Carreira Dev

23 jan, 2017

Um olhar iniciante para a diferença entre as administrações gerencial e técnica

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O administrador de empresas brasileiro com formação apropriada, quando conceitua uma ideia e concretiza seu negócio em TI, com direito a todas as burocracias governamentais, não está preparado para lidar com aquele negócio. Ele pode ser experiente, ter fé em sua ideia, ter o mercado a seu favor, mas, ainda assim, não está preparado. Esta ausência de preparo deve-se, principalmente, ao recém-nascido mercado de TI no Brasil. As tentativas para as bandas de cá ainda engatinham, enquanto que em terras antigas sabe-se transportar aprendizados de uma tentativa bem sucedida para outra.

Qualquer ausência de atributos, no que tange as características de uma pessoa definida como apropriada para determinado cargo, deve ser tratada. Contudo, no caso do administrador que acreditou em sua ideia, nem sempre isso é verdade. Esta pessoa segue o que pede o mercado e as leis, já que não tem cacife para evoluir rapidamente. E toda esta cultura de obediência a uma entidade chamada mercado é seguida por todos os subordinados.

Apesar de conjunturas completamente diferentes, pequenas empresas e startups podem ter o mesmo início cru: uma ideia. E para colocar em prática esta ideia, não necessariamente forma-se um time que abrange todas as áreas que a burocracia de uma empresa exige. A maioria do time é técnica, porque o ataque à ideia e tirar dela todo o seu potencial é o interesse principal nesta fase. E é aí que, no mundo ideal, escolheria-se aquelas pessoas que são grandes profissionais técnicos, mas também têm um grande potencial psicológico para a administração gerencial, porque o objetivo é fazer desta ideia um grande negócio, não é mesmo? Mas como nem tudo são flores, não há tempo (nem dinheiro) para realizar um assessment psicológico com uma ideia prestes a ser implementada por um chinês da noite para o dia.

O que vai acontecer no futuro é uma incógnita. Depois de muitos anos com a empresa ganhando espaço e tendo seu nome divulgado, aquele mesmo time inicial estará presente, provavelmente. Mas nada é mais como no começo e algumas coisas precisam ser colocadas no eixo. Externamente, a empresa cresce. Internamente, ela cresce também, ainda mais. Aqueles profissionais da fase inicial, que colocaram a ideia para funcionar, possuem capacidade de manter o carro consumindo pouco combustível e entregando mais potência?

O que muitas vezes não é notado pelas diretorias da maioria das empresas é que os perfis das pessoas acabam se voltando para determinada área do conhecimento, seja ela prática ou conceitual. E em empresas pequenas é completamente compreensível esta falta de noção, uma vez que o surgimento das mesmas veio de uma atitude empreendedora, que inicialmente queria implementar uma ideia para até mesmo ajudar outras pessoas.

O conceito tradicional de empresa exige capacitação profissional. Mas nas últimas décadas, este conceito tradicional vem mudando completamente, o que faz mudar também essa exigência por treinamentos. O profissional pode buscar seu conhecimento, tanto em sua experiência como em capacitação externa, ele deve estar em contato com outros profissionais, não somente de cargos equivalentes. O profissional é uma empresa. Ele deve conhecer o mercado em que atua, para conhecer melhor seu lugar.

E, ainda além, o profissional deve saber dizer ‘não’ à empresa. Se lhe for oferecida uma promoção, mas ele não se sentir preparado, por que não dizer ‘não’? No caso do profissional aqui exposto, é um perfil com uma carreira interna já consolidada, sua resposta negativa não indicará qualquer negligência para com o crescimento da empresa. Sua resposta negativa, bem argumentada, só trará mais confiança à sua relação para com os diretores e/ou sócios.

Buscar a preparação psicológica necessária para gerenciar pessoas não é fácil. Liderar ainda é um verbo muitíssimo utilizado e pouquíssimo praticado. Ou a experiência traz uma bondade extrema, o que torna o líder pouco organizado e sem prazos, ou o medo de não saber liderar faz nascer um conceito de organização e disciplina que deixa o líder cego com relação a qualquer outra consideração interpessoal. E gerenciar assim não é liderar, não é crescer profissionalmente.

Há algum tempo surgiu um novo conceito de empresa, chamado de startup. São empresas que nascem rapidamente e conseguem, muitas vezes, bater de frente com grandes monopólios mundiais. Agora, sob um olhar iniciante, está em tempo de serem trabalhados os efeitos gerados por este recente conceito. Um deles é a nova forma de gerenciar pessoas e gerar líderes. Como aquele administrador, com formação apropriada e apenas uma ideia, conseguiria reunir um time que manteria por mais tempo uma empresa?