Agile

8 jun, 2017

As origens do Lean

Publicidade

Muitos livros relacionados à engenharia de software surgiram recentemente trazendo consigo o termo “Lean”. Mas afinal o que significa? Qual sua origem? Para não sermos levados por modismos é necessário compreender as raízes conceituais de termos, tecnologias e métodos, para assim absorvermos ao máximo seus benefícios.

Lean é um modelo gerencial aplicado por meio de princípios e técnicas operacionais, tendo como objetivo a redução do desperdício, a melhoria da qualidade e a maximização do valor entregue ao cliente. Em sua essência é uma filosofia orientada à eficiência e eficácia de processos, centrada em criar mais valor com menos trabalho.

O termo Lean foi usado pela primeira vez por John Krafcik (1988) em seu artigo “Triumph of the Lean Production System” (Triunfo do Sistema de Produção Enxuto), base de sua tese de mestrado no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Krafcik, um engenheiro de qualidade do setor automotivo, havia trabalhado numa joint venture da Toyota/GM, localizada na Califórnia (USA), e usou os anos de experiência na montadora japonesa para desenvolver sua linha de pesquisa.

Posteriormente, em 1991, esse material foi utilizado pelo grupo de estudo que Krafcik também fazia parte, o IMVP (International Motor Vehicle Program) também do MIT, para produção do best-seller “The Machine that changed the World” (A Máquina que mudou o mundo), em uma coautoria de Womack, Jones e Roos. Essa publicação foi sem dúvidas a de maior relevância para a disseminação dos princípios Lean e do Toyotismo (i.e. Sistema Toyota de Produção), além de, é claro, da implementação desses princípios na manufatura.

Em 1995, Womack e Jones escreveram um segundo livro intitulado “Lean Thinking: banish waste and create wealth in your corporation”. Essa publicação enumerou os conceitos básicos da filosofia Lean, dispostos em cinco princípios e a aplicação dos mesmos não somente à linha de produção e manufatura, mas à diversas outras áreas de uma empresa, dando origem a novas abordagens como o Lean Services (aplicado a prestação de serviços), Lean Product Development (aplicado a criação de novos produtos), Lean Office (aplicado a atividades administrativas) e o Lean Enterprise (modelo generalizado, aplicado a toda a organização).

Os cinco Princípios do Lean Thinking são:

Valor: consiste em identificar definir o que é Valor para o cliente;

Fluxo de Valor: significa dissecar a cadeia produtiva e separar os processos em três tipos. Aqueles que efetivamente geram valor; aqueles que não geram valor, mas são importantes para a manutenção dos processos e da qualidade; e, por fim, aqueles que não agregam valor, que devem ser eliminados imediatamente;

Fluxo Contínuo: deve-se dar fluidez aos processos e atividades, de modo a perceber que o valor é criado sem obstáculos e impedimentos;

Produção Puxada: permite inverter o fluxo produtivo. As empresas não mais empurram os produtos para o consumidor (desovando estoques) através de descontos e promoções; o consumidor passa a puxar o Fluxo de Valor, reduzindo a necessidade de estoques e valorizando o produto;

Perfeição: deve ser o objetivo constante de todos os envolvidos nos fluxos de valor. A busca pelo aperfeiçoamento contínuo em direção a um estado ideal deve nortear todos os esforços da empresa em processos transparentes, nos quais todos os membros da cadeia tenham conhecimento do processo como um todo, podendo dialogar e buscar continuamente melhores formas de se criar valor.