Design & UX

28 jan, 2015

Converta seu time de UX em uma fazenda de unicórnios

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Um dos maiores desafios que uma equipe enfrenta, especialmente um time de UX, é a heterogeneidade de seus membros e o alto nível de especificidade nos seus papéis e tarefas dependentes deles, característica que limita em grande medida a agilidade do time. E, ainda mais importante, limita a visão macro do produto que a equipe toda deve perseguir. Em outras palavras, a escassez de unicórnios.

Analisando essa heterogeneidade, encontramos dois possíveis cenários: uma equipe piramidal ou uma equipe horizontal. No primeiro, a maioria dos membros tem um perfil similar, normalmente sua perícia está focada no design ou na arquitetura de informação, enquanto o ‘UX lead’ (normalmente um ‘generalista’ ou um ‘full-stack’) suporta todas as outras tarefas de inteligência. O segundo cenário é uma equipe horizontal, na qual há membros com habilidades específicas para cada papel e as tarefas de inteligência não estão centralizadas, o ‘lead’ não necessariamente é um ‘generalista’ ou ‘full-stack’, e seu papel está muito mais focado em ser um facilitador.

Sem importar qual seja a estrutura de uma equipe – cada produto encontra e evolui para a estrutura que melhor funcione -, a capacidade para executar tarefas sem ter dependência dos papéis é uma característica fundamental e uma vantagem significativa para qualquer grupo de trabalho. O problema é como chegar lá.

Acredito firmemente que as abordagens tradicionais a esse problema estão erradas. Quando uma empresa patrocina cursos para seus funcionários aprenderem novas ferramentas ou os envia para eventos internacionais, está enfrentando o problema a partir de um ângulo errôneo. O objetivo principal da maioria dos colaboradores que participam dessas iniciativas é melhorar seu currículo ou viajar de graça. Entendem a situação como uma oportunidade para crescer como indivíduo e, no melhor dos casos, durante o evento ou durante as semanas seguintes, vão gerar alguma ideia para aplicar o que viram no escritório. Mas essas iniciativas quase sempre não recebem o apoio necessário dentro da empresa e ficam em algum ‘board’ de ideias.

A melhor maneira de se criar um unicórnio não é pondo um chifre na testa de um cavalo, mas sim criar o ambiente adequado para que a mágica apareça. E se existisse uma opção para incentivar a aprendizagem de novas habilidades e ao mesmo tempo otimizar o produto, melhorar a interação do time de UX com engenharia e fomentar a visão e consecução de objetivos do produto?

Essa opção são os ‘AB Tests’. Uma ferramenta criada para otimizar um produto, que pode ser usada para criar o ambiente onde a mágica apareça. Esse é o exemplo perfeito de como uma faca poder ser usada como uma chave de fenda, não é seu objetivo original, mas funciona perfeitamente.

Ao fazer um ‘AB test’, é preciso conhecer um pouco de cada papel dentro da equipe de UX. Ao propor um teste, temos que saber como vai afetar o fluxo geral do comportamento e avaliar a usabilidade da funcionalidade proposta (AI). Depois devemos fazer o design da interface (*UI + ID) e garantir consistência visual no site. Uma vez finalizado isso, é preciso codificar a proposta visual (DEV) diretamente na plataforma de otimização e finalmente (Inteligência) definir as metas do teste, analisar os resultados e, o mais importante, deduzir e aprender a partir do comportamento dos usuários.

Levar isso a cabo interativamente é o que vai garantir a homogeneização progressiva das habilidades de cada membro, e os testes são efetuados sempre levando em conta os principais objetivos e metas do produto. Em outras palavras, sempre olhando a “Big Picture” do negócio.

Esse é um cenário onde um membro do time enfrenta um problema real, sai da sua zona de conforto, explorando habilidades que não possui (ou que pelo menos não é o forte dele), recebendo ‘coaching’ daqueles indivíduos mais experientes e com maiores conhecimentos. Até agora, essa opção parece suprir as necessidades de criar um ambiente em que o time adquire a autonomia necessária para não depender de papéis específicos. Ou seja: se converter em uma equipe de unicórnios.

Mas ainda teríamos o problema da motivação. Qual seria a diferença em relação ao foco tradicional que faria com que o indivíduo que participa da iniciativa não ficasse somente na ideia de melhorar seu currículo?

Usar os ‘AB tests’ para converter cavalos em unicórnios pode ser muito mais efetivo que os enfoques tradicionais porque é uma abordagem que surge da necessidade real dos membros do time. Ficaram para trás os dias em que um bom salário era sinônimo de permanência num emprego. Com a crescente quantidade de ‘millenials’ trabalhando em ‘startups’, é mais importante dar as ferramentas certas para garantir um trabalho significativo, garantir reconhecimento e quantificar o impacto no trabalho diário.

A motivação, nesse caso específico, está diretamente relacionada com a necessidade de sucesso do membro da equipe. Não há nada mais gratificante para alguém que trabalha com experiência do usuário do que ver como uma proposta levada a cabo afeta o comportamento dos usuários. Assim, um membro que possa medir, avaliar e tomar decisões baseado no comportamento do usuário vai ser exponencialmente mais valioso que um que termina seu trabalho ao mesmo tempo em que acaba sua entrega.

Na medida em que mais cavalos virem unicórnios e mais tarefas de inteligência e análise sejam realizadas, mais produtos e/ou funcionalidades serão criados com base no comportamento real do usuário e mais longe vai estar a equipe de UX de ser considerada uma ferramenta, de ser o time que executa para ser a equipe que propõe.