Carreira Dev

4 mai, 2017

Cultura organizacional: o que é isso? – Parte 02

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No artigo anterior, foi apresentado o conceito de cultura organizacional e seus 12 pilares principais, dos quais 3 deles foram discutidas em maior profundidade.

Hoje, serão apresentados mais 4 pilares nos quais a cultura organizacional se fundamenta: Hábitos, Comportamentos, Valores Éticos e Valores Morais. Pontos que estão em grande foco atualmente não apenas sob a ótica corporativa, mas também na esfera pública.

Hábitos

Um hábito é basicamente um conjunto de rotinas ou ações individuais que são realizadas com determinada regularidade e que costumam serem feitas subconscientemente. A fixação de um novo hábito exige uma etapa inicial que é consciente de maneira a consolidar a rotina, sendo que na etapa final, a execução desta se torna subconsciente, ou “automática”.

Note que o hábito em si não é bom ou ruim, apesar de que hábitos ruins podem ser chamados de vícios para uma melhor distinção entre rotinas nocivas ou não para a sua vida ou carreira.

O processo de mudança de um hábito é de longo-prazo, pois requer “esquecer” o hábito antigo para posterior consolidação do hábito novo, o que demanda um grande esforço da parte do indivíduo e do seu ambiente para que isso ocorra.

Nos ambientes corporativos, isso costuma ser indiretamente medido e avaliado por meio dos feedbacks formais, pois os hábitos possuem uma relação próxima com a produtividade de um funcionário.

Comportamentos

Os comportamentos são bem similares aos hábitos na parte conceitual, porém, são mais do que a rotina para o indivíduo, incluem também o contexto e a sua relação com outras entidades. Ou seja, os hábitos são individuais, os comportamentos são conforme o contexto e o seu grupo.

Variando-se o contexto e as pessoas envolvidas, um indivíduo pode mudar o seu comportamento devido a maneira esperada e de conformidade a determinadas regras de conduta social.

É especialmente neste aspecto em que projetos de transformações de empresas podem ser bem sucedidas ou não, pois se as mudanças não forem refletidas no comportamento do dia-a-dia e nas ações das equipes, existe grandes chances desse processo de transição fracassar ou apresentar grandes obstáculos para sua efetivação.

Valores morais

Os valores morais envolvem o conjunto de decisões, intenções e ações que são classificadas entre próprias e impróprias. Esses valores podem ser baseados em códigos de conduta, ou de uma linha filosófica, ou de uma religião, ou mesmo de uma cultura.

Há dois aspectos que são importantes para um gestor reforçar em sua equipe: via código de conduta corporativo (de juri – via regras bem estabelecidas), como também via cultura (de facto – pelas ações do gestor e pela convivência no dia-a-dia).

Note que se tratam de valores associados não apenas a uma empresa, podem ser associados a qualquer grupo de pessoas com o intuito de “normatizar” a conduta dos seus membros.

“To make customers happy, we have to make sure our employees are happy first.” – Tony Hsieh, Zappos

Valores éticos

Assim como os valores morais são baseados na conduta de um grupo de pessoas, os valores éticos são baseados na conduta esperada de um indivíduo, envolvendo os seus princípios e crenças pessoais.

É importante para um profissional avaliar se os seus valores estão alinhados com os valores de sua equipe e de sua empresa para evitar situações de dilemas éticos, onde se torna necessário tomar uma decisão, ou seguir uma diretriz da empresa ou ainda seguir sua crença pessoal.

Outro ponto importante é o profissional desenvolver o seu auto-conhecimento, de forma a se conhecer melhor, para que esses valores éticos sejam bem definidos, e a facilitar o gerenciamento de eventuais conflitos com os valores morais da equipe e da empresa.

Estudo de caso

O estudo de caso que será apresentado se refere ao escândalo do passageiro removido a força do seu assento em um voo da United Airlines, baseando-se nas informações noticiadas pelos jornais.

Logo após o começo do embarque, foi identificada a necessidade de que fossem liberados 4 assentos, ao que nenhum passageiro se prontificou de embarcar no próximo voo, 4 passageiros foram selecionados aleatoriamente para serem removidos do avião.

A situação que será analisada neste estudo de caso foi durante o tratamento dos passageiros que foram selecionados para remoção do avião, onde um dos passageiros acabou sendo removido a força e isso viralizou na internet após publicação no YouTube de vídeos gravados pelos demais passageiros que estavam presentes no avião.

As grandes empresas, em geral, definem uma série de protocolos (as práticas) que tratam das situações comuns que ocorrem e refletem os valores da empresa (valores morais e comportamentos esperados). E os funcionários, com base em sua vivência, cultivam os hábitos conforme os procedimentos definidos pela empresa.

O que pode ter ocorrido nessa ocasião, foi que a recusa do passageiro em se retirar do avião não estava prevista nos protocolos da empresa e ficou a cargo da tripulação decidir entre usar o seu bom-senso (valores éticos) ou “enforçar” o procedimento da empresa (valores morais), mesmo que recorrendo ao uso de força para isso.

Em uma situação normal, a tripulação não se utilizaria de força e nem o passageiro teria reagido de maneira a se tornar uma “exceção” ao protocolo.

No entanto, devido a circunstância extraordinária do passageiro se recusar a sair do assento, a tripulação optou por enforçar o procedimento, recorrendo até ao acionamento da força policial presente no aeroporto.

O ponto chave dessa situação foi que a empresa muito provavelmente não definiu situações ou condições para as quais os funcionários possam utilizar seu próprio julgamento em ocasiões excepcionais como essa. Isso resultou em uma desvalorização de alguns bilhões de dólares nas ações da empresa; por isso, uma boa definição dos valores que norteiam a empresa, assim como preparar seus funcionários para situações extraordinárias, é muito importante para preservar a reputação da empresa e garantir qualidade na prestação de serviços aos seus clientes.

Conclusão

Neste artigo foram apresentados mais quatro pilares da Cultura Organizacional: Hábitos, Comportamentos e Valores Éticos e Valores Morais, exemplificados com um estudo de caso.  No próximo artigo, teremos mais três: Princípios, Crenças e Cerimônias, em conjunto com outro estudo de caso.

Pretendo continuar uma série de artigos falando sobre carreira. Caso tenham dúvidas ou propostas de temas interessantes, é só mandar um e-mail para: me@rafaelmatsuyama.com