Como editor de livros, impressos e digitais, trabalho com a palavra escrita cerca de 99% do meu tempo. Essa é a rotina diária de boa parte dos editores que conheço. Exceção, digna de menção, são os editores de livros do segmento STM (Science/Technology/Medicine) que há tempos mesclam o uso intensivo de texto e imagem na composição de seus produtos editoriais.
Vivemos a era da “sobrecarga” de informações e da “escassez” de tempo. Em conjunto, a necessidade de lidar com esses dois aspectos vai aumentar, cada vez mais, o interesse dos editores de livros pela disciplina de visualização de dados, cujo principal objetivo é comunicar a informação de maneira clara e efetiva utilizando meios gráficos.
O jornalista David McCandless criou o infográfico Bandwidth of our senses com base no trabalho do físico dinamarquês Tor Norretranders (autor do livro The user illusion: cutting consciousness down to size, 1999, Penguin Press Science), que converteu a “largura de banda” dos nossos sentidos em termos da informática.
Algumas conclusões que podemos tirar do gráfico:
- visão/sight: é o sentido mais rápido. tem a mesma largura de banda de uma rede de computador;
- tato/touch: se equipara à velocidade de uma chave USB;
- audição/hearing e olfato/smell: têm a taxa de transferência de um disco rígido;
- paladar/taste: o pobre e velho paladar, mal chega à taxa de processamento de uma calculadora de bolso.
Agora, se forçarmos bem a vista, notaremos um pequeno quadrado no canto direito inferior, de 0,7 por cento do gráfico, mais ou menos, eis a quantidade da nossa consciência.
Portanto, grande parte do que é capturado pela visão, do que está sendo derramado para dentro do cérebro, é feito inconscientemente.
O olho é extremamente sensível às variações de cor, forma e padrão. É a linguagem do olho; e se combinamos a linguagem do olho com a linguagem da mente (que é sobre palavras e números e conceitos), começamos a falar duas línguas simultaneamente – cada um reforçando a outra.
Assim, temos o olho, e então inserimos os conceitos. E essa coisa toda, são duas línguas trabalhando ao mesmo tempo.
Aprender as tecnologias e metodologias necessárias para dominar a fluência dessas duas línguas, eis um dos grandes desafios com os quais os editores de livros terão que lidar nos próximos anos.