Desenvolvimento

6 out, 2016

Computação cognitiva na telecomunicação e mídia & indústria de entretenimento – Parte 01

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Está previsto que a computação cognitiva será um mercado de US$ 2 trilhões ao longo da próxima década, e as empresas estão pesquisando sobre como elas poderão incorporar a computação cognitiva para melhorar a sua base. Desenvolver uma solução cognitiva empresarial muitas vezes inclui a implementação da tecnologia emergente com vários serviços que utilizam diversos dados, de modo que a implementação pode ser um desafio.

Nesta série, vamos explicar como projetar e implementar uma solução cognitiva complexa. Discutiremos a necessidade de uma plataforma cognitiva que pode formar a base para a solução, e forneceremos exemplos de aplicações que podem rodar nessa plataforma. Nossos exemplos irão se concentrar em telecomunicações e mídia & indústrias de entretenimento, mas podem ser aplicados a outras indústrias. Vamos mergulhar em alguns casos de uso para ilustrar serviços cognitivos fundamentais e componentes de software que são necessários para a implementação. A chave para o sucesso da implementação de uma solução cognitiva é a integração com os sistemas existentes, por isso vamos discutir alternativas de integração. A série terminará com fatores mais importantes, tais como governança, metodologia e desafios encontrados. Neste artigo, o primeiro da série, forneceremos uma visão geral de computação cognitiva e daremos exemplos de telecomunicações e mídia & indústrias de entretenimento.

O que é computação cognitiva

Hoje, temos sistemas que podem fornecer conhecimento exato e em tempo real, o que lhe permite tomar decisões estratégicas em vários campos, como ciência, jurídico, fiscal e financeiro. Esses exemplos incluem:

  • Sistemas que permitem que as seguradoras melhorem a prática de soluções de subscrição e ajudem seus profissionais a tomar decisões mais bem informadas e terem maior precisão no custo-benefício;
  • Sistemas que podem se envolver com os clientes, conversar com eles em linguagem natural, e cumprir suas intenções;
  • Sistemas que podem ajudar os profissionais de saúde a tomar decisões melhoradas sobre cuidados e tratamentos.

Esses exemplos são apenas a ponta do iceberg em termos do que é possível com computação cognitiva. Computação cognitiva representa uma nova geração de sistemas computacionais que são construídos para aumentar, acelerar e escalar a experiência humana, permitindo uma nova era genuína de colaboração homem-máquina.

Nós definimos sistemas de computação cognitiva como sistemas que são capazes de entender, raciocinar e aprender. Em outras palavras, sistemas que podem determinar o significado de entradas de dados estruturados e não estruturados, baseados em texto ou sensoriais, interpretando contexto e classificando os dados como informações ou conhecimento. Esses sistemas usam entradas de dados e demonstram inteligência para formar hipóteses, considerar os argumentos e priorizar sugestões. Por último, esses sistemas são capazes de aprender continuamente, acumulando dados e insight por meio de interações humanas. Sistemas cognitivos não são programados, mas são treinados, eles adquirem conhecimento através da experiência e, assim, melhoraram com o tempo.

Interação humana e parceria são fundamentais para a tecnologia e a filosofia da computação cognitiva. Sistemas experientes mais antigos requerem regras codificadas e árvores de decisão que poderiam fornecer apenas as respostas às perguntas previamente identificadas. Sistemas cognitivos constroem sobre os conhecimentos, e aprendem a terminologia, os processos e os padrões de um domínio de interação através de comunicação com especialistas humanos. Esses sistemas não estão programados, mas representam hipóteses baseadas em padrões de dados e probabilidade. Por sua vez, os sistemas cognitivos podem, então, fazer recomendações, fornecer insights e sugerir descobertas.

Por exemplo, a plataforma IBM Watson pode processar milhões de documentos, lendo 800 milhões de páginas por segundo. Embora seja possível aprender, descobrir e tomar decisões, a explosão digital de conteúdo faz com que seja impossível, para nós, compreender tudo isso. Quando um massivo poder de computação é aplicado aos vastos e diversos produtos de conhecimento avançado, os sistemas cognitivos nos ajudam a encontrar correlações que não conseguiríamos achar, tirar conclusões baseadas em dados e observar detalhes críticos que antes eram impossíveis de localizar ou interpretar com sucesso. Dessa forma, os sistemas cognitivos agem como um sistema de apoio à decisão e à descoberta.

Para ativar a interação humana natural com esses sistemas, a plataforma IBM Watson tem inúmeras capacidades, incluindo:

  • Reconhecimento de imagem e fala;
  • Profunda compreensão de texto;
  • Detecção de emoção e expressão;
  • Ferramentas de tradução;
  • Extração de relações.

Esses recursos ajudam com o entendimento das ações entre as entidades e a compreensão dos indivíduos e das suas necessidades de comunicação específicas. Por exemplo, CogniToys Dino é um brinquedo educativo para crianças construído pelo Watson que incentiva a aprendizagem e a diversão por meio de um diálogo interativo. Ao ouvir e observar as crianças que interagem com o brinquedo, ele pode se adaptar à idade e às habilidades educacionais da criança, é capaz até mesmo de adaptar a sua personalidade para crianças com necessidades especiais.

Sistemas cognitivos também usam análises visuais e técnicas de visualização de dados. Essas técnicas exibem dados de maneiras visualmente atraentes e não dependem apenas da compreensão da linguagem, mas também da comunicação gráfica. Cor, tom, linguagem e figuras matemáticas são todas as formas em que o Watson pode entender e se fazer entender. Esses sistemas fundamentalmente compreendem, raciocinam, aprendem e interagem com os humanos naturalmente.

Em suma, as tecnologias cognitivas amplificam a cognição humana: reúnem escalas massivas de fontes de conhecimento distintos, raciocinam por meio de pesquisas específicas de domínio e adquirem novos conhecimentos através da experiência. O sistema pode, então, recorrer ao seu conhecimento armazenado, identificar conexões que informam descobertas, e interativamente orientar decisões, tudo em um contínuo loop de feedback da interação e da participação humana.

Uma nova era cognitiva

É óbvio que o mundo vai mudar com a adoção e o avanço das tecnologias cognitivas. Todas as indústrias e organizações serão capazes de usar essa tecnologia no que diz respeito a:

  • Crescimento incessante dos dados de produtos digitalizados e conectados (e o poder computacional para entender esses dados);
  • A economia API, onde algoritmos de aprendizagem de máquina e capacidades analíticas são incorporados em aplicações móveis ágeis e fundidas com o desenvolvimento em nuvem;
  • A demanda por novos modelos de negócios como resultado da transformação digital, especificamente a pressão de empresas “nascidas na web” e da “economia compartilhada” que revolucionaram a experiência do cliente e suas expectativas.

Em meio a essas mudanças, os sistemas cognitivos são cruciais para uma empresa de sucesso. Essas capacidades são a chave para permitir novos tipos de engajamento do consumidor, construção de melhores produtos e serviços, melhoria de processos e operações, tomada de decisões baseadas em dados e melhoria da experiência.

Para impulsionar a adoção de computação cognitiva,o IBM Watson está disponível como uma plataforma de desenvolvimento de software aberto. Suas APIs são blocos de construção para a tecnologia cognitiva e o IBM Bluemix e a Watson Developer Cloud oferecem suporte para implementações de desenvolvimento rápido para você experimentar, prototipar, obter feedback do usuário, publicar, refinar e interagir. Esses sites oferecem SDKs, demos, amostras de código, uma galeria de apps, um fórum de discussão de desenvolvedores, recursos de aprendizagem e links para eventos ao vivo para ajudá-lo a aprender a usar essa tecnologia emergente. Hoje, existem mais de 10 mil aplicativos em teste, experimentação ou produção que suportam 3 mil milhões de chamadas de API por mês. Isso significa que o poder transformador das tecnologias cognitivas não é apenas acessível, mas já é cada vez mais onipresente.

Há muitos exemplos que mostram como esses recursos podem mudar nossas vidas, alguns um pouco mais extravagantes que outros. Por exemplo, Edge Up Sports ajuda os jogadores em um campeonato fictício de futebol a reduzir o seu tempo de pesquisa e tirar proveito de recomendações baseadas em evidências na tomada de decisões sobre as suas equipes. Orrecco está usando Watson para treinar atletas de elite, através da combinação de dados de teste fisiológico, dados de biomarcadores e dados sobre a alimentação de um atleta e seu sono. A aplicação produz um programa de treinamento individualizado que pode prever lesões, recomendar o nível de intensidade de um treino, recomendar repouso e recuperação ou, até mesmo, otimizar horários de sono em viagens.

Na área da saúde, o Watson aconselha médicos e dá suporte para descobertas científicas. Na pesquisa, tecnologias cognitivas tornaram possível usar dados de mapeamento genômico para combinar indivíduos a ensaios clínicos específicos. Watson Discovery Advisor lê centenas de revistas e encontra conexões na literatura que foram previamente negligenciadas por pesquisadores e guia os cientistas para novas descobertas. No cenário clínico, o Watson for Oncology pode analisar a informação médica de um paciente e identificar recomendações de tratamento baseadas em evidências adequadas para o paciente individual. Por exemplo, os médicos recentemente usaram o Watson para analisar o caso de um paciente com leucemia. Todos os tratamentos tinham se provado ineficazes, e as equipes de médicos tinham lutado por meses para tratar eficazmente esse paciente, já que sua condição havia se tornado crítica. Em 10 minutos, o Watson cruzou referências da sua condição contra 20 milhões de registros oncológicas e identificou o problema: o paciente tinha uma forma diferente de leucemia da que foi diagnosticada, e foi necessário um tratamento diferente.

O IBM Watson trouxe tecnologias cognitivas em conjunto para formar consultores especializados, não só para médicos e investigadores na área da saúde, mas em outras indústrias também. Softbank e IBM firmaram uma parceria para criar o Pepper, um robô emocionalmente astuto que pode servir como um assistente de vendas de varejo ou um assistente pessoal em casa. A Local Motors estreou o Olli, um miniônibus autolocomotivo que opera através de uma interface alimentada pelo Watson: “Olli, você pode me levar centro da cidade?” ou “Qual dos restaurante nas proximidades você recomenda?”. Em um ambiente de desenvolvimento, o Watson é construído como uma experiência imersiva – como uma parede interativa, ou espaço cognitivo. Durante as reuniões, ele pode rastrear quem está falando, o que estão dizendo e até mesmo como eles se sentem, de modo que possa inteligentemente contribuir com fatos e sugestões que ajudarão na discussão e na resposta a algumas perguntas. Ele também pode exibir gráficos e tabelas que podem ajudar os participantes a compreenderem os dados que estão sendo apresentados.

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Na próxima parte, conheceremos exemplos da computação cognitiva.

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Swami Chandrasekaran faz parte do time de colunistas internacionais do iMasters. A tradução do artigo é feita pela redação iMasters, com autorização do autor, e você pode acompanhar o artigo em inglês no link: https://www.ibm.com/developerworks/library/cc-cognitive-media-telco-trs/index.html. Artigo feito junto com Mathews Thomas, Janki Vora, Christine Dee, Utpal Mangla, Neena Sathi e Dr. Arvind Sathi.