Carreira Dev

22 ago, 2013

O fim de todos os profissionais está próximo?

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Vira e mexe leio algum artigo “apocalíptico” falando sobre o fim de um determinado profissional em virtude do advento de uma tecnologia. Muita gente boa escreve sobre isso. Muita gente boa acredita nisso. Mas, e você, concorda com isso? Você já teve sua profissão extinta de uma hora pra outra?

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Sempre li artigos desse tipo e, mesmo em alguns casos não concordando com o que foi escrito, sempre respeitei as opiniões dos profissionais, pois acredito e defendo que o caminho é este: o do diálogo, do respeito e da discussão sadia. Mas tenho que confessar que não gosto de quem tenta de toda forma impor tendências ou definir modas. E atualmente existe uma “tendência” para que o desenvolvedor de software absorva as responsabilidades e habilidades de alguns profissionais que fazem (ou deveriam fazer) parte de um time de desenvolvimento. Isso é uma regra? Todos os times devem ser assim? Ainda existe espaço para os especialistas? O desenvolvedor deve resolver tudo?

“Automatização de testes decreta fim do testador de software” ou “DBA nunca mais com o recurso de ORM” são algumas das frases que já ouvi e li por aí, citando especificamente esses dois profissionais. Muitos realmente acreditam que não há mais espaço para eles em um time de desenvolvimento de software. Eu discordo. Para o especialista, e principalmente para o bom profissional, sempre há espaço. E sempre haverá. Na formação de um time, levando em conta meu orçamento, eu não abriria mão de ter profissionais que dominassem certos temas que fossem necessários para a realização do projeto. O que acredito que deveríamos discutir é o momento e/ou o nível de participação dos profissionais no processo de desenvolvimento.

Saindo um pouco de TI, vamos pensar no seguinte cenário: o motorista de ônibus que acumula as funções do cobrador. Ele consegue exercer as duas funções ao mesmo tempo? Sim. Sempre com qualidade? Não.

Sou de um tempo em que o profissional fazia de tudo um pouco, desde o levantamento dos requisitos, passando pela interface, pelo banco de dados, pelos testes até a entrega. Isso era bom? Não, não era, mas tinha quem conseguisse bons resultados dessa maneira. Os tempos mudaram? Certamente. Mas não mudaram apenas para alguns profissionais, mudaram para todos nós. Todos sofremos e vamos continuar sofrendo adaptações para melhorar nossas habilidades.

Certo dia, em uma discussão acalorada e respeitosa (não necessariamente nessa ordem) com alguns amigos, levantei essa questão e o papo rolou por muito tempo. Discutimos, discutimos, discutimos. Cada um defendeu seu ponto de vista e no final não chegamos a uma conclusão. Sabe por quê? Porque a realidade de cada time é diferente, e não existe um modelo ideal. Isso é um fato, mesmo muitos tentando de toda forma mostrar que esse modelo existe.

Desde que me entendo por gente, sei que o profissional que sabe uma série de disciplinas sempre teve o seu espaço, mas também sei o valor que um especialista tem em qualquer segmento. O que acontece hoje não é novo. O bom profissional sempre teve a visão de que era necessário acumular habilidades. Mas também sempre teve a responsabilidade de bater no peito e dizer qual era a sua especialidade. É importante saber quando o bicho pegar em um determinado ponto, a quem o time deve recorrer.

O fato é que automatização e modernidade não decretam e nem nunca vão decretar o fim do verdadeiro profissional, mas a acomodação e a soberba, sim.

Até a próxima.