Marketing Digital

26 fev, 2014

Cade meu post? Escrevendo para robôs

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Em um mundo tecnológico com acesso cada vez mais fácil a diversos tipos de conteúdo, a informação passou a ser um alimento diário que é ingerido compulsivamente por boa parte das pessoas: games, tweets, a vasta massa de dados dos seus amigos nas redes sociais mais populares, como o Facebook, textos informativos… Tudo é informação. Ótimo, não? Nem tanto.

A internet é um exemplo vivo e rico de autonomia, tanto de quem lê, quanto de quem contribui; coisa que não acontecia em outras mídias populares como televisão e mídia impressa. Poxa, mas então qual é o problema? O problema é que para uma “bola de neve” de dados, é preciso utilizar filtros, separar os “frutos podres” dos saudáveis, e quem deve fazer isso é você mesmo, o que é uma tarefa trabalhosa.

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Há diversos fatores pelos quais se encontram conteúdos de péssima qualidade na rede. Para começar, a internet às vezes soa como um meio muito raso. Se discutem diversos assuntos, porém quase nada é abordado tão a fundo. E quando se discute, é quase sempre aquela visão quadrada, engessada, pouco fragmentada, de uma sociedade que respira senso comum, e que neste caso no máximo converge entre dois lados, como uma discussão entre o “sim” versus o “não”.

Ainda analisando este lado ruim da moeda, muitas vezes essas questões de informação na internet estão relacionadas ao dinheiro. Boa parte do que financia grandes portais de conteúdo por exemplo, são os anúncios. Além deste primeiro caso, temos também as empresas de serviços e agências de publicidade que vem apelando por novos clientes. Não é a toa que muitas delas estão em busca de profissionais que trabalham com análises e métricas.

Hoje em dia muitas dessas corporações, não veem o internauta ou o conteúdo em si em primeiro plano, mas sim,  os seus possíveis resultados, as taxas de conversões, o retorno financeiro. Ou seja, boa parte das pessoas não escrevem mais porque sentem vontade de fazer isso, mas sim, porque os robôs (buscadores do Google por exemplo) leem as informações. Se escreve primordialmente pensando no algorítimo, na máquina. É com base nisso que nos deparamos com aqueles posts apetitosos e muitas vezes duvidosos como “Veja os 10 melhores apps para você…”

Um exemplo deste descaso com o internauta está no caso do “The Huffington Post”, mencionado no livro “A dieta da informação” (recomendo fortemente). O livro faz uma crítica ao fato do portal ser uma “linha de produção” de conteúdo e de também fazer testes A/B, para saber qual título é mais aceito na web. Concluindo, os produtores de conteúdo da atualidade não tem nem a autonomia para decidirem os títulos de seus artigos mais! As métricas e resultados é quem decidem. Só espero que tal portal não tenha um daqueles papos sensacionalistas, de que prezam pela informação de qualidade para o público, ou que tem uma visão de opinião sobre os assuntos ali abordados.

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Outro caso em menor escala ocorre em meu próprio trabalho, onde a agência sempre lança novos posts. Neste cenário específico os funcionários têm uma data estipulada para escreverem seus artigos. Não querendo usar isso como pretérito, mas o que se percebe é que muitos destes funcionários não possuem tempo, ou mesmo gostam de escrever (o que não é problema algum). Eu pessoalmente gosto de escrever, ainda mais quando o público conversa, debate e mesmo critica de forma construtiva os assuntos apresentados – isso é de extrema importância.

Mas voltando ao assunto do trabalho, certo dia estava com um de meus artigos em mãos e mesmo querendo que o texto passasse para que terceiros revisassem, me pediram para enviar “assim mesmo”. Só depois de muita conversa consegui entrar em um acordo e entregar após as devidas revisões e alterações no texto. Então te pergunto, será que a quantidade, e a entrega, vale mais do que a qualidade?

Se você está em qualquer meio corporativo que não seja diretamente voltado a produção de conteúdo e não sentiu que seu texto está legal no momento, ou nem mesmo gosta de escrever tais artigos, recuse. Vou te dar dois motivos: talvez você mesmo não esteja de acordo com seu próprio conteúdo , e além disso estará assinando seu nome “ali em baixo”. Lembre-se disso.

E caso você seja um leitor, sugiro não ingerir tais conteúdos. Isso não é uma regra, mas meios que prezam a quantidade, normalmente não são veículos tão saudáveis. Não seja mais um daqueles que defendem a internet com unhas e dentes, e dizem que tudo nela é de confiança e ótima bagagem. Ou sendo mais radical ainda, um daqueles que evangelizam a Apple defendendo que seus “brinquedinhos” são as invenções mais perfeitas e revolucionárias do mundo.

Uma dica: reflita sobre a tecnologia e principalmente pondere algumas delas.