DevSecOps

25 jun, 2014

Internet das coisas: como começar?

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O tema “Internet das coisas” vem despertando mais e mais atenção. Já sentimos no dia a dia que é crescente o número de objetos (ou coisas) que estão se conectando à Internet. O interesse está cada vez maior (uma pesquisa com o termo “Internet of things” no Google Trends mostra isso claramente) e vemos que, embora com focos diferentes, muitas das grandes empresas de tecnologia estão criando iniciativas pesadas na área. Alguns exemplos são o Smarter Planet da IBM; a “Internet of Everything”, da Cisco; a “Industrial Internet”, da GE, e nos últimos meses os anúncios da Microsoft entrando neste campo, a aquisição da Nest pelo Google e no seu recente Developers Conference foi a vez da Apple anunciar sua entrada no jogo.  Já existe inclusive um buscador voltado a localizar qualquer dispositivo ou objeto conectado à Internet que é o Shodan.

É um mercado de grande potencial. Segundo o Gartner, em 2020 deveremos ter mais de 26 bilhões de dispositivos (excluindo da lista smartphones, tablets e celulares) na Internet das coisas. Esses dispositivos devem girar quase 2 trilhões de dólares na economia mundial, em tecnologias e, principalmente, serviços. Este é um ponto importante: não adianta termos milhões de sensores gerando dados, se não os tratamos e fazemos coisas inovadoras a partir deles – sejam novos processos, novos modelos de negócio ou mesmo criar novas indústrias.

O conceito, as tecnologias e principalmente as oportunidades possibilitadas pela Internet das coisas ou Internet of things (IoT) são importantes demais para não serem  alvo de atenção dos CIOs e demais C-level das empresas.

Primeiro vamos o conceito. A Internet das coisas deve ser vista como uma convergência de múltiplas “Internets”, a das informações (www), dos sistemas (aplicativos como e-mail, ERP, bancos e de empresas aéreas que se conectam aos clientes via Internet), das pessoas (nas mídias sociais) e, claro,  a dos objetos que se interconectam. O valor surge desta convergência quando objetos podem não só interagir entre eles, mas também com as pessoas, os processos de negócio e as outras “Internets”. Um automóvel conectado pode dirigir sem motorista, e sabedor da agenda dele, conduzi-lo aos locais que ele precisa ir. Pode interagir com a concessionária e automaticamente agendar uma revisão e depois de deixar o seu passageiro (o antigo motorista), ir até ela sozinho.

O vetor resultante desta convergência serão novos processos e novos modelos de negócio. Conectando objetos ao dia a dia das atividades executadas pelos processos de negócio, criamos um contexto de hiperconexão, possibilitando que o próprio processo passe a ser autônomo (ou quase), operando sem ou com quase nenhuma interferência humana.

Esta possibilidade pode e deve ser explorada em praticamente todos os setores de negócio, como saúde (hospitais), educação, transporte, engenharia, etc. Alguns exemplos começam a despontar como monitoração remota de prédios e casas conectadas (foco da Google e Apple), otimização do consumo de energia (smart grids), seguradoras criando modelos de negócio “pay-as-you-drive”, cidades inteligentes e por aí vai…

Já vemos exemplos bem interessantes de facilitar a conexão entre coisas e software, como a iniciativa OpenXC, criada pela Ford. Ela é uma API que permite conectar automóveis a dispositivos Android. Você pode com esta tecnologia customizar seu próprio veículo e ajustá-lo às suas características pessoais de utilização. Tem o potencial de criar um novo cenário de negócios. Você compra o carro de um fabricante e instala o software de gestão dele (inclusive assistente pessoal) de uma outra empresa.

Mas, e quanto ao papel do CIO neste cenário? O novo CIO – onde I deixa de ser Information e passa a ser Innovation -, tem como missão buscar a criação de valor da aplicação da tecnologia para o negócio, seja melhorando a eficiência (um processo hiperconectado é mais eficiente do que um que demande muita interação humana), seja criando novas fontes de receita. Em termos práticos, isso significa buscar constantemente identificar novas oportunidades de inovação nas empresas, e para isso deve estar muito mais entranhado nas operações e estratégias da corporação que  hoje.

A  IoT ainda está engatinhando. Temos muitos objetos conectados, mas em sua maioria eles ainda não mudaram a maneira de fazer negócios. Creio que o ponto de inflexão seja pelo fim da década ou início da próxima, quando além da quantidade de objetos ser de mais de 20 bilhões, é provável que o tráfego na Internet gerado por eles ultrapasse o gerado pelos seres humanos.

Por outro lado, existem muitos desafios. Um mundo mais hiperconectado é mais dependente da tecnologia e da Internet. Os riscos de ataques cibernéticos aumenta exponencialmente  e eventuais falhas na operação podem ser desastrosos, uma vez que muitos processos funcionarão sem interferência humana. As preocupações com segurança e privacidade passam a ser muito maiores que hoje.

É um cenário desafiador. TI deixa cada vez mais de cuidar de sistemas para entrar em um mundo novo. Em nuvem, analisando imensos e variados volumes de dados, com pessoas e objetos conectados full-time. Muda a maneira de pensar os sistemas e seu próprio posicionamento na empresa. Muda a exigência de capacitação e skills. Muda a arquitetura dos aplicativos e a forma de desenvolvê-los.

O fato incontestável é que a velocidade das mudanças é cada vez mais acelerada. Queiramos ou não os objetos inteligentes já estão se entranhando e se disseminando pelas empresas, pela sociedade, cidades e casas. E todos estes objetos tem o potencial de serem sensores gerando dados, interagindo e até mesmo negociando entre eles.

Então, vamos esperar o quê?