Mobile

18 abr, 2013

Mobile não é tecnologia

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Môbáiou, móbile, môbou. Qualquer que seja a sua pronuncia, uma coisa é certa em qualquer língua: o comportamento do consumidor mudou.

Aí você fala: Putz Celso, sério? Tá falando o que todo mundo já cansou de falar? Pois é, me desculpe mas não consegui arrumar uma outra forma de começar esse texto.

Internet, mídias sociais, mobile. São muitos os que falam, muitos os que citam números, muitos os que criam infográficos, muitos os que declaram poesias (tá, exagerei), mas quantos de fato entenderam o que quer dizer essa afirmação? Quem realmente fez algo para acompanhar essa mudança?

Estava pensando em escrever um artigo sobre algumas dicas/atalhos para empresas iniciantes de tecnologia de pagamento mobile (onde trabalho atualmente) só que, antes de falar dessas regras básicas, percebi que tinha que ir no mais básico ainda.

Pensar em mobile é pensar muito mais do que a perfeição do aplicativo. É muito mais do que pensar se a tecnologia utilizada será abraçada pelo usuário ou não. Pensar mobile é pensar antes de tudo no comportamento do seu público, em quem vai usar e como irá usar. E se existe uma dica essencial e única que eu possa compartilhar com quem quer entrar (ou está entrando) nesse mercado é: mobile é comportamento do seu público-alvo.

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Vamos exemplificar: imagine-se como uma empresa, uma startup que está criando uma ferramenta única de controle de peso via smartphone (por exemplo). Imaginamos que seja uma tecnologia inovadora, que ao se pesar, o valor será enviado para o seu smartphone, que fará comparação com sua última pesagem, e enviará para o Facebook um post/gráfico de evolução dizendo se você melhorou ou não para os amigos ajudarem e incentivarem.

Normalmente, nessas horas os mais técnicos já se perguntam: e aí? vamos criar um hardware para enviar essas infos via bluetooth pro smartphone? Não, SMS é universal, é aceito por praticamente 100% da base brasileira de celulares (atualmente em mais de 264 milhões de ativos), então não teremos obstáculos. Cabe uma parceria com a Filizola para as balanças já saírem da fábrica com esse sistema? Está aí o papo técnico padrão!

Mas tem um problema: não é a pergunta certa a se fazer para validar esse modelo de utilização dessa plataforma. A pergunta inicial deveria ter sido:

Será que o pessoal que quer perder peso usaria? Quem é essa galera? Quem quer perder peso quer ficar falando pra todo mundo quanto está pesando mesmo que esteja melhorando?

E é isso que digo no título: como será o uso desse aplicativo por quem eu quero que use? Estou realmente ajudando a resolver um problema deles, ou estou querendo reinventar a roda?

Agora imagine que você é o cara do mobile de uma grande emissora que vai fazer a cobertura do Oscar e o chefe te pede pra apresentar ideias de como usar o mobile pra “bombar”. Cara, que oportunidade hein?!

O que seria a primeira coisa a fazer? Decidir se faz só pra iOS (exclusividade) ou se também desenvolve pra Android (massa)? Decidir se faz transmissão online no aplicativo pra quem está longe da TV? Integrar com suas redes sociais? Nenhuma delas. Ou quem sabe, todas elas.

Mas o primeiro passo a ser dado seria o de entender o que o seu público espera que você, emissora de TV, forneça num aplicativo móvel e o que você pode agregar em termos de conteúdo e entretenimento à sua programação. Afinal, o objetivo é que sua base de telespectadores assista com você e não com seu concorrente a cobertura do Oscar, não é?

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Se nós pensássemos no público-alvo primeiro, certamente nasceria daí um aplicativo de co-viewing, onde sua emissora mostraria bastidores da cobertura, exibiria fotos colhidas do instagram com a hashtag #OscarSuaEmissora (usando a comunidade para criar conteúdo para você) ou criaria um índice de quantos dólares foram gastos para produzir cada filme. Ou ainda, se o seu foco é o público feminino, ou nicho de moda, dar informações sobre os vestidos de cada celebridade (principalmente quanto custaram) e fazer enquetes sobre quem será a melhor da noite pode ser uma excelente saída.

O Marcio Chaer, ex diretor da MMA (Mobile Marketing Association) e atual diretor de publicidade da Telefónica Digital disse uma vez: há mais celulares no Brasil que escova de dentes. Então por favor, vamos parar de pensar se devemos usar as cerdas de nylon ou de barbante e vamos passar a entender se o usuário dará a mínima atenção à isso para usar a bendita escova, ok?