Tecnologia

29 mai, 2015

Para pesquisadores, risco de racionamento da Internet é real

Publicidade

Todos já se acostumaram com a necessidade de economizar eletricidade e até se adaptaram para períodos sem o fornecimento de água. Mas será que existe o risco de ficarmos sem Internet ou termos que racionar seu uso?

Pode soar como uma pergunta estranha, mas os pesquisadores que se reuniram na Royal Society, em Londres, para discutir uma “escassez de capacidade” na Internet alertam que o problema é real. A reunião provocou algumas manchetes alarmistas sobre os “limites de consumo da internet” e da necessidade potencial do “racionamento de dados”, mas a realidade talvez seja mais matizada graças a novas tecnologias.

A crise é real, causada pelo rápido crescimento do consumo de mídias como Netflix e YouTube – este último nasceu para fornecer vídeos, mas já se tornou o principal meio pelo qual as pessoas ouvem música.

internet

Diante desse cenário, a física e a engenharia podem ajudar. Nessa perspectiva, a Internet só precisaria de alguns ajustes.

A capacidade de transportar informações pelas fibras ópticas tem crescido nos últimos anos simplesmente aumentando a quantidade de informação codificada na luz. Os engenheiros têm sido criativos no desenvolvimento de novas formas de amplificar os sinais, aumentando a capacidade das fibras já instaladas, o que tem permitido o crescimento do tráfego de Internet.

Mas esses truques estão próximos de um beco sem saída: se a quantidade de informações codificadas aumentar além de um certo ponto, a fibra fica saturada com luz e o sinal se degrada. “Você não pode obter uma quantidade infinita de capacidade em uma fibra”, disse Andrew Ellis, da Universidade de Aston, que organizou a reunião.

René-Jean Essiambre, da empresa de telecomunicações francesa Alcatel-Lucent, apresentou dados que sugerem que o limite a rede de fibras ópticas é de cerca de 100 terabits por segundo, algo como 250 discos Blu-ray transmitidos simultaneamente. De acordo com Essiambre, os sistemas de fibras ópticas da Internet poderão alcançar esse limite nos próximos cinco anos.

A boa notícia é que outros pesquisadores apontaram rumos para evitar os engarrafamentos da Internet sem precisar pensar em alternativas às fibras ópticas.

Polina Bayvel, da Universidade College de Londres, apresentou um projeto para compensar a distorção nas fibras ópticas induzida pelo “excesso de dados”. Sua técnica analisa a interferência dentro da fibra conforme a luz viaja através dela, calculando rapidamente como a luz foi distorcida, o que permite que o receptor limpe o sinal na outra extremidade. “Você recebe uma bagunça e, executando estes passos, será capaz de reconstruir o sinal digitalmente”, disse ela.

Já David Richardson, da Universidade de Southampton, está investigando novas fibras que contêm múltiplos núcleos para a transmissão de dados – efetivamente, colocar várias fibras em uma. Essas multifibras são mais difíceis de fabricar do que as fibras convencionais porque os núcleos são pequenos e devem manter seu formato através dos quilômetros da linha – sem dobras, compressões ou outras deformações -, mas elas são capazes de lidar com muito mais dados.

Para Andrew Ellis, técnicas como essas serão essenciais para combater a escassez de capacidade de dados da Internet. “No entanto, se os pesquisadores não forem capazes de tirar suas soluções do laboratório e comercializá-las, o racionamento ou outras restrições sobre o uso da Internet poderão ser a única opção”, concluiu.

Com informações de Inovação Tecnológica