Carreira Dev

14 mai, 2015

Onde estão os desenvolvedores de nível pleno?

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Esse é uma pergunta que diversos profissionais têm feito nos últimos tempos, principalmente os que têm mais envolvimento com o “recrutamento” de novos membros para seus times. Um tanto quanto polêmica, foi assunto de diversas rodas de discussão e venho aqui dar meus dois centavos nessa discussão.

Você conseguiu contratar um pleno para seu time de desenvolvimento nos últimos dois anos? Ele(a) ainda está no seu time? Fico feliz por você, mas não é definitivamente a realidade para muitas empresas. O fato que mais tenho ouvido é que é relativamente mais fácil contratar um iniciante e/ou um desenvolvedor experiente – mas o pleno simplesmente não se encontra. Não há mais o profissional de experiência entre o iniciante e o especialista? Das duas uma: ou esse nível está tendo uma “vida” mais curta do que antigamente, ou os iniciantes estão virando experientes da noite pro dia.

A questão não está só no profissional. Desenvolvo profissionalmente desde 2001 e desde então há uma lógica bem clara no mercado: seniores são caros, juniores são baratos e plenos são o ponto entre esses dois. Uma empresa com poucos recursos contratava juniores esperando a experiência de plenos, plenos com a esperança da produção de seniores e raramente contratavam seniores – por anos, os bombeiros de todos os projetos. Conforme o labor de desenvolvimento foi se profissionalizando, somado ao fato de que muitos profissionais evoluíram em suas carreiras e tornaram-se gestores, a necessidade de software de qualidade era cada vez mais um requerimento para novos projetos. Com essa demanda, o nível profissional mais procurado passou a ser o com mais experiência.

De um tempo pra cá, houve um boom de empreendedorismo, e milhares de novas empresas pipocando todos os dias. Pense bem: você precisa colocar sua startup em evidência o mais rápido possível, seu MVP precisa estar pronto ontem e você tem “dinheiro” para investir em profissionais, quem você contrata? O Experiente claro! Então essas milhares de startups, somadas à todas as outras empresas de software, de consultorias a fábricas, querem os melhores profissionais. Milhares de anúncios de oportunidades enchem as listas à procura de profissionais experientes, promovendo um salário até maior que a média de mercado para chamar a atenção dos melhores e retê-los. Os iniciantes então são contratados para dar um gás no desenvolvimento sob as orientações dos “mais velhos” – a um custo baixo por desenvolvedor. E o pleno? Não seria também uma boa opção para agilizar o desenvolvimento? Sim, se fosse mais fácil encontrar esse profissional.

Eu vejo que houve um fenômeno em parte até cultural. Entre os iniciantes, estou me referindo aos profissionais em início de carreira, que estão aprendendo a linguagem, que sabem ler e compreender o código, mas que pela pouca experiência não dão conta (ainda) de levar um projeto de qualidade sozinhos. A tendência é que esse profissional em início de carreira seja “maturado” dentro da empresa até que ele possa ao menos tocar uma aplicação sozinho – o que nem sempre acontece. Não é só o custo, mas deveria fazer parte do trabalho deste profissional muito aprendizado – para a empresa e para ele mesmo. E foi o que aconteceu na maioria das empresas para as quais trabalhei e/ou prestei consultoria e/ou visitei. Exceto por raras inconveniências, um iniciante não deixa uma empresa ainda iniciante – ou pelo menos ele não se diz mais iniciante. Aí mora o problema.

Infelizmente, a maioria dos profissionais não se coloca no patamar que de fato está para se aplicar a uma oportunidade de trabalho. Em grande maioria, você deixa uma empresa com a expectativa de melhorar, evoluir na próxima. Nem que seja somente em questão salarial.  Normalmente, isso se reflete na busca por uma “patente” maior, de júnior para pleno, de pleno para sênior. Obviamente que isso precisa de dados mais precisos, e estou trabalhando para tê-los, mas está cada vez mais claro na amostra que tenho: profissionais que falam comigo a todo momento em eventos, redes sociais, círculo de amizade etc.

Ok, o problema está na mesa, mas qual a solução? Com certeza ela não vem da noite para o dia.

De um lado, um melhor trabalho de seleção. Desde não optar por criar uma vaga para um desenvolvedor iniciante, a não ser que a empresa esteja preparada para treiná-lo e evoluí-lo – nunca por questão financeira. De procurar de fato o profissional que é necessário para agregar valor ao time – iniciante, intermediário ou experiente. E os profissionais que devem se posicionar corretamente no mercado de acordo com sua experiência – aquela velha história do “seja sincero consigo mesmo”.

Creio em uma realidade simples: “Procuramos Desenvolvedor”, sem uma indicação de “nível”, deveria ser o suficiente para publicar uma oportunidade – com os detalhes de seu projeto para que oriente a quem se interessar. A gama de conhecimento e habilidades que compõem a experiência de um desenvolvedor é muito ampla ao meu ver para classificarmos em apenas três categorias. “Ah, mas como diferenciamos os salários dentro do time, para que não haja injustiças?” Cada um deveria, isoladamente, fazer a negociação salarial – você recebe seu salário pelo seu trabalho, não pelo de outra pessoa do time – mas isso é assunto para outro dia 😉

Em um próximo artigo, vou falar mais sobre relações trabalho em si e como deveríamos ser mais conscientes sobre nossa posição, o relacionamento com a empresa e negociação.

O que acha dessa situação? Acha que isso não está acontecendo de fato, ou é passageiro? Tem uma outra solução? Deixe seus comentários.

Até o próximo.