DevSecOps

10 mar, 2014

Impressão 3D e a revolução que ela causará no mercado

Publicidade

Praticamente toda atividade de uma empresa hoje tem um toque digital. A tecnologia está cada vez mais acessível, fácil de usar e intuitiva. Os usuários estão cada vez mais acostumados com seu uso, logo a TI tem que mudar drasticamente seu posicionamento. Não pode mais continuar a assumir o posto de pastor das ovelhas. Tem que se posicionar como alavancadora de inovações e não mais como simples atividade operacional, consertando erros de sistemas, e comprando e distribuindo servidores e laptops.

Aqui no Brasil, participando de muitas reuniões com CIOs vejo ainda um certo distanciamento de muitos deles em assumirem seu papel de inovador. As empresas brasileiras estão em um mercado globalizado e sua competição não é mais apenas com seus vizinhos mas com empresas estrangeiras que muito provavelmente já adotaram a estratégia digital em seus negócios. Infelizmente, devido ao baixo ritmo do nosso crescimento econômico nos últimos anos, muitas empresas adotaram uma linha de concentração quase que exclusiva em redução de custos. Mas, para competir no mercado global a inovação é fundamental e os CIOs têm um novo papel a ser assumido: liderar o processo de transformação digital e trazer inovação pela adoção de novas tecnologias – muitas delas que causarão rupturas no seu negócio e eventualmente no setor onde atuam.

Uma tecnologia que tem potencial de mudar drasticamente várias indústrias e que, portanto, deve ser no mínimo analisada com atenção é a impressão 3D. Conversando com alguns CIOs ouvi de vários que esta tecnologia ainda está muito longe. Será? O iPhone surgiu em meados de 2007 (menos de 7 anos atrás!) e mudou drasticamente a indústria de celulares. Supreendeu muita gente. O CEO da Microsoft, Steve Ballmer chegou a dizer que o iPhone não teria a mínima chance no mercado. Vejam neste link. O iPad apareceu em 2010 e os tablets, em poucos anos já estão dizimando a indústria de desktops e laptops. A computação em nuvem provocou uma reação incrédula do CEO da Oracle, Larry Ellsion, que disse em 2008, “Maybe I’m an idiot, but I have no idea what anyone is talking about“.

Enfim, embora executivos com vasta experiência na indústria achaem que determinada tecnologia não vai pegar, elas pegaram. Na minha opinião é o que está acontecendo com as impressoras 3D. Muitos executivos acham que ainda está distante e que no Brasil as suas chances são remotas. Discordo. Sugiro reanalisar este pensamento. Afinal, o próprio presidente dos EUA, Barack Obama, em fevereiro de 2013 disse explicitamente: “A once shuttered warehouse is now a state-of-art lab where new workers are mastering the 3D printing that has potential to revolutionize the way we make almost everything”.

A impressão 3D vai revolucionar o design e a manufatura de produtos. Pode possibilitar a geração do fenômeno da Cauda Longa para produtos físicos e não apenas para produtos digitais. Aliás, recomendo a leitura, para quem ainda não leu, do excelente livro “Long Tail” de Chris Anderson, que embora escrito em 2006, está super atualizado. Se aplicarmos este conceito a produtos físicos, com as impressoras 3D veremos que muitos produtos poderão se  tornar economicamente viáveis se substituídos por manufatura sob demanda e customizada, proporcionada pelas impressoras 3D, pelo método tradicional de produção em massa. Afinal, o crescimento do mercado reduz os preços das impressoras e a disseminação de softwares de desenho baseados no modelo open source vão baratear mais ainda os custos de design.

Vamos pensar alto sobre alguns setores que serão afetados. Que tal varejo, para começar? Com produção sob demanda poderão oferecer produtos customizados e evitar toda uma cadeia logística que envolve transporte e armazenamento. Produtos que envolvem plásticos, cerâmica, aço inoxidável e ligas de titânio podem ser produzidas na própria loja, em bureaus de serviço 3D.

Na indústria muitos produtos poderão ser vendidos diretamente aos usuários, para impressão em suas próprias impressoras. Com isso reduz-se o custo de fabricação, compra de matéria prima, distribuição, etc. Alguns produtos de produção limitada também podem ser produzidos por estas impressoras. Por exemplo, na indústria automotiva e aeronáutica muitas vezes é necessário fabricar equipamentos especiais para produzir determinadas peças. Estes equipamentos podem ser ‘manufaturados” por impressoras 3D. Também a produção de protótipos de peças e produtos específicos devem ser incluídos nestas amplas possibilidades. O exemplo da Nike é interessante. Na academia as impressoras 3D terão papel importante nas escolas de engenharia, arquitetura e artes plásticas, para citar alguns exemplos.

Mais à frente, na indústria médica, com a bioimpressão ou produção de órgãos humanos. Este é um caso onde provavelmente as questões éticas e legais serão mais discutidas que a tecnologia em si. Um exemplo do avanço tecnológico é a impressora criada na China, chamada de Regenovo, que produziu um lóbo de um figado humano.

Diante deste cenário, os CIOs devem, no mínimo, acompanhar de perto sua evolução tecnológica e a disponibilização da tecnologia aqui no país. Como o iPhone, tablets e computação em nuvem as impressoras 3D podem sair muito rápido de um acanhado nicho de mercado para uma ampla adoção pelo mercado. Não será nada bom ser surpreendido pelo CEO ou executivo de produção questionar porque a empresa não está usando 3D quando os concorrentes já estão…

Porque não começar a pensar onde as impressoras 3D poderão fazer diferença no seu negócio, ou no processo de desenvolvimento de novos produtos? E na criação e venda de produtos personalizados? Na criação de novos negócios, baseados no conceito da cauda longa, antes inviáveis em processos de fabricação em massa? A Shapeways criou uma plataforma para artistas criarem e venderem suas produções. Enfim, um CIO inovador não espera acontecer. Ele faz acontecer!