Há seis anos o escritório brasileiro do W3C reúne gente de todo o País para debater a web. O que vem sendo feito, qual seu potencial e o que poderá acontecer no futuro são temas que vêm guiando as discussões da próxima Conferência Web.br. O momento da governança global da Internet é delicado, pois os grandes atores da indústria de tecnologia disputam influência cada vez maior sobre sua evolução para atender modelos de negócios pensados para consumidores e não para todos os usuários. No Brasil, temos uma excelente oportunidade para impedir que isso aconteça: estimular que todos acompanhem as tendências, opinem e contribuam para que a web do futuro continue a ser aberta, interoperável, colaborativa e livre; fiel às suas características originais.

Os mecanismos para preservar a essência da web compõem um debate que se faz cada vez mais necessário. Em declaração recente, Tim Berners-Lee, o criador da web e do W3C, afirmou que a web que ele deseja é aquela que não é fragmentada em um monte de pequenas outras, mas sim aquela que pode ser uma base para a democracia participativa e com dados que possam ser utilizados livremente. Definir a web que nós queremos é um dos maiores desafios. E não há momento mais oportuno para ampliar essa discussão: comemoramos em 2014 os 25 anos de sua criação e os 20 anos do W3C.

Você, que usa a web para compartilhar textos, ler, estudar, conversar com amigos, comprar e criar novos negócios, entende como ela é importante. E qual a diferença que essas três letras fazem na sua vida? Esse espírito livre, aberto e colaborativo da web estimulou muitos empreendedores a apostar na rede como local adequado para novos modelos de negócios sem fronteiras.

O concurso Web’s Got Talent reconhece e premia websites e aplicativos criativos no design, inovadores no modelo de negócio e que usem tecnologias abertas da web. O apoio aos padrões abertos é urgente porque eles garantem integração e interoperabilidade robustas e aumentam a sinergia dentro da cadeia de valor da inovação.

O W3C entende que o mercado de desenvolvedores de tecnologia e aplicações web deve considerar a emergência da web das coisas como a melhor plataforma para a Internet das coisas, na qual miríade de dispositivos trocam dados e interagem com os usuários. O mesmo vale para a convergência entre TV e web, num momento em que observamos a força e número de adeptos crescente aos serviços de streaming. E, ainda no campo da web aplicada a segmentos, não dá para tirar os olhos de duas novas tecnologias. A web automotiva cresce vertiginosamente como plataforma de serviços aos usuários de carro e pagamentos via web, especialmente por meio de dispositivos móveis, que tem demandado padronização para garantir interoperabilidade entre diferentes aparelhos.

Outros temas que continuam quentes dentro das discussões promovidas pelo W3C são o poder do SVG – Scalable Vector Graphics e o desenvolvimento front-end no Brasil e no mundo.

O W3C, que tem a missão de conduzir a web ao seu potencial máximo, está vivenciando um momento muito importante. Há uma clara tentativa das grandes corporações de tecnologia de criar muros que enclausuram usuários em nome de modelos de negócios mais competitivos. Esse fechamento fere os princípios originais do criador da web que compartilhou o seu conhecimento, e o abriu para a sua evolução e inovação.

A web é mais do que uma teia global de computadores. Ela é um ambiente de relações humanas, de serviços, de negócios e conhecimento compartilhado. O Marco Civil da Internet no Brasil surge nesse contexto para garantir aos cidadãos os direitos de acesso à informação, liberdade de expressão, neutralidade e privacidade na rede.

É cada vez mais urgente e, acima de tudo, um dever nosso se manifestar contra o controle da web por poucos e a favor da preservação da web que queremos: para todos, que funcione em qualquer dispositivo, em qualquer lugar, segura e confiável.

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