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12 jan, 2015

A sociedade data-driven e nossa vida pessoal

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Recentemente descobri um artigo muito interessante, de 2010, no New YorkTimes, entitulado “The Data-Driven Life”. Ele dá uma boa visão de como os dados podem mudar muito nossa percepção sobre nós mesmos e até quebrar intuições muito arraigadas. A partir daí comecei a pesquisar e descobrir muitas informações sobre como dados podem influenciar nosso dia a dia.

Um exemplo de empresas que utilizam conceitos de big data são os sites de relacionamento e eles fazem pesquisas interessantes que mostram como pouco a pouco os dados começam a revelar caraterísticas dos comportamentos pessoais. O Match.com, um dos mais conhecidos sites de relacionamentos, desenvolveu um algoritmo sofisticado para aproximar melhor eventuais futuros pares. Vale a pena ler o artigo “Inside Match.com”. Mas sites de relacionamento enfrentam um desafio, porque ao contrário de um algoritmo de recomendação como o da Amazon, que indica um certo livro, no site de relacionamento o livro teria que gostar de você também. A questão é que embora o Match.com tenha acesso a um grande volume de dados sobre usuários (mais de 75 milhões registrados desde sua fundação em 1995) ele não consegue “fechar o loop”, ou seja, não sabe se os relacionamentos sugeridos deram certo ou não. Esta falta de feedback dificulta enormemente o refinamento do algoritmo. Um algoritmo  preditivo que consegue “fechar o loop”, ou seja, obter feedback  não consegue ser aprimorado e provavelmente embute muitas falhas incorrigíveis.

Um outro ponto interessante que me chamou atenção é que embora os sites de relacionamento possam obter muitas informações, muitas não são confiáveis (algumas pessoas exageram na altura ou caraterísticas pessoais consideradas positivas) e apenas constituem uma pequena parcela do total de informações que nós, seres humanos, usamos na escolha de um(a) parceiro(a). Uma conclusão óbvia é que os algoritmos podem ser tão bons quanto os dados que os alimentam. Se dados críticos inexistem, os algoritmos, por mais sofisticados que sejam, são praticamente inúteis. É essencial ter um conjunto completo e válido o suficiente de dados para que os algoritmos funcionem adequadamente.

Mas falando em relacionamento, temos o Facebook que conhece mais sobre nós que nós mesmos… Uma pesquisa feita por especialistas e pesquisadores da Cornell e do Facebook se propõe a mostrar a probabilidade de um casal se separar. Vale a pena ler a pesquisa na íntegra – aqui você encontra um resumo. Na prática, o conhecido conceito dos seis graus de separação reduziu-se com o Facebook. Um estudo mostrou que entre os usuários da rede social o nível de separação cai para 4,74. É, o mundo está mais próximo… Em redes mais restritas, como os círculos profissionais oferecidos pelo Linkedin, o grau de separação é ainda menor.

O impacto que a tecnologia, big data e plataformas sociais causou no nosso comportamento e hábitos sociais não pode ser menosprezado. Uma parcela significativa das pessoas passa mais tempo socializando online do que em contatos pessoais. Até onde estas tecnologias nos levarão em termos de mudanças nos nossos hábitos sociais? Difícil de dizer… Temos que lembrar que o Facebook tem apenas 10 anos (fez aniversário em fevereiro de 2014). Ainda é pouco tempo para termos uma visão mais precisa e científica de seus impactos na sociedade. Mas indiscutivelmente ele impulsiona o que chamamos de capital social. Nos relacionamentos, pesquisas mostram que antes de um encontro os envolvidos fazem pesquisas no Google um sobre o outro. É um hábito normal dos tempos atuais. Deixamos a cada instante uma pegada digital sobre o que fazemos, quando fazemos e como fazemos, pois cada vez mais estamos entranhados no mundo digital. Recomendo a leitura de um artigo interessante, “A day without data” que mostra que é impossível passarmos um dia sem gerar dados. E mesmo que conseguíssemos, o fato de não gerarmos dados é um dado por si. Sim, já vivemos em um admirável (?!) mundo novo!