APIs e Microsserviços

2 nov, 2016

Open Platform – conheça as vantagens de se abrir a essa ideia

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Em meados de 2010, o Mercado Livre estava prestes a tomar uma grande decisão: desacoplar o código-fonte do seu marketplace, criando uma plataforma aberta. Nessa época, o site já era um gigante do setor, e essa mudança foi decisiva para o negócio continuar crescendo.

Existem prós e contras na transformação de uma plataforma monolítica em uma plataforma aberta, por isso alguns pontos devem ser colocados na balança. De um lado, há a questão da performance: é dito que uma plataforma monolítica tem melhor performance, o que não é necessariamente real, pois tudo depende de como essa plataforma é desenvolvida. Por outro lado, uma reconhecida vantagem do modelo Open Platform é a escalabilidade. Seguindo com a avaliação, ainda vemos que o modelo monolítico garante um maior controle sobre a plataforma. Porém, do lado de uma plataforma aberta há a flexibilidade.

No caso do Mercado Livre, entre os pontos negativos de ter uma plataforma monolítica estava o fato de que uma única atualização levava cerca de uma semana para ser feita, o que já comprometia a competitividade da empresa no mercado. E, com o passar dos anos e o crescimento contínuo do site, mais pessoas entravam para a equipe, e mais complicado se tornava programar o código-fonte.

Depois de muita análise e esforço, e como consequência de um plano de ação bem executado, em meados de 2011, a API do Mercado Livre estava pronta, disponível em uma plataforma aberta. Além de solucionar as questões citadas acima, a partir de então, as lojas virtuais já existentes passaram a se integrar e anunciar seus produtos dentro do Mercado Livre, simplesmente espelhando seus anúncios, e gerando mais lucro para as lojas e também para o Mercado Livre.

Como diz Daniel Rabinovich, CTO do Mercado Livre: “nós comemos o mesmo peixe que vendemos”. Ou seja, o Mercado Livre utiliza em seu marketplace – no front-end, no app mobile e no back-end -, a mesma API que é aberta ao público e que é utilizada por desenvolvedores independentes. Com a API disponível, a equipe de desenvolvimento do Mercado Livre foi segmentada, cada qual responsável por uma funcionalidade específica e com atuação independente. Desse modo, cada time trabalha de maneira focada e bastante eficiente, visando à melhoria contínua da funcionalidade.

A API do Mercado Livre é RESTful. Essa escolha se deu pela simplicidade e facilidade de ser utilizada em qualquer dispositivo que interprete HTML. Ao colocar num browser qualquer, por exemplo, a URL https://api.mercadolibre.com/users/21471498, o retorno pode ser analisado por qualquer pessoa, mesmo leiga em tecnologia. O site da comunidade MELI Developers (developers.mercadolibre.com) traz esses e outros detalhes técnicos sobre a utilização da API e a indicação de SDKs para diversas linguagens que facilitam ainda mais o desenvolvimento.

Além de toda essa simplicidade, outra vantagem que atrai milhares de integradores à comunidade é a possibilidade de monetização, isto é, a possibilidade de gerar receita utilizando a API. Sem pagar absolutamente nada por isso. No catálogo apps.mercadolibre.com, estão disponíveis diversas aplicações certificadas pelo Mercado Livre, criadas por esses desenvolvedores. Aplicações essas que geram monetização para os desenvolvedores, facilitam a vida dos vendedores que as adquirem e agregam muito valor ao ecossistema do Mercado Livre.

Enfim, a experiência desses anos mostra que a decisão de abrir a plataforma levou a empresa a trilhar estradas acidentadas e caminhos tortuosos. Mas foi passando por essas mesmas estradas e caminhos tortuosos que o Mercado Livre pavimentou seu futuro promissor. Hoje a empresa caminha a passos largos e não segue sozinha. Todos os usuários do seu ecossistema de serviços e de sua API, sejam vendedores, compradores ou integradores, colhem os frutos desse esforço e da inovação gerada a partir dele.