E-commerce

7 fev, 2013

Ainda há espaço para o e-commerce crescer no Brasil

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Segundo dados divulgados pela Braspag em dezembro de 2012, o volume de transações no varejo online brasileiro cresceu 46% em relação a 2011, superando por uma ampla margem a expectativa prevista para este ano (25%).

O número é animador e bate com as nossas previsões para o ano. Mas esse resultado é significativo? Não, pelo seguinte motivo: no Brasil, o varejo eletrônico mal chega 1,5% do total do varejo (dados da Fecomércio, de 2011). Ou seja, o país ainda tem muito espaço para o e-commerce crescer, quando considerado a semelhança a outros países.

Tanto nos EUA como na Europa a proporção entre o varejo tradicional e o online chega a 5% ou mais. Por exemplo, no mercado espanhol, considerado pouco evoluído em varejo eletrônico (e em uma situação de crise econômica européia), as vendas eletrônicas no varejo atingem 3% de todo o comércio, sendo ainda pouco disseminadas na economia, e em grande parte concentradas na área de turismo. No outro extremo, bem mais desenvolvido em comércio eletrônico, o Reino Unido alcança a proporção de quase 10% de varejo eletrônico em relação ao seu comércio total.

Mais importante ainda é o fato de que mundialmente nos próximos anos deverá ocorrer um forte movimento de transferência de vendas do comércio tradicional para o eletrônico; há todo tipo de estimativa, mas chega-se a considerar que em cinco anos o comércio eletrônico representará 30% de todo o comércio.

Tomando essas bases como referência, mesmo que o Brasil não cresça economicamente, é de se esperar um elevado crescimento do comércio eletrônico.

Vamos fazer algumas simulações:

Se considerarmos que o comércio total crescerá à taxa de 4% ao ano, em cinco anos, e supondo que a proporção do comércio eletrônico sobre o comércio total chegue a 1/3 do que será nos países desenvolvidos (isto é, venha a ser 10%), o comércio eletrônico brasileiro girará em torno de R$ 145 bilhões em 2016.

Fazendo um ajuste geométrico entre os números atuais (R$ 18 bilhões) e essa projeção, precisaríamos ter um crescimento anual da ordem de 52% no comércio eletrônico brasileiro para alcançar tais R$ 145 bilhões.

Se tomarmos bases mais otimistas (crescimento do comércio total em 5% ao ano, ajuste para metade da proporção Europa/EUA (logo 15% do comércio total), chegamos à taxa anual de crescimento (geométrico) no Brasil da ordem de pouco mais de 65% ao ano, o que levaria a estimativa para cinco anos a R$ 230 bilhões.

Sendo bastante pessimistas (2,5% de crescimento do comércio, ajuste para 1/5 da proporção internacional, e esta se situando em 20% do comércio total, logo varejo eletrônico representando apenas 4% do comércio total), ainda assim o crescimento anual (geométrico) será da ordem de 25%.

Obviamente, todos esses números podem ser questionados, mas não há como desatrelar o movimento do comércio eletrônico brasileiro ao dos países europeus e EUA.

Enfim, mantidas essas mesmas bases, para 2013 poderiam ser esperados, respectivamente, R$ 42 bilhões, R$ 49 bilhões (otimista) e R$ 28 bilhões (pessimista).

O grande problema será as empresas estarem preparadas para esse crescimento, principalmente em termos de logística e atendimento aos clientes. Este tem sido um dos assuntos mais discutidos recentemente, mas seria de se esperar que, com taxas elevadas de crescimento, desestruturações importantes ocorressem como parte de um processo natural de adaptação.