Desenvolvimento

17 nov, 2017

Pensamento: como o seu produto está influenciando a sociedade?

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Em alguma fase de implementação da sua ideia – seja ela um aplicativo, um sistema, um software ou um simples blog para expressar-se – você parou para pensar em como serão os impactos na sociedade? Como seu produto, após lançado, poderia influenciar sua família ou o lixeiro que passa na sua rua todos os dias, executando uma importantíssima manobra para o funcionamento básico da evolução?

Pode parecer extremamente difícil adicionar essa análise ao seu planejamento, principalmente porque temos em mente que uma das primeiras etapas na aposta da ideia é escolher o nicho ao qual ela está atrelada. Esta etapa retira, superficial e falsamente, nossa responsabilidade sobre o nosso produto, no que diz respeito à sociedade. “Meu App é focado em relacionamentos, para o público jovem”, ou seja, não precisamos nos preocupar com mais ninguém, e qualquer pessoa que seja atingida pelo App e não esteja nesse nicho, não deve ser considerada.

Certa vez li que “em um mundo guiado por software, toda empresa é naturalmente também guiada por software” (Perdão, mas não me recordo da fonte), levando-nos a crer que TI é tudo e tudo deve se tornar TI. De fato, se você lê este texto agora é porque faz parte deste mundo guiado por software, bem como eu, que usei um editor de texto altamente tecnológico para escrevê-lo. Porém, há um pensamento extremamente profundo que diz que a vida não trata apenas de dinheiro (lembre-se da sua infância, com o que você se importava?).

Se nós – eu, de TI; você de TI – fôssemos fazendeiros, a maneira romântica de definirmos nosso trabalho e nossa profissão seria “sem nosso esforço, a sociedade não tem alimento”. O Facebook se auto-definiu (em sua página): “Fundado em 2004, a missão do Facebook é dar às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo abertamente conectado. Pessoas usam o Facebook para se manterem conectadas com familiares e amigos, para descobrir o que está acontecendo com o mundo e para compartilhar e expressar o que importa para elas”. Ok, é uma ideia e tanto!

Mas, em que mundo uma propaganda patrocinada te ajudará a se manter abertamente conectado aos seus familiares e aos seus amigos? Qualquer serviço precisa de dinheiro para ser mantido. Mantido! Mas a esperançosa e humanitária ideia acabou como qualquer outro negócio milionário: entrou para a Nasdaq. Talvez uma excelente ideia no início, porém se vendeu para o capitalismo. Ok, vida que segue.
Muitos cursos de Ciência da Computação (e relacionados) preparam seus estudantes para resolver problemas eticamente (dentre outros). Eu gosto de tentar pensar na raiz do problema ao invés de comprar mais RAM quando minha aplicação está estourando a memória. Talvez seja hora de realmente entender a aplicação e como desenvolver com o melhor aproveitamento. Mas desenvolvimento é apenas isso? O que realmente queremos para a sociedade?

Nós construímos softwares, sistemas, aplicações, etc. Estes são os nossos produtos. Mas como podemos tornar melhor a vida daquele lixeiro que passa na nossa rua – mesmo que nosso produto não envolva nenhum contexto do qual o lixeiro participe? Mais do que isso, por que não o mostramos que a vida não se trata de dinheiro? Talvez seja uma simples questão de dizer “bom dia” ou “obrigado”. Nós temos palavras mágicas que, em teoria, nos dizem que nos preocupamos com nossa sociedade. Que tal termos, também, produtos mágicos? Que realmente têm algo a dizer?

Meus amigos, obviamente que apesar de tudo isso não ser uma utopia (não é impossível), não é o mundo real. Nós temos de comprar nossa comida, roupas e cuidar de nossa saúde. Nós temos um teto sobre nós, permitindo que eu escreva este texto e que você o leia. Mas isso não significa que no conforto que tivermos, por menor que seja, precisamos esquecer todo o pensamento proposto nos parágrafos anteriores. Este pensamento pode fazer parte de nossa excelência técnica. Podemos, sim, tornar o mundo muito melhor, no que tange a tolerância humana e a discussão respeitosa. Um de meus amigos me contou uma vez: se cada um de nós varrer a rua da nossa casa, a cidade inteira estará limpa em 10 minutos.