Gerência de Projetos Dev & TI

21 mar, 2014

O que Facebook, Twitter e YouTube sabem sobre desenvolvimento de produto

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Facebook, Twitter, YouTube, Netflix, Instagram – empresas que mudaram os hábitos de milhões de pessoas. Como eles fizeram isso?

Há algumas semanas, Nir Eyal, autor de Hooked: How to Build Habit Forming Products, participou de um webinar com a RJMetrics para falar sobre a sua pesquisa e para entendermos como essas empresas desenvolveram produtos que mudaram o comportamento do usuário tão efetivamente.

Nir começou mostrando alguns pontos de como os hábitos de consumo melhoram o desempenho do negócio:

  • Hábitos aumentam a vida útil do cliente
  • Hábitos oferecem uma grande flexibilidade na precificação
  • Hábitos ampliam o crescimento. Usuários engajados não abandonam compras
  • Hábitos melhoram a defensabilidade do negócio. É difícil fazer com que alguém pare de usar um produto que ele utiliza sem pensar

Nir é rápido ao apontar que nem todos os tipos de negócios devem procurar formar hábitos. Primeiro, hábitos são difíceis de adquirir. Em segundo lugar, muitos negócios podem ser bem sucedidos sem usar a estratégia de hábitos. Terceiro ponto, há uma certa “arte obscura” nesse tipo de pensamento. Hábitos mudam as pessoas e há algumas implicações morais em criar a próxima empresa de cigarros, mesmo que “cigarro” seja apenas um app.

Não vou falar aqui de todo o conteúdo do webinar, você deveria assisti-lo. Mas quero trazer algumas coisas que os participantes falaram:

  • @calitalieh: Estou em um super curso de neurosciência, aprendizado cognitivo, design de produto etc. Uau, a Internet é maravilhosa!
  • @FranCulture: Excelente seminário, vou comprar o livro. “O poder do hábito” é outro ótimo livro para quem procura informações sobre o assunto.
  • @KJMagee: Com certeza um dos melhores webinars que eu já participei!

Em vez de falar sobre o webinar, resolvi colocar as mãos à obra e encontrar alguns produtos e serviços com base em como eles estão engajando as pessoas. Mesmo se você não for lançar o próximo Twitter, verá alguns elementos que com certeza te ajudarão a melhorar o processo de desenvolvimento do produto.

LinkedIn Groups versus Quora

Nir Eyal explicou que há dois tipos de gatilhos – internos e externos. Gatilhos internos são emocionais: nos sentimos entediados e vamos para o YouTube; queremos registrar um momento, então tiramos uma foto e postamos no Instagram.

LinkedIn e Quora compartilham os mesmos gatilhos internos – as pessoas usam os servi;os para se conectar com outros profissionais, compartilhar seus conhecimentos ou ter algumas questões respondidas. Então, vejamos quão bem esses dois serviços engajam aqueles que procuram por uma resposta:

LinkedIn-vs.-Quora

É fácil ver como o Quora constrói um “gancho” no processo de Perguntas & Respostas. Eles levam isso ainda além ao usar notificações e ações como “você também pode saber sobre isso”, de forma a facilitar a formação da sua comunidade de Perguntas & Respostas.

Para ser justo aqui, o LinkedIn tem um excelente trabalho em outros tipos de “ganchos”. Conectar-se com alguém apenas depois de conhecer o outro tem se tornado um hábito para muitos profissionais. Eis como o “gancho” funciona:

LinkedIn

O que torna isso um ótimo gancho é que cada nova conexão melhora as possibilidades de que a pessoa voltará a adicionar novas conexões. Nir chama esse tipo de ação de “pérolas”. As ações viram camadas com o tempo, e se tornam mais importantes a cada nova ação.

Banco Simples versus Meu Antigo Banco (não vou citar nomes)

Nir fala que a parte mais custosa do processo de construir, medir e aprender (também conhecido como metodologia Lean Startup – build, measure, learn) é a parte de construir. Empresas no pós-construção precisam medir e aprender mais; as no pré-construção devem pensar em como integrar os “ganchos”. Enquanto ele explicava isso, eu só conseguia pensar no meu banco.

Recentemente mudei para o Banco Simples. Uma das coisas que eu mais gosto nele é o app mobile, que foi construído sobre uma premissa: a razão pela qual as pessoas fazem login em suas contas é para ver quanto dinheiro elas têm (gatilho interno). O que o meu Antigo Banco não entendeu, e que o Simples faz muito bem, é como usar esse gatilho para formar um hábito.

Com ou sem o Simples, eu checaria o saldo da minha conta, mas, toda vez que faço isso, o Banco Simples me mostra outras coisas que eu posso fazer facilmente no app mobile. Porque eles perguntam pelo “investimento”, agora eu uso o app regularmente para transferir dinheiro, fazer depósito e encontrar caixas eletrônicos próximos de onde estou. Eu estou engajada.

Simple-vs.-My-Bank

Em resumo

Um dos meus exemplos favoritos que o Nir falou foi do Instagram vs. Kodak. A Kodak gastou anos e uma quantidade gigantesca de dinheiro para formar um hábito. Eles ensinaram as pessoas o que era o “momento Kodak”, então ter um momento Kodak era o gatilho que dizia “use este produto”. Compare isso com o Instagram. O simples fato de que uma interface tecnológica permite que os usuários vejam, compartilhem e curtam fotos fez com que a frase “vai para o Instagram” tenha se tornado bastante onipresente em apenas poucos anos. Os usuários do Instagram sabem como é um momento Instagram.

Você pode não estar desenvolvendo um Instagram, ou Twitter ou LinkedIn. Você talvez não precise criar um hábito para alcançar sucesso. Mas as lições de Nir Eyal, de experiências adquiridas em anos de pesquisa, mostram que essas empresas podem nos dar importantes ensinamentos sobre um desenvolvimento de produto mais efetivo.

Artigo traduzido pela Redação iMasters, com autorização do autor. Publicado originalmente em  http://blog.rjmetrics.com/2014/02/04/what-facebook-twitter-and-youtube-know-about-product-development/