Design & UX

2 jul, 2015

Como avaliar um profissional de UX?

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Estamos passando por um período de grande crescimento na Concrete Solutions, e encontrar valores que preencham de forma adequada os gaps que se abrem é atualmente o nosso maior desafio. Isso porque existem muitos fatores que cercam esse caminho, como o mapeamento da necessidade em questão, o perfil social, humano e psicológico, a capacidade técnica, a relação custo x benefício, as expectativas em torno do novo profissional, e por aí vai.

No caso de UX, ou “user experience”, temos algumas peculiaridades principalmente pela expressão ter se tornado uma espécie de “febre”. Dentre os problemas que aparecem estão a não compreensão do quão ampla é a disciplina (eu prefiro chamá-la de metadisciplina) e o “modismo”, que faz com que os candidatos vejam uma chance de valorizar sua carreira sem nem mesmo entender exatamente o que é UX. Vamos tentar explicar melhor.

Para começar, o que é UX?

Experiência do usuário é algo que simplesmente existe, em toda e qualquer interação entre uma pessoa e qualquer ponto de contato com uma marca, sistema, produto, serviço ou até outra pessoa. E não, ela não é uma opção.

De modo simplista, o que podemos afirmar é que a experiência do usuário é determinada em níveis mais abstratos, escondidos à sombra da interface gráfica, local entendido equivocadamente pelo mercado como sendo onde o processo de fato acontece – muito embora seja aí na interface com o usuário que a conexão emocional se consolida.

De todo modo, o primeiro passo para avaliar um profissional dessa área é entender que UX é, como gosto de chamar, uma metadisciplina composta por uma cadeia de 7 disciplinas (pelo menos!) que atuam de forma integrada na busca por uma orientação holística.

Analista de Negócios, User Researcher, Arquiteto da Informação, Designer de Interação, Visual Designer e Analista de Usabilidade são algumas das disciplinas que comumente estão debaixo do guarda-chuva da UX – mas que definitivamente não encerram todas as possibilidades.

Como identificar um bom profissional

Quando falo em bom profissional, não me refiro à qualificação e nem ao nível de experiência, mas à identificação das habilidades adequadas.

Profissionais de UX têm origem em diversas áreas, como design, marketing, sociologia, psicologia etc. (lembre-se de que estamos lidando com uma metadisciplina) e, por isso, possuem variações no nível de conhecimento das disciplinas que compõem a UX.

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O ’T-Shaped Professional’ é aquele que tem um grande volume de abrangência de disciplinas (interligadas ou não), mas que possui conhecimento profundo em apenas algumas poucas e suficientes. Tipicamente, os bons profissionais de UX têm esse perfil.

Isso significa, portanto, que um UX designer pode ter profundo conhecimento em negócios e arquitetura de informação, mas não em user interface. Ou então um excelente designer gráfico e de interação pode não conseguir realizar pesquisas ou elaborar personas. Quem sabe até um ótimo analista de usabilidade e negócios não entenda patavinas de tipografia. As caracterizações de perfis profissionais são tão abrangentes quanto as combinações das disciplinas envolvidas.

Isso não significa dizer que não existem profissionais que tenham conhecimento profundo em todas as áreas, de forma alguma, apenas acredito que esses caras são extremamente difíceis de encontrar. Por isso, o primeiro passo antes de avaliar um profissional é saber qual a demanda que ele deve cobrir.

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Defina o trabalho

Antes de avaliar um profissional, é preciso entender o que ele precisa entregar. E isso varia de acordo com alguns fatores fundamentais, como: qual o tipo do projeto? A solução é multiplataforma ou ataca um dispositivo específico? Em que estágio está o processo? Ele deve validar hipóteses no discovery? Precisa gerar insights que darão forma ao backlog do produto ou trabalha com inputs de outros setores? Trabalha sozinho ou em grupo?

Em empresas de menor porte, nas quais se trabalha com times mais enxutos, normalmente a demanda gira em torno de um único profissional que se torna responsável por toda a abordagem holística da UX. Nesse caso, a entrega do UXer será excepcional, mas poderá atender satisfatoriamente à demanda apresentada, ainda mais se a sua atuação for mais segmentada, focada. Não é à toa que as grandes empresas de produto trabalham com perfis complementares.

Nesse caso, o segredo é mapear os perfis na empresa e buscar habilidades complementares, além de avaliar as demandas mais recorrentes e robustas para ter material humano mais rico nesse encaixe.

A senioridade de um profissional

O segredo aqui não é exatamente um grande segredo, afinal de contas, dentro de quase todas as categorias o processo deve ser mais ou menos o mesmo.

Histórico profissional e tempo de mercado são itens de extrema importância nessa avaliação mas, a meu ver, mais importante do que isso deve ser perceber o nível de conhecimento do UXer (e sua disposição em compartilhá-lo), capacidade de produção, qualidade de entrega e autonomia de trabalho. Esses são os fatores mais determinantes na percepção do nível em que se encontra o profissional. Além disso, a capacidade de defesa do projeto e suas decisões e fluência verbal e de pensamento contam bastante, uma vez que comumente é o profissional de UX o responsável por conduzir apresentações de entregáveis.

Conclusão

Para empresas pequenas ou que trabalham com times enxutos, os profissionais de UX devem ser os mais completos possíveis, mesmo que não possuam conhecimentos muito profundos em cada uma das disciplinas que compõem a UX. Todavia, casar perfis que sejam capazes de organizar fluxos e interatividade com perfis de design gráfico, pesquisa e análise de negócio pode ser uma solução bastante eficiente na busca por projetos de qualidade superior.