DevSecOps

10 mai, 2018

Como se tornar um Agile Coach?

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Nesse mês de maio completo seis meses na minha nova função como Agile Coach no banco Agibank. Relembrando agora minha trajetória com métodos ágeis desde 2010, talvez eu não tenha sido nunca apenas um Scrum Master, uma vez que sempre estive atento a outras práticas e frameworks, adotando o que melhor se adequava à cada necessidade das empresas em que trabalhei (e fundei) desde então. E afinal, essa é a essência de um Agile Coach!

Neste artigo, tento trazer uma luz a um tópico que tanto me deixava receoso no final do ano passado: afinal, o que é preciso para se tornar um Agile Coach de sucesso ou ao menos: como se tornar um Agile Coach de verdade? Além das skills básicas de Scrum Master, tal qual as descritas no Scrum Guide, o que mais eu precisaria?

Segundo o Agile Coaching Institute, são oito competências necessárias que todo Agile Coach deve possuir para que possa desempenhar a sua função com maestria, e é nessas oito competências que estruturei o artigo de hoje, explicando o que é cada uma delas e citando referências bibliográficas onde você pode se aprofundar.

Framework de Competências do Agile Coach

Em uma tradução/adaptação livre, temos as seguintes competências:

Cultura Ágil e Lean

Independente do framework ágil de sua preferência, um Agile Coach deve ter um mindset ágil, um foco nas raízes do Lean da Toyota (berço de boa parte das práticas ágeis) e uma cultura de agilidade tal qual descrita no Agile Manifesto. Essa base lhe propiciará um discernimento do que é ser ágil, não apenas a nível de prática, mas a nível de princípios e entendimento realmente profundo.

Algumas referências de estudo nessa linha, incluem (com links para a Amazon):

Desenvolvimento de Software com Scrum: Aplicando Métodos Ágeis com Sucesso“, de Mike Cohn, cujo título original em Inglês faz mais sentido: Succeeding with Agile.

Coaching Profissional

Como o próprio nome da função sugere, o Agile Coach é – em essência – um treinador, e deve ter habilidade para atuar como tal, com um grande foco em orientar os times e os indivíduos a alcançarem a máxima performance, explorando todo o seu potencial. O interesse do seu cliente é o seu norteador e, baseado nele, o Agile Coach deve ser capaz de aplicar as técnicas e métodos mais adequados a cada situação, independente da sua opinião ou até mesmo da sua expertise, indo muitas vezes além do técnico dos métodos ágeis e partindo para uma transformação de mindset dos envolvidos (Programação Neuro-Linguística ajuda muito aqui).

Para desenvolver tais habilidades, além de muita empatia e prática, existem cursos específicos para se tornar um coach (como os oferecidos pelo IBC) e algumas leituras recomendadas, tais como o “Poder sem Limites” de Tony Robbins, o meu autor de PNL favorito.

Facilitação

O Agile Coach guarda nas suas raízes como Scrum Master o perfil de facilitador: um indivíduo neutro, guardião de técnicas, que guia a organização rumo à descoberta de seus processos e ao sucesso de seus projetos.

O fantástico Game Storming de Dave Gray (que aliás é imenso e eu tenho na minha estante) é um prato cheio de jogos para inovar, mudar o rumo de reuniões e ajudar as pessoas a irem muito além de brainstormings já “amarelados”.

Mentoria

Mentoria é a capacidade de transmitir a experiência, o conhecimento e a orientação de uma pessoa para ajudar no crescimento de outra pessoa nos mesmos domínios de conhecimento ou semelhantes. Resumindo: a capacidade de formar outros Agile Coaches dentro da organização.

Obviamente que você só vai querer fazer isso após ter o mínimo de confiança de que você mesmo é um Agile Coach, mas uma maneira de ir se aperfeiçoando enquanto mentor é focar em leituras sobre liderança, como o excelente “O Monge e o Executivo“, e sobre trabalho em equipe como “As 17 Incontestáveis Leis do Trabalho em Equipe“. Ambos os livros te darão um norte de como líderes empoderam times vencedores.

Ensino

Um bom professor é aquele que possui a capacidade de oferecer o conhecimento certo, no momento certo, ensinado da maneira correta, para que indivíduos, equipes e organizações metabolizem o conhecimento para o seu melhor benefício.

Diferente da mentoria, que possui um foco em passar a sua experiência para que outro indivíduo assuma posição semelhante à sua, o ensino foca na passagem de conhecimentos específicos, dadas as circunstâncias de um indivíduo, usando ferramental apropriado.

O clássico “Coaching Agile Teams” (somente em Inglês), da Lyssa Adkins, que é a “bíblia” do Agile Coaching, tem muitas lições acerca de como ser um bom professor de métodos ágeis, além de um mentor e coach.

Maestria Técnica

Essa competência resume-se em saber “botar a mão na massa” quando necessário, ou seja, não ser apenas um profissional teórico, mas saber como a coisa funciona na prática, a ponto de você conseguir executar ou propor atividades técnicas pontuais no dia a dia.

Um Agile Coach sem conhecimento técnico (mesmo que superficial) vai depender e muito de membros técnicos de confiança nos times em que atua para conseguir bons resultados, uma vez que muitas transformações em processos exigem mudanças técnicas nos times como testes, arquitetura, CI, CD, refactoring, código-limpo e muito mais.

É obrigatório o Agile Coach entender o que é Continuous Delivery e ajudar o time a enxergar neste conceito a agilidade técnica de que tanto precisam. Neste ponto, o excelente “Entrega Contínua” de Jez Humble cumpre bem o seu papel como um guia no assunto.

Já o compilado “eXtreme Programming” do Daniel Wildt e cia. lhe dará um overview de técnicas e práticas do XP para complementar as lacunas deixadas por uma formação pautada apenas com Scrum (como a minha).

Maestria de negócios

Além de skills técnicas, cabe ao Agile Coach ter skills de negócio também, principalmente aquelas vinculadas a concepção de novos produtos, validação de hipóteses, personas e muito mais, uma vez que não tem como ser ágil se as áreas de negócio da empresa não são.

Um Agile Coach sem conhecimento de negócio (mesmo que superficial) dependerá de Product Owners extremamente experientes dentro dos times, uma vez que não conseguirá auxiliá-los em etapas extremamente difíceis da jornada de cada time como descoberta de novos negócios, priorizações difíceis, etc.

Leituras neste sentido não faltam, mas seguem duas referências:

Capacidade de transformar

Um Agile Coach é um agente de mudança e, como tal, deve ser capaz de provocar mudanças culturais e organizacionais dentro da empresa em que atua. Muitas vezes ele deve liderar essa transformação, evangelizando a cultura ágil em todas as esferas da empresa para garantir que a mesma não seja um movimento isolado e que morra com o passar do tempo.

O livro “Os 5 Desafios das Equipes” (Dysfunctions, no original de Patrick Lencioni) trata muito deste assunto, bem como o “Virando a Própria Mesa” do brasileiro Ricardo Semler, um ícone de transformação organizacional e cultural moderno. Outros títulos famosos, estes que eu não conheço ainda, são “Emergência: A Dinâmica de Rede das Formigas, Cérebros, Cidades e Software“, de Steven Johnson e o Inteligência Emocional de Daniel Goleman.

E aí, o que achou deste framework de competências? Concorda ou discorda? Use a área de comentários abaixo para discutirmos nossas percepções sobre esse importante papel nas empresas ágeis.