DevSecOps

13 jul, 2015

Google é criticado por patentes relacionadas à inteligência artificial

Publicidade

Desde a última semana, o Google vem sendo duramente criticado por especialistas, pesquisadores e entusiastas da inteligência artificial pelo registro de seis patentes relacionadas a redes neurais e treinamento de computadores. Para eles, a empresa acaba de começar uma corrida comercial em um campo ainda incipiente e que vem sendo estudado em diversas frentes. Todas elas, agora, passam a ser prejudicadas pelas propriedades e podem ter que voltar à estaca zero em alguns de seus trabalhos.

A ideia de um registro de patentes é proteger tecnologias inventadas internamente contra cópia ou roubo, principalmente quando os responsáveis pelos trabalhos não são mais empregados da empresa. Com os documentos, o Google seria capaz de, por exemplo, cobrar royalties sobre as inovações que são de sua propriedade ou processar por plágio aqueles que fizerem uso indevido delas.

inteligencia_artificial_google

Uma das tecnologias registradas tem a ver com o conceito de dropout, que utiliza certos filtros de informação para evitar que a inteligência artificial, durante seu processo de aprendizagem, não tenha que lidar com informações redundantes ou repetidas. Colocada em diversas camadas de detectores da rede neural, a tecnologia trabalha com algoritmos de probabilidade para prever quais informações são essenciais ou repetidas durante cada exercício, aumentando a eficiência das máquinas.

Esse é o principal alvo de críticas, já que o conceito de dropout é utilizado em boa parte das pesquisas relacionadas à inteligência artificial. A tecnologia foi inventada por pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, trabalhando a serviço do Google, mas boa parte dos pesquisadores da área acreditava que ela se tornaria um conceito aberto, e não uma patente registrada por uma companhia específica.

Outras tecnologias registradas que foram alvo de comentários negativos estão relacionadas a “sistemas de classificação de objetos”, com dados bastante amplos e dispersos no documento de aplicação emitido pelo Google, além de outros sistemas relacionados ao reconhecimento de distorções em imagens avaliadas. São conceitos que também podem ser considerados amplos e aplicados a diversos métodos de pesquisa atuais.

O consenso entre especialistas e pesquisadores do setor é que, com o registro de patentes pelo Google, outras empresas possam ser incentivadas a fazer o mesmo. E enquanto a gigante das buscas normalmente é amiga de estudiosos e universidades, normalmente investindo em trabalhos conjuntos, a mesma coisa não pode ser dita de outras companhias, que podem acabar iniciando ações judiciais para proteção de uma tecnologia própria, com foco em sua comercialização futura e na obtenção imediata de lucros com patentes.

Por outro lado, há quem tenha mais cautela nos comentários e afirme que o Google sabe que tais tecnologias ainda estão em estágio de maturação e bem longe de qualquer uso comercial. Sendo assim, os registros teriam a ver com a proteção das próprias inovações diante de outras empresas que também trabalham com inteligência artificial e poderiam tomar a dianteira, registrando elas próprias as patentes de invenções de terceiros. Os patent trolls, principalmente, seriam o principal alvo da mudança – e também os únicos realmente afetados por ela.

Por enquanto, o Google não se pronunciou sobre o assunto.

Com informações de Canaltech