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14 mar, 2014

São Paulo vai contratar hackers para melhorar trânsito da cidade

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A Prefeitura de São Paulo vai contratar hackers para ajudarem a melhorar o trânsito na capital paulista. O trabalho deles será processar os dados gerados pelos meios de transporte de São Paulo. Eles ficarão no Laboratório de Mobilidade, que será inaugurado pela São Paulo Transportes (SPTrans) na próxima quarta-feira, dia 20 de março.

transitoImagem: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

A missão dos hackers será desenvolver novos softwares e aperfeiçoar os já existentes para ajudar a administração a encontrar melhores saídas para gerenciar o tráfego na cidade, além de transformarem os equipamentos eletrônicos (câmeras, placas e semáforos) espalhados pela cidade em ferramentas mais interativas.

A prefeitura pagará aos desenvolvedores entre R$ 351,90 e R$ 5,9 mil, dependendo das qualificações de cada um. Os recursos serão gerenciados pela Universidade de São Paulo (USP) via Fundação USP. Com o dinheiro, sob a forma de bolsas de apoio à pesquisa, dez vagas serão abertas assim que o laboratório abrir.

Para aumentar o número de hackers, a prefeitura busca mais recursos junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Instalado no prédio da SPTrans, o laboratório comporta até 70 pessoas.

O local, equipado com 15 computadores de mesa, terá espaço para que os desenvolvedores se acomodem com seus próprios notebooks. Além disso, eles terão à disposição sala de descanso e de reunião com Smart TV para apresentações. O objetivo é que o laboratório funcione 24 horas, para dar maior flexibilidade aos programadores.

A ideia de levar hackers para dentro de casa surgiu após uma maratona de desenvolvimento de software, os chamados “hackatons”, promovida em outubro de 2013 pela SPTrans, em parceria com a Controladora Geral do Município e Fundação Getúlio Vargas. O aplicativo vencedor foi “Cadê o Ônibus”, que, entre outros serviços, oferece aos passageiros consulta de linha, itinerário e situação do trânsito. Os hackers participantes foram convidados agora a integrar o laboratório.

O trabalho dos hackers será dividido em duas linhas, organizadas em diversos grupos de estudo. A primeira é coleta e tratamento de informações que a SPTrans recebe dos diversos sensores sob seu controle, como GPS dos ônibus, semáforos, radares e câmeras. Essas informações serão matéria-prima para os hackers.

Em seguida, as aplicações serão desenvolvidas pelos desenvolvedores, mas a prefeitura já tem uma ideia de alguns dos resultados. Com os registros dos GPS dos coletivos, por exemplo, é possível determinar a velocidade média de uma via e os locais de maior lentidão durante o trajeto. Já as catracas podem fornecer um retrato da lotação dos ônibus ponto a ponto.

Como os ônibus enviam dados a cada 85 segundos, apenas o sistema do GPS recebe 15 milhões de registros por dia. Assim, os planos são engordar ainda mais a o volume de dados. Segundo Ciro Biderman, chefe de gabinete da presidência da SPTrans, a SPTrans negocia com o sindicato dos taxistas para ter acesso ao GPS deles, pois a velocidade dos táxis se aproxima à dos carros de passeio. Devido à quantidade de informação, a primeira tarefa dos hackers será levar hospedar esses dados nos servidores da Fusp. Todos os aplicativos e softwares desenvolvidos, bem como os registros da SPTrans, serão disponibilizados ao público.

Além disso, um dos desafios será incorporar os dados dos radares e integrar os sensores da Defesa Civil e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), para que a SPTrans possa alterar o trânsito com maior agilidade em caso de enchentes, por exemplo. Outro é criar mecanismos para o cidadão ajudar a mapear calçadas ruins, buracos e lombadas ruins nas vias.

Os hackers também trabalharão com os equipamentos eletrônicos que fazem os sensores funcionar. A missão será fazer com que as informações à disposição da administração pública possam ser incrementadas de forma mais rápida no trânsito. Entram aí, por exemplo, os painéis luminosos, que informam as condições de tráfego e hoje são subutilizados, e os semáforos, que às vezes represam os veículos desnecessariamente.

Com informações de G1