Desenvolvimento

31 out, 2014

Desenvolvimento Web com Software Livre… é possível?

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Muita gente não sabe, mas a internet como temos hoje só foi possível graças as filosofias de liberdade de software. Quando Tim Berners-Lee, um dos pesquisadores do MIT, idealizou o que poderia chegar a ser a internet mundial, fundou, em 1994, o W3C (World Wide Web Consortium), para garantir que os padrões da web seriam sempre abertos e baseados em tecnologias livres de royalites, a fim de que pudessem ser adotados por qualquer um, em qualquer lugar e para qualquer finalidade.

E foi justamente por esta e outras iniciativas baseadas nos primórdios do que seria o Software Livre, como a fundação da FSF (Free Software Foundation) por outro funcionário do MIT, que temos experimentado hoje o mundo globalizado e o vasto compartilhamento de conteúdo.

Porém o mundo não é a maravilha que parece ser. Como as gigantes da computação não conseguiram ganhar dinheiro com royalites de linguagens fechadas (se bem que algumas delas até tentaram, como foi o caso da Adobe, que “forçou” o uso do Flash na web durante muito tempo), e decidiram criar um verdadeiro paradoxo, desenvolvendo softwares proprietários para se programar em linguagens abertas, para uma web totalmente aberta.

Primeiro servidor web da história de internet
Primeiro servidor web da história de internet

Mas o que são os Softwares Livres?

O conceito de software livre foi desenvolvido em 1983 por Richard Stallman, fundador da FSF, após ter tido um problema com um driver de uma impressora Xerox e não ter conseguido acesso ao seu código fonte para corrigí-lo. Já o conceito de Open Source foi concebido posteriormente com a criação da OSI (Open Source Initiative).

Softwares livre são uma forma de manifestação de um software em que, resumidamente, permite adaptações ou modificações em seu código de forma espontânea, ou seja, sem que haja a necessidade de solicitar permissão ao seu proprietário para modificá-lo. Os softwares livres se diferem dos softwares abertos (open source) pois estes, apesar de também serem abertos e permitirem o estudo de seu código fonte, estão sob licenças que não respeitam as 4 liberdades do software livre:

  • Liberdade 0: liberdade para executar o programa, para qualquer propósito;
  • Liberdade 1: liberdade de estudar o software;
  • Liberdade 2: liberdade de redistribuir cópias do programa de modo que você possa ajudar ao seu próximo;
  • Liberdade 3: liberdade de modificar o programa e distribuir estas modificações, de modo que toda a comunidade se beneficie.

As filosofias de liberdade de software surgiram início da década de 80, quando o conceito de web e internet também estavam no início do seu desenvolvimento, com a “abertura” da ARPA para se tornar o que temos hoje como a Rede Mundial de Computadores (saiba mais sobre a história de internet aqui). Como comentamos antes, as ideologias de liberdade no campo da tecnologia influenciaram amplamente à concepção do que viria ser a internet, seja na liberdade das linguagens e protocolos até na liberdade de acesso, uma vez que durante os primórdios do seu desenvolvimento se entendeu que uma rede global de computadores não poderia ficar somente nas mãos dos órgãos de defesa dos EUA ou ainda de instituições de ensino e pesquisa.

Software Livre vs. Software Proprietário

Muita gente acha que ao se defender o uso dos softwares livres não se reconhece a qualidade e/ou importância dos softwares proprietários, e isso não é verdade. Existem softwares proprietários que são incríveis e muito funcionais, apesar de serem fechados. A grande temática do software livre (e aqui também podemos incluir os softwares open source) é a colaboração e o compartilhamento. No caso de softwares proprietários, o usuário só consegue utilizá-lo da forma como foi liberado. Não existe a possibilidade de se melhorar nada na aplicação, reportar um bug ou ainda estudar o código do software.

Outro ponto que devemos levar em consideração é o preço das licenças. Uma micro empresa de desenvolvimento web que quer andar na lei (muita gente ignora isso mas pirataria é crime!) gasta anualmente em média 20.000 reais em licenças de software, sendo que a grande maioria das demandas (e por que não dizer todas?) poderiam muito bem serem feitas utilizando softwares livres.

Até aqui tudo bem, mas quais as opções de software livre que eu tenho?

Vou apresentar a vocês alguns softwares livres e open source para desenvolvimento web. Todos eles estão disponíveis para Windows, Linux e OS X. Vamos lá:

NetBeans

O NetBeans é um ambiente de desenvolvimento integrado (IDE) gratuito e open source desenvolvido pela Oracle para desenvolvedores de software nas linguagens Java, C, C++, PHP, Groovy, Ruby, entre outras. Ele oferece aos desenvolvedores ferramentas necessárias para criação de aplicativos multiplataforma profissionais para Web, Desktop e Mobile.

Interface da IDE NetBEans
Interface da IDE NetBEans

Eclipse

O Eclipse é um IDE open source para desenvolvimento Java, porém suporta várias outras linguagens a partir de plugins, como C/C++, PHP, ColdFusion, Python, Scala e plataforma Android. Atualmente faz parte do kit de desenvolvimento de software recomendado para desenvolvedores Android.

Interface da IDE Eclipse rodando no Ubuntu
Interface da IDE Eclipse rodando no Ubuntu

Zend Framework

O Zend Framework é um framework para aplicações Web, orientado a objetos, implementado em PHP 5 e licenciado sob a New BSD License. Zend Framework—freqüentemente referido como ZF—é desenvolvido com o objetivo de simplificar o desenvolvimento web enquanto promove as melhores práticas na comunidade de desenvolvedores PHP.

Zend Framework 2
Zend Framework 2

Blue Griffon

O BlueGriffon é um software livre WYSIWYG, multiplataforma, destinado a edição HTML. Ele está em conformidade com os padrões web estabelecidos pela W3C e pode ser usado para criar e editar páginas em HTML 4, XHTML 1.0, HTML 5 e XHTML 5. Ele suporta CSS 2.1 e todas as especificações do CSS 3 já implementadas pelo Gecko. O BlueGriffon também inclui editor SVG, um editor XUL baseado em SVG, que era originalmente distribuído como um add-on para Firefox e foi adaptado para BlueGriffon.

Editor WYSIWYG Blue Griffon, conhecido como o "Dream Weaver do Linux"
Editor WYSIWYG Blue Griffon, conhecido como o “Dream Weaver do Linux”

Brackets

O Brackets é um editor open source para HTML, CSS e Javascript com um foco primário em Desenvolvimento Web. Ele foi criado pela Adobe Systems, licenciado sob a licença MIT, e é atualmente mantido no GitHub.

Apesar de um projeto novo, o Brackets já tem demonstrado que "veio pra ficar"
Apesar de um projeto novo, o Brackets já tem demonstrado que “veio pra ficar”

Bom pessoal por hoje vamos parar por aqui. Em um próximo artigo vou falar sobre os poderosos CMS e as as incríveis coisas que podemos fazer com ele na web.

Fiquem à vontade pra comentar abaixo. Até a próxima!