Design & UX

25 ago, 2015

Smartwatches sob a perspectiva do usuário

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Recentemente, o mundo mobile tem debatido bastante as novidades, as características e as tendências do que chamamos de “wearables”, ou tecnologia “vestível”. Essa evolução foi marcada inicialmente pelo anúncio do Google Glass, mas foram os smartwatches, ou relógios inteligentes, que roubaram a cena e viraram quase que sinônimo de wearable. Analisando o uso, são quatro os grandes fatores que moldam a experiência do usuário desses aparelhos. São eles:

  1. Tempo
  2. Pessoalidade
  3. Complementaridade
  4. Contexto

Vamos falar de cada um deles especificamente:

1. Tempo

Quando falamos de tempo, temos que considerar dois pontos sobre o assunto: o ato de medir o tempo e quanto tempo deve durar as interações com o relógio. Começando pelo primeiro, é sempre importante lembrar o principal objetivo dos smartwatches. Assim como a primeira funcionalidade de um smartphone é ligar ou receber ligações, a primeira funcionalidade de um smartwatch obviamente é mostrar as horas.

É comum não lembrarmos desse objetivo principal quando levamos em conta todos os tipos de interação que passam a ser possíveis nesses dispositivos. Entre monitorar seus batimentos cardíacos, saber os resultados das partidas do seu time ou receber notificações dos seus apps prediletos no seu pulso, você também pode ver as horas.

A outra parte do problema é o tempo máximo que deve durar uma interação. Faça o seguinte exercício: tente deixar o seu braço levantado como na figura abaixo.

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Essencialmente, conseguimos manter o braço nessa posição, de forma relativamente “ergonômica”, por poucas dezenas de segundos. Por isso, o objetivo é fazer com que as interações durem no máximo entre 1s e 20s.

Isso tem implicações muito específicas sobre quais interações de produtos podemos definir no smartwatch. Algo que dure muito mais do que 20 segundos é necessariamente ruim para a experiência do usuário e deve ser evitado ou delegado para outros dispositivos que permitam completar a tarefa com mais qualidade e efetividade.

2. Pessoalidade

O smartwatch é potencialmente o dispositivo tecnológico mais pessoal dos tempos modernos. A jornada dos computadores desde os antigos, que ocupavam andares inteiros e tinham que ser operados por dezenas de engenheiros, até os “computadores de pulso” ou “de bolso” que temos hoje é fantástica. Saímos de computadores que eram essencialmente compartilhados para os personal computers compartilhados por uma família, para o notebooks já bastante individualizados até os smartphones que são essencialmente pessoais.

Faça a seguinte pergunta: para quem você emprestaria o seu notebook pessoal? Por quê? Agora faça a mesma pergunta, só que dessa vez relacionada ao seu smartphone: para quem e por que você já emprestou o seu smartphone? Por último, tente fazer essa mesma pergunta no contexto de smartwatches.

O que estamos vendo é uma “pessoalização” dos computadores, que cada vez mais carregam e se comportam de forma específica e adaptada ao usuário. O smartwatch talvez seja o modelo ideal desse movimento. Pense que um smartwatch não está com você, ele está em você.

3. Complementaridade

Enquanto a experiência em desktops e notebooks costuma ser bastante imersiva, com bastante espaço para interação e com capacidade para processar e transmitir grandes quantidade de dados, um smartwatch tem pouquíssimo espaço de tela e área para interação, além de uma limitada capacidade para transmitir e processar grandes quantidades de dados.

Dito isso, é importante pensarmos no contexto dos seus dispositivos de acordo com o “tamanho dos dados que ele consegue transmitir”. Enquanto um desktop provavelmente está conectado à Internet por meio de uma conexão banda larga, o seu smartphone está oscilando entre 3G/4G e Wi-Fi, e o seu relógio está conectado ao seu smartphone a partir de uma conexão Bluetooth.

Enquanto visualizar sua timeline no Facebook via desktop é algo extremamente simples e o feed infinito é fluido, no smartphone a interação depende de técnicas de lazy-loading de acordo com a qualidade da sua conexão à Internet. No relógio, precisamos priorizar as informações mais relevantes para o usuário.

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Dessa forma, o melhor modelo mental para mapear a interação é pensarmos que, em dispositivos mais estáticos, temos acesso aos dados mais completos na medida do possível, enquanto que no smartwatch devemos dar o dado mais específico para o usuário naquele momento.

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4. Contexto

Esta talvez seja a parte mais importante de toda a experiência do smartwatch. Contexto sempre foi muito importante no mobile, mas é especialmente importante no smartwatch. Isso porque, na prática, eu não quero saber todas as informações do meu time de futebol a partir do meu pulso. Eu quero saber a informação mais relevante e contextual do meu time no meu pulso. Se ele estiver jogando, eu quero saber o resultado e, se ele for jogar, eu quero saber quando, onde e com quem.

Quanto mais informação contextual eu conseguir utilizar para saber qual é a informação mais relevante para o meu usuário naquele momento em que ele levanta o pulso, melhor é a minha experiência. Pense que você pode cruzar informações do GPS e do acelerômetro com diversos dados de uso do seu usuário no seu app no smartphone, no seu produto na web ou no offline. Entre outras coisas, você pode usar tudo isso para conseguir determinar como você pode auxiliar melhor a vida do seu cliente.

Isso não é um cachimbo

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Essa obra do pintor Magritte é bastante expressiva para o momento em que vivemos. Apesar de o nosso smartphone ser um celular e de o nosso smartwatch ser um relógio, ambos são muito além disso.

Tirar fotos, se conectar socialmente pela Internet, chamar um táxi, encontrar um apartamento ou um lugar para passar as férias e milhares de outras aplicações hoje são possíveis nesses computadores de bolso e de pulso. Com isso, ver as horas ou fazer e receber uma ligação, apesar de serem as primeiras funcionalidades dos dispositivos, fatalmente não serão as mais relevantes.

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Ficou alguma dúvida ou tem algo a acrescentar? Deixe seu comentário!

Links para referência:

 

Este artigo é o resultado de muito esforço e trabalho do time mobile da Concrete Solutions, especificamente: Gabriel Brettas, Jonas Tomaz, Luiz Soares,Theo França, Victor Landeira e Victor Lima; e do pessoal da Horizonte: Bruno Hecktheur, Cassiano Froes, Juliana Franchin e Marcelo Iepsen.

O conteúdo é baseado na apresentação sobre Smart Watches feita no CocoaHeads SP por Theo França. Os slides podem ser vistos aqui.