instalar uma PWA é ruim, ou que Push Notifications e Offline na Web não sejam sensacionais. São, e muito! Os alunos do curso de PWA da Alura ficam maravilhados com Service Workers: é a Web finalmente chegando lá. Está se equiparando às Apps nativas em possibilidades e capacidades. Mas a Web é muito mais que isso.

A Web é feita de páginas simples expostas em URLs que todo mundo sabe usar. Busco algo no Google, clico num link, vejo o que quero e fecho a aba. Recebo um link de um amigo no Whatsapp, clico, leio o que preciso e fecho a aba. Gosto de alguma página, mando no grupo da família no Facebook. Nada disso exige que eu, usuário, precise me comprometer com um ícone na minha home. Ou precise esperar uma instalação. Ou precise pensar se quero mesmo receber notificações daquela empresa.

O ponto é que a Web favorece o uso pontual e descompromissado. Favorece o link simples, a aba que abro quando me é útil e fecho quando acabo o que tinha que fazer. O usuário está acostumado com não precisar pensar demais pra navegar na Web. E isso é bom. Isso é o que faz a Web ser universal, ter tantos usuários.

Em algum momento desse meu uso casual, eu posso querer dar o próximo passo. Estreitar laços com aquela página. Gostar tanto daquela marca/empresa a ponto de querer dar o próximo passo na relação. Aí, sim, eu cedo um espaço precioso no meu aparelho para o seu ícone. Aí, sim, eu talvez tope receber notificações de você. Aí, sim, o offline comece a fazer sentido… Nesse momento, aquela Progressive Web pode virar uma App e eu vou ficar feliz com isso.

Mas esse momento mágico acontece lá na frente, depois que meu relacionamento com o site já maturou o suficiente. As PWAs são fantásticas por permitirem essa evolução de relacionamento: uma página simples por trás de um link pode, se o usuário quiser, um dia, virar uma App instalada com super poderes.

As App Stores clássicas sofrem do problema de já exigirem um comprometimento gigantesco logo no início do relacionamento – achar na loja, instalar, aceitar permissões, aguardar instalação, abrir a App… As PWAs mudaram todo esse fluxo de relacionamento para algo mais natural para o usuário, que vai estreitando laços com o tempo. Esse novo fluxo é matador e é por isso que usuários estão gostando de PWAs.

Mas o ponto-chave aqui é que na maioria dos casos, o grosso dos usuários vai continuar na Web. Não vai dar o próximo passo. Não vai instalar seu ícone, não vai te deixar mandar notificações. E isso é ok. Como na vida, a maioria dos seus relacionamentos é superficial. Você tem poucos relacionamentos profundos e, mesmo esses, começaram em algo superficial lá no passado.

Pense bem sua PWA pra ter uma excelente experiência Web. Que sua página seja linda, rápida e funcional para os seus usuários que vão te visitar e fechar a aba em seguida. Trabalhando bem sua página Web, talvez um dia eu te dê o privilégio de estar na minha home screen.