Marketing Digital

19 mai, 2015

Em carta ao dono do Facebook, entidades em 30 países criticam Internet.org

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O projeto do Facebook de criar um ‘jardim murado’ com acesso gratuito a aplicativos selecionados – especialmente a rede social – está claramente criando uma resistência organizada de ativistas pela liberdade de expressão e a neutralidade de rede. Nesta segunda, 65 entidades de 31 países – seis delas do Brasil – publicaram no próprio Facebook uma carta aberta a Mark Zuckerberg na qual questionam a iniciativa.

“O Facebook define a neutralidade de rede em declarações públicas de forma imprópria e está construindo um ‘jardim murado’ onde as pessoas mais pobres só terão acesso limitado a websites e serviços. Estamos muito preocupados que o Internet.org faça marketing enganoso de acesso à toda a Internet quando de fato permite apenas acesso a um número limitado de serviços aprovados pelo Facebook e provedores locais”, dizem as entidades na carta aberta.

Por essa análise, “em sua atual concepção, o Internet.org viola os princípios da neutralidade de rede, ameaçando a liberdade de expressão, a igualdade de oportunidades, a segurança, a privacidade e a inovação”. Alegam, também, preocupação “que o acesso às pessoas pobres seja interpretado como justificativa para violações à neutralidade de rede”.

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O foco das queixas contra o Internet.org é que ele se baseia no modelo de ‘zero rating’, ou ‘taxa zero’, ou acesso patrocinado – ou seja, determinadas páginas, serviços ou aplicativos para os quais não é computado o consumo da franquia de dados. Para as entidades, “essa prática é inerentemente discriminatória – e por isso foi banida ou restringida em países como o Canadá, Holanda, Eslovênia e Chile”.

Os protestos contra o projeto do Facebook começaram a ganhar força no início de abril, a partir de uma consulta pública aberta pela agência de telecomunicações da Índia, a Trai. Com o objetivo de discutir a regulação de serviços de Internet – OTTs no jargão de telecom – a consulta recebeu mais de 600 mil manifestações contrárias aos pacotes de ‘zero rating’ que começaram a aparecer no país.

Como resultado, empresas começaram a desistir dos projetos, começando pela Flipkart, maior portal de comércio eletrônico da Índia, seguida pelo portal de viagens Cleartrip.com e pelo Times Group, que ainda convidou seus concorrentes a também abortarem participação em esquemas de ‘acesso gratuito’. O próprio Mark Zuckerberg reagiu e em um post em 16 de abril alegou que “se alguém não pode pagar pela conectividade, é sempre melhor ter algum tipo de acesso do que nenhum”.

O executivo da maior rede social do planeta não deixou de vender seu projeto e está comemorando a marca de 1 bilhão de pessoas atingidas pelo Internet.org em 11 países – Guatemala, Zâmbia, Bangladesh, Filipinas, Índia, Gana, Colômbia, Quênia, Tanzânia, Indonésia e Malawi. Dois dias antes do post em que defendeu a iniciativa, ele esteve no Fórum Empresarial das Américas, onde se reuniu com chefes de Estado do México, Argentina, Peru e do anfitrião Panamá. E do Brasil.

A presidenta Dilma Rousseff não só garantiu a ‘photo-op’ com Zuckerberg como afirmou que haverá uma parceria do Brasil com a rede social, a ser melhor detalhada em junho, quando o criador do Facebook virá ao país. Ato contínuo, várias entidades brasileiras enviaram carta à presidenta apontando “essa estratégia do Facebook e de outras grandes empresas, realizada em parceria com as operadoras de telecomunicações, representa uma grave violação da regra da neutralidade”.

Parte dessas entidades, como o Coletivo Invervozes, Coding Rights, Instituto Bem Estar Brasil, Instituto Beta para Internet e Democracia, Instituto Nupef e o Movimento Mega também subscrevem a carta aberta a Mark Zuckerberg – que pode ser conferida neste link da Access Now.

Além do Brasil, há entidades dos Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Holanda, Congo, Alemanha, Paquistão, Uganda, Indonésia, Áustria, Islândia, Panamá, Índia, Quênia, Dinamarca, África do Sul, Coreia do Sul, Eslovênia, Nigéria, Camarões, México, Paraguai, Egito, Equador, Espanha e Zimbábue, além de organizações que atuam na União Europeia e em diferentes países do sudeste da Ásia.

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Com informações de Convergência Digital