Eu estive no evento PHP Benelux, a conferência anual de PHP que acontece na Bélgica, Holanda e Luxemburgo, e percebi duas coisas sobre PHP nas quais realmente não tinha pensado antes. Chamo isso de Paradoxos PHP.

A caçada por trabalho

Na maioria das indústrias, é o empregado que convence o empregador de que ele/ela é digno de trabalhar na empresa.

No mundo PHP, é o empregador (mais precisamente as empresas) que precisam convencer o empregado (ou mais precisamente o desenvolvedor) de que a empresa é digna de seu tempo e dedicação.

Na tecnologia, são as empresas que devem persuadir os desenvolvedores a trabalhar para elas. Em qualquer outro negócio, é o contrário.

Eu realmente não presto muita atenção a esse pensamento. Mas, olhando para trás, passei todo o fim de semana do evento, com todos com os quais conversei, mencionando que nós estamos procurando desenvolvedores PHP. Que temos um lugar que é legal para se trabalhar. Como nós temos colaboradores remotos. Como temos guerras de armas nerf e batalhas de bolinha antiestresse. Como usamos Neo4j como nossa base de dados gráficos. Como temos desenvolvedores realmente inteligentes em nossa equipe.

Mas em muitos outros lugares, é o contrário. É o desenvolvedor que reivindica seus conhecimentos sobre frameworks, padrões de projeto, linguagens etc. Mas não em PHP. Na terra do PHP, as empresas colocam mais obstáculos no caminho do que os desenvolvedores PHP podem suportar antes de levá-los a bordo.

Por que não é assim em todos os setores? Não se trata apenas da falta de desenvolvedores PHP. A maior parte da indústria de tecnologia funciona assim.

Mas o setor de saúde tem uma escassez de enfermeiros e pessoal em geral e, mesmo assim, você os vê sendo tão ativamente recrutados? Eu nunca vi. O que faz com que o setor de tecnologia funcione de modo diferente?

Você não sabe de nada, John Snow

O keynote de encerramento foi apresentado por SaraMG, mais conhecida por seu trabalho duro no HHVM e no núcleo do PHP. Ela falou sobre as novas ferramentas que estavam em desenvolvimento para o PHP e sobre como o PHP7 poderia, teoricamente, ser. Ela cobriu principalmente características que seriam retiradas, e o que poderia aparecer em seu caminho no desenvolvimento do núcleo do PHP.

E então ela mencionou a análise estática de código on the fly.

Assim que o arquivo no qual você está trabalhando é salvo, ele é analisado e os erros de tipo (conversões de caracteres, ordenação incorreta etc.) já poderiam ser mostrados. Eu amei isso. Todo mundo adorou isso.

Eu estava todo empolgado e, no mesmo momento, um colega ao lado, sem conhecimentos profundos em PHP, disse: “Não entendo toda essa excitação… Isso tem sido comum no Visual Basic há anos, e não é assim ainda no PHP?”.

E ele estava certo.

Estou trabalhando principalmente com PHP, e isso me cegou. Meus pequenos esforços em Ruby e linguagens colaterais como JavaScript realmente não contam. PHP tem sido a minha linguagem dominante.

Mas se olharmos para outras linguagens, principalmente aquelas que não são voltadas para web, podemos ver todo um ecossistema de IDEs para desenvolvimento, ferramentas de depuração, compiladores, bibliotecas padrão etc., que são utilizadas para auxiliar essas linguagens. Pense em Visual Basic, C#, Java, .NET e muitas outras. Todas elas têm ferramentas que o PHP, mesmo depois de todos esses anos, não tem. E não me refiro apenas a IDEs.

Não há queixas dos desenvolvedores PHP nesse sentido. E eu não acho que alguém sente que esteja faltando alguma coisa que seja muito imprescindível. Mas será que isso acontece porque talvez não sabemos o que é melhor?

De qualquer maneira, isso me fez pensar em outras linguagens. Sobre outros ecossistemas de desenvolvimento com os quais a comunidade PHP pode aprender. Gostaria de dar a algumas outras linguagens uma oportunidade este ano e ver se alguns desses benefícios podem ser utilizados também para PHP.

Para muitos, o PHP é a linguagem de entrada para se tornar um desenvolvedor. Não deixe que ela também seja a saída.

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Mattias Geniar faz parte do time de colunistas internacionais do iMasters. A tradução do artigo é feita pela redação iMasters, com autorização do autor, e você pode acompanhar o artigo em inglês no link: http://ma.ttias.be/php-paradox/