Cloud Computing

15 jul, 2014

O servidor dedicado morreu?

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Comenta-se muito sobre a tecnologia revolucionária chamada cloud computing, a qual utiliza um pool de recursos físicos, distribuídos em servidores virtuais de forma redundante e isolada, denominados no mercado como cloud servers. Sua lista de benefícios é vasta, como a redundância de hardware, a fácil e rápida escalabilidade vertical e horizontal, a redução de custos tanto por sazonalidade como por precisão no dimensionamento e a rapidez no aprovisionamento por uso de templates prontos.

E como praticamente ocorre com toda chegada de uma nova tecnologia, é comum o mercado questionar a continuidade das tradicionais. Aconteceu com a televisão ao termos a Internet difundida, aconteceu com o e-mail com a expansão das redes sociais e agora muitas vezes é questionado se o servidor puramente físico, comumente referenciado no mercado como servidor dedicado, ainda tem seu espaço em novos projetos.

O fato é que, apesar dos avanços conquistados com a nova tecnologia, assim como os outros exemplos citados, ainda existem características únicas que apenas os tradicionais servidores dedicados podem oferecer, como a alta densidade de recursos, a velocidade de leitura e gravação em dispositivos de armazenamento como discos e SSDs e a resiliência que esse mix oferece. Benefícios que são muito úteis em projetos que envolvem servidores de e-mail, servidores de banco de dados, entre outros que necessitam de uma quantidade maior de recursos.

Certamente não se deve desconsiderar o impacto que os cloud servers geraram no mercado, mas este se adaptou, dividindo-se em duas linhas de IaaS (Infraestructure as a Service), seguindo orientações de raciocínio de teorias de marketing, como a estratégia do oceano azul, publicada em 2005 por W. Chan Kim e Renée Mauborgne, que diz que em um mercado tão concorrido a melhor estratégia é sempre se especializar em um nicho, de forma que não haja concorrência tão direta a ponto de ela prejudicar os players com redução exagerada de preços.

O que aconteceu, então, com o mercado de servidores dedicados?

Grandes fabricantes de servidores enxergaram essa divisão de linhas, e passaram a fabricar servidores com especificações enaltecendo suas características. Temos servidores hoje com mais slots para dispositivos de armazenamento, que podem ser aproveitados para disposições em array (RAID) com latências praticamente nulas na leitura e gravação de dados e com mais espaço para armazenamento. Vemos ainda o aumento na concentração de processadores, com vários cores em cada CPU e pentes de memórias extremamente densos. Tudo isso ocupando o mesmo espaço, consumindo a mesma energia e custando praticamente o mesmo preço de sempre.

O que ganhamos com isso?

Ganhamos duas linhas de produtos totalmente distintas e com características únicas que podem ser aproveitadas em cada projeto. Podemos ter aplicações simples, que não teriam recursos financeiros para lançamentos em servidores dedicados, tornando-se viáveis por usarem cloud servers, bem como campanhas de marketing sazonais lançadas com investimentos condizentes com a realidade e prontas para ser escaladas em caso de um sucesso acima do planejado.

Os servidores dedicados de altíssima densidade podem ser utilizados para aglutinar operações em menos servidores com recursos verticais, reduzindo a necessidade de grandes e complexos projetos de balanceamento de carga entre vários e menores cloud servers com recursos horizontais. Podemos, ainda, ter servidores de bancos de dados e e-mails operando de forma mais rápida e dinâmica, dada a capacidade de leitura e gravação característica da linha.

Nesse sentido, ainda temos estruturas mistas, nas quais, por exemplo, hospedamos a aplicação em alguns cloud servers e o banco de dados em servidor dedicado, aproveitando assim as principais características de cada arquitetura para melhor atender a cada ponto de um projeto mais elaborado.

Então, respondendo à pergunta título, o servidor dedicado não morreu. Longe disso, evoluiu bastante e se tornou distinto de servidores virtuais a ponto de atender a seu próprio nicho de negócio. Ele continuará crescente, principalmente no mercado corporativo, no qual o fator principal na tomada de decisão é a resiliência, e os recursos financeiros necessários para isso são justificáveis.

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Artigo publicado originalmente na Revista iMasters de maio.